Capítulo 9

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Ficamos mais um pouco no lago antes de voltarmos por nossas roupas. Subo novamente na garupa da moto, e Adam segue pela estrada. Aparentemente, nosso dia ainda não havia acabado, mas ele não me contou para onde estamos indo a seguir. Paramos no meio da estrada em um restaurante, onde pedimos pizza e a atendente ficou dando em cima do motoqueiro.

Aparentemente, o nome da menina era Samara, e eles já tinham transado antes. Não, eu não sou irracional o suficiente para deixar que isso me irrite. Okay, tudo bem, talvez só um pouco. E talvez, eu tenha dado um beijo totalmente quente em Adam antes de sairmos apenas pelo prazer de poder fazê-lo. Isso apenas o deixou divertido, mas eu gostei do olhar assassino que a menina me mandou quando saímos.

Adam e eu voltamos para a moto, e ele dirige por um bom tempo. Quando paramos novamente, estamos em uma cidade um pouco afastada de Croydon, na frente de um shopping. Assim que saio da moto e tiro o capacete, o motoqueiro estende um bolo de dinheiro. Uma quantidade obscena de dinheiro.

"Compra um vestido. Sei que não trouxe sua carteira, então aqui está. Um vestido, um sapato, tudo que você precisar." Fala, e eu estreito os olhos. Um sorrisinho aparece em seus lábios. "Você vai gostar da surpresa, acredita em mim."

Suspiro e penso em recusar o dinheiro. Mas acabo pegando. Adam estava certo, eu estava sem minha carteira, e ele era milionário. Não é como se fosse sentir muita falta daquilo.

"Me encontra aqui em duas horas, quando tiver tudo." Fala, e eu concordo com a cabeça. Nos separamos, e eu suspiro ao entrar no shopping, um sorrisinho aparecendo em meu rosto. Compras.

Tenho orgulho em dizer que demorei duas horas exatamente. O vestido que comprei era de alcinha, com um bom decote na frente e atrás, rendado na área do peito, cobrindo totalmente apenas o necessário. A saia era aberta, rodada, e toda preta. Para acompanhar, comprei um salto alto preto relativamente grosso, que me acrescentava uns bons treze centímetros.

Compro também o necessário para uma maquiagem básica, e ainda fico com uma quantidade racional de dinheiro. Encontro Adam na saída e lhe devolvo o que sobrou da grana. Ele sorri, então subimos novamente na moto. Lhe pergunto novamente para onde vamos, mas ele me ignora.

Paramos na frente de um motel, e Adam pega um quarto para nós. Quando entramos, ele me entrega um shampoo e um condicionador e imediatamente fala para eu me arrumar com o que comprei. Suspiro, ansiosa com o suspense, mas obedeço.

Tomo um banho, e cedo o banheiro para o motoqueiro quando termino. Me enrolo na toalha, seco meu cabelo, fazendo algumas ondinhas no processo, e faço uma boa maquiagem. Um delineado preto, com uma linha vermelha em cima, era o que decorava meus olhos, junco com uma boa camada de rímel. Pinto meus lábios também com um vermelho vivo e coloco a calcinha preta rendada que comprei também hoje antes de partir para o vestido.

O zíper era nas minhas costas, então não era fácil fechar sozinha. Me viro para Adam, que agora estava com o cabelo húmido e apenas uma calça jeans.

"Adam?" Chamo, e seus olhos vão para mim. "Fecha aqui, por favor."

Um sorrisinho toca seus lábios e ele se aproxima de mim. Conforme vai subindo o zíper, seus dedos encostam de leve na linha da minha coluna. Um arrepio percorre todo meu corpo e eu fecho os olhos, mordendo o lábio. Quando termina, dá um beijo em meu pescoço.

"Tenho algo para você." Sussurra, encontrando os meus olhos no espelho que ficava na nossa frente. Ele pega algo na cama, então coloca uma coroa de rosas vermelhas na minha cabeça. "Comprei hoje. Combina com a ocasião."

Um sorrisinho puxa meus lábios e eu viro, dando um beijo em sua boca. Adam sorri antes de retribuir.

Quando nos afastamos, Adam veste uma camisa creme de botões, que ele fecha apenas até a metade e enrola as mangas até os cotovelos. Eu coloco meus sapatos e nós dois saímos do quarto. Assim que fecho a porta atrás de nós, escuto o barulho de música vindo da rua. olho para o motoqueiro em questionamento.

"Você sabe o que é o Dia de los muertos?" Questiona, e eu concordo com a cabeça.

"É uma festividade mexicana que honra os mortos." Falo, e um sorrisinho aparece em seus lábios enquanto ele assente. Franzo a testa. "Mas é em novembro."

