Contato

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Ao subir para o quarto, Kuen se sentiu relaxado e revigorado com o passeio que deu no centro de Barcelona. Ainda sem sono, Kuen desfez toda a sua bagagem, guardando suas poucas roupas. Inclusive a sua roupa ninja, que não poderia ser vista por mais ninguém.

Mesmo tendo passado um bom tempo desde o último Kombate, era tudo muito recente para Sub Zero e algumas pessoas ainda poderiam se lembrar daquele show de horrores. Inclusive, Luna, que ele não sabia se ela ainda se lembrava, e em caso afirmativo, ele teve medo dela desaparecer de sua vida. Sub Zero não queria aquilo, jamais, pois Luna parecia estar conseguindo balançar o seu frio coração.

Depois de arrumar tudo e esconder seu traje. Ele se jogou na cama, vestindo apenas uma calça folgada e olhou para a janela tentando entender o misto de emoções que o rondavam. Ele se perguntou o motivo de o destino estar pregando uma peça em sua vida, colocando Luna em seu caminho de uma maneira bem icônica.

Sem perceber, ele deu um sorriso largo ao se lembrar de Luna. Aquela lembrança recente foi tão boa, que até ele se estranhou. Sentir suas emoções sendo aquecidas de novo, era maravilhoso. Só havia um problema, esse sentimento o estava enfraquecendo. Sub Zero sempre foi muito ponderado entre razão e emoção. No entanto, essa confusão emocional o estava deixando mais volúvel e isso era perigoso.

A informante anônima o seguiu até o hotel e se hospedou no mesmo local para passar todas as informações aos seus "chefes".


- Hanzo? Está me ouvindo? - Ela, perguntou.

- Sim, estou. Me passe as informações de Sub Zero. - Hanzo respondeu, enquanto segurava um papel e caneta para anotar as informações.

- Ele está aqui em Barcelona no Villa Bella Hotel. Infelizmente, Frost já está sabendo e também está a caminho. Kuai Liang, ou melhor, Kuen Liang. Corre sério perigo, ainda mais agora que conheceu uma moça. A bailarina espanhola, Luna Angelini. - Ela Informou.

- Ele sempre se metendo em encrenca. Pior ainda, colocando outra pessoa no meio. Vou procurar pelo vôo mais próximo e ver se chego antes de Frost. - Hanzo respondeu, nervoso.

- Olha, Frost vai demorar um pouco mais. Arrumei uma passagem do último vôo de amanhã para ela. Você ainda consegue chegar à tempo. Isso é, se o clima não atrasar os vôos, porque vai começar a nevar.

- Certo, fez muito bem, você tem o número do hotel para me passar? Precisamente do quarto onde ele está? Caso eu não chegue à tempo, precisarei alertá-lo.

- Claro que tenho. Anote.

- Obrigado, irei ligar para ele. Vou informá-lo o mais rápido possível e lembre-se: você está trabalhando para mim. Confiarei em você! Até breve! - Hanzo agradeceu e desligou.

O telefone tocou, uma, duas, três vezes até que Kuen atendeu, com nítida voz de sono e desorientado.

- Alô... serviço de quarto? Não quero nada. - Kuen disse. — HANZO?! Como assim você descobriu onde estou? Eu não deixei pistas, não falei nada a ninguém, nem mesmo à você. O que você quer? — Ele despertou repentinamente, ao ouvir a voz de Scorpion.

- Não há tempo para explicações, mas você corre sério perigo, Luna também. Que parte do eu disse para não envolver outras pessoas no meio, você não entendeu? Você está instável e seus poderes também estão enfraquecidos. Frost parece mais forte que você, ainda mais agora movida a ódio e ciúme! Você não tem muito tempo. Vou embarcar em um vôo o mais rápido possível. O Problema é que se nevar, não chegarei à tempo. Torça para que Frost também não. - Hanzo foi direto.

- Nevar vai mesmo e muito. Posso estar enfraquecido, mas ainda posso controlar a neve. - Kuen respondeu de forma que o diálogo ficou mais enérgico. - Aquela garota maldita quer mesmo acabar comigo. Não sei, mas cabeças irão rolar. Sinto que se eu não morrer, ela vai. Ela quer a mim, então será a mim que terá!

- Sub Zero, você não está entendendo. Frost vai te matar junto com Luna se você não voltar para o clã. Não tem escolha, ou volta sozinho, ou ela os mata. Será que não notou ainda que ela o quer pra si e não só pelo clã? Não é só sobre ter você, é sobre ter TUDO o que você tem. Precisa dar um basta nessa moça. O que ela viu em você? Não vai me dizer que vocês ficaram?

- Não... mas confesso que pretendo vê-la mais algumas vezes. Ela me deixou muito instigado.

- Ah, merda! Você ficou louco! Sempre foi metido a "Romeu" mesmo. Olha, dê um jeito nisso. Ela deve saber no mínimo quem você é. Você contou a verdade?

- Não, não contei e nem quero que ela saiba. Mesmo eu tendo a protegido do assediador e ela visto e sentido meu braço branco e frio. Não tive coragem ainda.

- Inferno, nem isso você foi capaz de dizer?! Se você não contar, quando eu chegar aí, contarei! - Hanzo esbravejou.

- Já temos um histórico de rivalidade entre nós e conseguimos resolver isso. Não me faça virar seu inimigo novamente. Nessa parte da minha vida você não vai se meter. Eu mal a conheço, mas quero protegê- la. É tudo muito estranho, sim, mas é o certo. Afinal, você me ligou para dar lição de moral? — Kuen respondeu, bravo.

- Não quero te dar lição de moral, você é adulto. E sim, fomos rivais, mas isso está acabado. Por favor, fale com ela. — Hanzo disse, tentando colocar juízo no amigo.

- Me dê um tempo, ela está ensaiando para uma apresentação muito importante e sinto que vai querer que eu vá assistir. Me ajude pelo menos nisso, tente atrasar Frost. Depois verei o que faço. — Pela primeira vez, Sub Zero falou com a voz embargada e desapontado.

- Certo, falarei com minha informante. Eu entendo, ninguém escolhe se apaixonar por alguém. Você está cansado e sozinho. Compreendo perfeitamente, vou fazer o máximo para atrasar aquela insolente arrogante. Vou pegar o próximo vôo. - Hanzo tentou amenizar a dor de Kuen.

- Venha, pode deixar que eu darei um jeito de contar toda a verdade a Luna. Ela não merece viver numa mentira. Eu errei, errei em mudar meu nome e errei em ajudá-la. Esse meu erro vai custar alguma vida. E se custar, que seja a minha. Até breve, Hanzo.

Sub Zero desligou o telefone, triste. Não imaginava que fosse ter uma conexão tão forte com alguém como teve com Luna. Pela primeira vez, permitiu que lágrimas corressem seu rosto. Não chorava desde a morte de sua família e seu irmão.

Nesse misto de tristeza e agonia, seus poderes afloraram mais uma vez. A neve que caia lá fora, cessou e passou a cair dentro de seu quarto. O inverno começou não somente no clima, mas dentro de si também. Estava sozinho e queria apenas uma companhia.

Sub Zero: a história não contada. (REESCRITA)Onde histórias criam vida. Descubra agora