Capítulo XII

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Amanhã...

Esfregando os olhos cuidadosamente, mantinha o olhar fixo em seu reflexo no retrovisor, agradecendo pela alta cobertura da maquiagem ser capaz de tapar suas olheiras. Respirando fundo, passa as mãos pelo cabelo antes de retomar a postura, cruzando as pernas e descansando o corpo no banco acolchoado.

- Está pronta? - Christopher pergunta de forma atenciosa, apertando as mãos no volante, enquanto encara profundamente os olhos dela. Era uma vã tentativa de tentar decifrá-la, para ele, Dulce sempre seria um mistério. Sua postura era séria, assim como seus olhos castanhos revoltos em pura nebulosidade.

- Sim. - Ela responde decidida, apertando o cinto de segurança ao redor de seu corpo.

- Certo. - Uckermann suspira, dando mais uma olhada no GPS antes de dar partida com o carro. Estimada para mais ou menos três horas e meia, a viagem deixava transparecer a inquietude de ambos. O nervosismo e ansiedade, que Christopher sentia ser muito maior em si, que na mulher tranquila ao seu lado.

- O que foi? - Dulce corta o breve silêncio ao notar seu frequente olhar mal disfarçado.

- Estou ansioso. - Ele responde sinceramente, como de costume. Dul não diz nada, encara os olhos dele por mais alguns segundos e delicadamente, apoia a mão em seu ombro tenso.

- Você, ansioso? - Ela pergunta com um sorriso brincalhão, fazendo com que Christopher sorrisse junto, contagiado.

De fato, olhar para ela naquele momento, fez com que se sentisse levemente mais calmo.

- Sim, senhora. Diferente de você, eu tenho um coração, Dulce. - Ucker brinca, reprimindo uma risada. - Uma alma!

- Aposto que está tão vazia quanto seu cérebro. - Ela dá de ombros, ousando em dedilhar suavemente a coxa de Uckermann, antes de retornar a mão até o colo. Travando o maxilar, ele engole em seco em surpresa pelo toque. - Se acostume. Vão ser necessárias várias gracinhas para ganharmos a confiança de Alfonso.

- Nem me venha falar de capacidade intelectual, viu, herdeira! - Ignorando os últimos comentários dela, ele responde com deboche apenas a primeira frase.  Fazendo Dulce contorcer o rosto em uma expressão surpresa e desgostosa, ao parar em um sinal vermelho. - Não faça essa cara. - Christopher gargalha, sentindo o peso do olhar bravo dela.

Se virando para frente, Dulce cruza os braços, fixando o olhar na estrada.

- Vai fazer greve de silêncio agora? - Ele ri mais ainda, puxando o freio de mão. - Tudo bem Dulce, eu admito. Você deve estar apenas um pouquinho abaixo do meu nível. - Encontrando o olhar dela ora ou outra, Christopher sente o rosto arder em sua própria bobeira.

- Como a atual de Poncho te aguentava? Sério, não faz sentido. - Dul pergunta inconformada, sem conseguir ficar calada por muito tempo, encolhendo-se no banco.

- Você não gostaria de saber. - Christopher dá de ombros, agora assumindo um sorriso pervertido. No mesmo momento, Dulce abre a boca, soltando um soluço surpreso. - Calma, é brincadeira! - Ele tenta se retratar, entretanto, ela já não escutava mais nada. Fora tomada pelas imagens que se formavam em sua cabeça. Assim como o misto de curiosidade e súbito impulso, que do mesmo jeito repentino aparecera, Dulce fazia questão de enterrar.

- Tanto estudo e continua sem classe. - Ela responde constrangida, desligando o ar-condicionado do automóvel e abrindo a janela rapidamente. Respirando fundo ao receber o vento em seu rosto, balança a cabeça levemente, na intenção de se livrar dos pensamentos inapropriados com o irmão de sua melhor amiga.

- Desculpe, você está certa. - Uckermann admite. - Não queria te deixar com essa carinha. - Ele sorri, fazendo com que ela ficasse ainda mais vermelha. - E pode ficar tranquila, não vou te decepcionar na festa, sei ser educado.

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