"Eu sei. Mas essa cidade aqui é governada pelos El Diablos MC. Eles são mexicanos, e queriam um pedacinho de casa aqui. Fazem um Dia de Los Muertos próprio sempre que um membro do clube deles morre." Ele suspira. "É uma celebração, apesar do motivo. Quando Grim me contou que estaria acontecendo um hoje, pensei em trazer você."

Olho ao redor, para as pessoas dançando nas ruas, com o rosto pintado e coroas de flores na cabeça, um sorriso aparece em meus lábios. Sempre gostei desse feriado mexicano, sempre achei legal celebrar e relembrar daqueles que se foram. Nunca contei isso a Adam e, ainda sim, ele soube exatamente o que fazer.

Pego sua mão. "Vem. Vamos pintar caveiras no rosto!" Digo, animada, o puxando para a rua. Adam solta uma risadinha e me segue quando vou até uma barraca, onde uma mulher pintava o rosto das pessoas por apenas duas libras.

Pintamos apenas metade do rosto, e vamos dançar com algumas outras pessoas. As músicas eram todas latinas, e eu acabo descobrindo que Adam era um grande fã e dançarino. Dançamos, brincamos e rimos por horas seguidas, e eu perco a noção do tempo e de todas as pessoas ao meu redor quando estou com ele.

Um senhor mais velho passa distribuindo cordões de couro com um pingente prateado de graça para algumas pessoas, e Adam acaba sendo um dos escolhidos. Aparentemente, era para dar sorte.

Quando o relógio bate meia noite, uma mulher começa a entregar balões de fogo para as pessoas na rua, e Adam me explica que devemos acendê-las pensando em alguém que já se foi, e fazer um desejo em homenagem ao futuro que ainda temos pela frente.

"Lembra, não pode falar em voz alta ou não vai se realizar." Adam murmura, e eu assinto, concordando quando ele me entrega o isqueiro que a mulher também distribuiu.

Fecho os olhos e faço o mesmo desejo que sempre fiz em todos os meus aniversários, em todos os anos da minha vida. O mesmo desejo que faria para cada vela, cada estrela cadente e cada balão de fogo pelo resto da minha vida, até se realizar.

Quando assistimos as centenas de luzes no céu, Adam me puxa para um banco na lateral da rua, me colocando em seu colo e sussurra em meu ouvido. "Eu te amo."

Arregalo os olhos, me virando para encarar seu rosto, montando em seu colo. "Eu..."

Ele nega com a cabeça. "Não fala. Só, me escuta, okay?" Eu mordo o lábio e assinto, minhas mãos indo para o seu cabelo. De repente, Adam parecia um pouco... triste. "Eu quero que você saiba, que quando tudo isso acabar, se você não me escolher, está tudo bem. Eu sabia que você amava Liam e Arlo quando entrei nessa, e vi você se apaixonar por Nolan com meus próprios olhos. Eu sei como você se sente em relação a mim. Eu sei que você me ama. Mas, se, no final não for forte o bastante, está tudo bem."

Meus olhos enchem de lágrimas e eu assinto, sabendo que se abrisse minha boca para falar, eu iria quebrar.

"Quer saber o que eu desejei?" Ele sussurra, afastando uma mecha do meu cabelo.

"Mas não vai acontecer..."

"Você. Meu desejo foi você." Murmura, e minha primeira lágrima escorre de meus olhos.

"Adam! Não vai acontecer!" Reclamo, minha voz quebrando e várias outras lágrimas caindo de meus olhos. Um sorrisinho toca seus lábios e ele pega meu rosto entre as mãos, limpando minhas bochechas.

"Meu desejo não depende de divindade nenhuma, gatinha. Depende de você. Porque, até o dia que você não me quiser, eu estou aqui. Até o momento que você me falar para ir embora, eu vou estar ao seu lado, e você vai ser minha. E, até esse dia, eu vou estar bem aqui. Eu aceito qualquer parte de você que queira me dar, gatinha, qualquer parte. E sempre vai ser o suficiente. Porque, para ser sincero, eu não me importo nem um pouco com o que você faz comigo. Pode quebrar, triturar e estilhaçar meu coração em bilhões de pedaços. Eu. Não. Ligo. Porque eu te amo, e contanto que você me queira, eu estou aqui."

Eu estava acabada. Afundo meu rosto em seu pescoço, meu corpo tomado por soluços, e Adam envolve seus braços ao redor de mim, me apertando contra ele.

"Eu te amo tanto." Sussurro, e sua mão mexe em meu cabelo, fazendo um carinho que me faz relaxar um pouco.

"Eu te amo também, gatinha."

Between four hearts - Gotville High 04Onde histórias criam vida. Descubra agora