Cidade Escavada

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/ LILYANA \

Já fez alguns minutos que eu encarava o espelho. Nualla havia me dado um lindo vestido para aquele dia, na parte superior da cintura era justa, uma segunda pele de renda que tinha um valor entre os seios, deixando um V emoldurado nos ombros e descendo menos cobertos pelos braços, uma saia de tecido chiffon negros com uma fenda lateral comeu como coxas. O vestido era lindo, o mais lindo que eu já havia vestido em toda a minha vida. Mas, olhando no espelho, eu só via uma criatura que, em vez de controlar seus poderes, havia se transformado em um animal e rugido, aquilo ainda ecoava na minha cabeça, era pior que os rugidos dos lobos, era o meu.

Desci as escadas de casa calmamente me deparando com minha mãe, que vestia uma segunda pele negra que tinha uma leve saia descendo abaixo dos joelhos, como eu ela tinha uma linda coroa de tranças com jasmins da noite decorando-a. Tia mor estava com um de seus vislumbrastes vestidos vermelhos, um corpete que ia ate a cintura e então descia em uma saia mais leve. Tio Az e tio Cas estavam com suas armaduras e sifões a mostra. Papai estava com um belo casaco de couro e suas roupas simples. Mas havia uma coisa em todos nós que era comum e evidente, o nervosismo, e o clima estava mais pesado a cada passo que eu dava.

-Esta linda.

Um sorriso sincero vindo de minha mãe, e outro de meu pai em resposta. Agradeci e fui a seus lados. Seguramos as mãos e meus tios assentiram com a cabeça antes de uma escuridão inebriante nos cercou por alguns minutos e depois semicerrei os olhos diante da luz que atingiu-me.

-Bem vindos ao inferno.

Abri os olhos e ri diante da frase que escapou de Rhys, deixando o clima melhor. Observei a estrutura a minha frente, era medonha.

-Quem construiu, tem um ótimo gosto.

Comentei e me posicionei atrás de meus pais e na frente de Azriel, Mor e Cassian. Um trono entre os de meus pais me esperava antes de passar pelo corredor de pessoas mesquinhas e insuportáveis que olhariam cada centímetro de mim, e fariam suas indiretas para ver seu uym dia eu seria capaz de colocar eles na palma de minha mãe, ou, se eles fariam o que bem queriam do meu reino. E foi isso que coloquei na minha cabeça antes de dar o primeiro passo, um sorriso felino estampado no rosto, deixando que poder fluísse pelos poros, olhares assustados direcionados a mim, era de se esperar que eu tivesse uma grande quantidade de poder, mas ate mesmo eu estava assustada, no não demonstrava, deixei toda a pressão que usava para manter aquele poder em silencio sair como um cinto, foi libertador, então eu percebi, eu não era só a filha das duas criaturas mais fortes do mundo, eu era, a criatura mais forte do mundo.

Todos andamos ate seus devidos lugares. Eu troquei o sorriso por puro tedio gélido, o pai de minha tia Mor falou tudo o que estava acontecendo, tentou alegrar meu pai, mas, falhou. Tres pequenas serpentes de poder passaram entre os degraus buscando me atingir, sorri em ver finalmente diversão, e em um pensamento três pessoas caíram desacordadas, um delas começou a espumar e se contorcer, sorri abertamente diante daquilo e depois olhei cada um da multidão, contei seus batimentos cárdicos, e as gotas de suor que escorriam pelas laterais de seus rostos.

-Que desagradável, e a primeira vez que venho ate aqui, e assim que vocês me recepcionam?

Fingi desapontamento, revirei os olhos e fiz um gesto para que a musica começasse, todos se posicionaram para começar e eu desci do trono ainda olhando com desprezo e atenção a todos que encaravam de volta. Um dança formal começou, cotovelos retos mãos a atrás e olhares fixos, eu era medida, não podia sequer desviar o olhar, a cada giro eu ficava de costas e trocava de parceiros, assim sucessivamente ate que a musica acabasse e eu voltasse ao trono. Então eu rodei, em virei de costas, e quando me virei novamente. Uma figura de capuz negro que estampava um sorriso sem mostrar os dentes. Esqueci de respirar, um calafrio percorreu minha espinha, como se um ponto de vida tivesse se puxada e despertado de onde quer que estivesse, levantei os braços e no primeiro de seus dedos contra os meus eu tive que contar mentalmente para continuar a dançar, pela estatura e pelo pouco rosto que eu vi, supus que ele não fosse mais velho do que eu. Esperei que estivesse de costas para a multidão para pronunciar baixo o suficiente para que ninguém ouvir.

-Quem. È. Voce?

Deixei uma pausa em cada palavra voltando ao tom impiedoso. A musica parou e eu tinha pouco tempo ate que fosse respondida. Uma voz grave e firme saiu fazendo mais uma vez aquele fio de vida despertar meus sentidos.

-O seu pior pesadelo.

Nascidos Para MatarWhere stories live. Discover now