Capítulo 2 - Inocência

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– Você quer ajuda?

Ao ouvir aquilo, Ten afasta-se com um sobressalto da frente do espelho, tropeçando na calça que ele não pôde sequer terminar de vestir e caindo sobre a cama.

– O que você está fazendo aqui? – ele indaga com um leve tom de fúria em sua voz.

– Por que me pergunta isso? Você sabe o que estou fazendo aqui.

– Eu quis dizer aqui, dentro do meu quarto. Vá embora!

Sem dizer uma única palavra, Hendery imediatamente retira-se do cômodo.

Apenas alguns minutos mais tarde, depois de Ten juntar os caquinhos de sua dignidade, ele aparece na sala. 

Hendery observava a rua pela janela.

– Cof! Cof! – Ten simula uma tosse abafada a fim de chamar a atenção do robô. Hendery se vira na direção do garoto. – Eu estou indo para a faculdade agora. Você precisa me prometer que ficará quietinho aqui, sem aprontar nada. Você consegue?

– Eu posso ir com você? – Hendery pergunta.

– O quê? Não. Eu estarei ocupado. Não poderei vigiá-lo. 

– Por favor, não me deixe sozinho. – um semblante de tristeza aparece no rosto do robô.

Por um segundo, Ten questiona-se se ele realmente estava se sentindo triste, ou apenas havia sido programado para reagir deste modo neste tipo de situação. Como não poderia perder muito tempo ou chegaria atrasado, ele acaba concordando. Deixá-lo sozinho no apartamento ou deixá-lo sozinho na faculdade não faria tanta diferença, exceto que, mesmo que não pudesse estar de olho nele o tempo todo, mantê-lo perto de si ainda tornava mais fácil controlá-lo.

••••

O tailandês se certificou de caminhar sempre atrás do companheiro robótico observando cada passo e cada atitude do mesmo, atento a qualquer sinal de perigo.

Hendery nem se importara em ser vigiado pois estava ocupado demais admirando o campus, ele se empolgava com literalmente qualquer detalhe. Quando uma abelha passa voando em seu campo de visão, ele imediatamente a segue até a mesma pousar em uma determinada flor de cor azul. Ele não ousa perturbar o pequeno inseto, apenas fica parado admirando a cena. 

– É uma abelha. – Ten diz aproximando-se dele.

– Parece uma criatura tão frágil.

– E de fato é, porém muito importante. As abelhas mantém o equilíbrio da natureza. Elas são responsáveis pela polinização, garantindo a disseminação de diversas plantas. Inclusive muitas delas usadas na nossa alimentação.

– Como essa planta? – ele aponta para a pequena flor em que a abelha estava.

– Não, não essa. Essa é uma lobélia, serve apenas para ornamentação.

– É muito bonita.

Ten aproxima-se um pouco mais e se abaixa ao lado de Hendery, sorrindo para as flores. Qualquer um que passasse por ali se perguntaria o que os dois estavam fazendo agindo como dois desocupados, mas ele não se importaria com opiniões alheias. A curiosidade de Hendery por coisas tão simples era algo que estava começando a cativá-lo. Ele faz esse trajeto até sua sala desde que começou a frequentar a faculdade, mas nunca havia parado para admirar aquelas flores. E nunca o faria, não fosse a curiosidade de Hendery.

– São mesmo lindas. Azul é a minha cor favorita. 

Hendery desvia o olhar para Ten e lhe lança um sorriso que, dessa vez, é retribuído.

Boyfriend Material | tenderyOnde histórias criam vida. Descubra agora