Me encaro no espelho e sorrio com meu próprio reflexo. Eu estou gata pra caralho. Sim, estou, e não tenho medo de admitir. O vestido que comprei hoje é preto, de manga comprida e que sobe até o início do meu pescoço. As costas ficam todas expostas, o decote indo até a curva da minha bunda. O vestido cobria apenas até o início de minhas coxas.
Faço uma sombra preta com um pouco de brilho nos olhos, que realça o azul nas minhas íris, e coloco uma bota de salto com cano alto da mesma cor. Prendo o cabelo, deixando algumas mechas caírem no rosto. Pego o casaco preto de pelinhos na mão e saio para encontrar Nolan, que me esperava na sala.
Seus olhos descem e sobem pelo meu corpo, e sinto um sorrisinho aparecer em meus lábios. A gente estava saindo um pouco mais tarde do que planejamos inicialmente - culpa dele - mas Nols disse que não tem problema. Não que eu saiba para onde estamos indo.
Ele se aproxima de mim, coloca uma mão na minha nuca e me dá um daqueles beijos que sempre faziam com que eu perdesse a cabeça.
"Você tá linda, baby doll." Murmura, e meu sorriso aumenta. "Pronta?"
Eu concordo com a cabeça.
Nós seguimos para o elevador, que nos leva até a garagem. Ligo o rádio na minha estação de pop favorita, e canto as músicas no caminho. Nolan rola os olhos, divertido, mas deixa que eu tenha meu momento.
Enquanto ele dirigia, tomo um tempinho para analisá-lo. A calça jeans abraçava suas pernas perfeitamente, não muito justas, mas não muito largas também. A camisa de botão preta estava com os primeiros botões abertos e as mangas enroladas até os cotovelos. Seu cabelo ainda estava úmido do banho, o que o deixava ainda mais lindo.
"Chegamos, baby." Sua voz me tira da minha análise profunda, e vejo seus olhos divertidos em mim. Olho pela janela e arregalo os olhos quando vejo aonde estamos.
"Nolan... Esse é o Empire State." Falo, e sua risadinha soa pelo carro.
"Eu estou vendo, Sorrentino. Agora, vem." Diz, saindo do carro. Eu suspiro, mas o sigo para fora.
Nolan segura minha mão e nós entramos no prédio. Ele conversa com um dos funcionários, que nos guia até um elevador. Subimos vários andares até a cobertura, e o que vejo no terraço me tem congelada no lugar.
Estava vazio, sem ninguém. No chão perto da borda de vidro, havia uma toalha estendida, com dois pratos de comida tampados, algumas pétalas de rosas espalhadas e uma vela no centro. Duas almofadas, uma de cada lado.
"Você odeia rosas." É a única coisa que penso em dizer quando Nolan me arrasta para perto das almofadas no chão. Ele solta uma risadinha.
"Yeah, mas você não." Fala, dando de ombros. Sinto meu coração aquecer com suas palavras.
Confesso que gasto uns bons dez minutos depois de sentar tirando fotos. Posto duas delas - uma em que Nolan escondia metade do rosto em meu pescoço, mostrando apenas metade de seu sorriso, e outra onde ele beijava minha bochecha. Eu sorria nas duas - no instagram. Depois disso, deixo meu telefone de lado.
Nós conversamos sobre coisas leves enquanto comemos, mas eu sei que o assunto mais pesado ainda está por vir. Temos que conversar sobre o que ele descobriu com o pai.
Depois que terminamos, deito no peito de Nolan enquanto ele deita na almofada. Nós dois olhamos através da barreira de vidro para Nova York aos nossos pés.
"Esse é meu lugar favorito no mundo todo." Ele murmura.
"Sério? Por quê?" Questiono. Um sorrisinho leve aparece em seus lábios, seus olhos ainda na paisagem.
"Nada parece nos atingir aqui. Vejo uma cidade, mas não recebo nenhum dos problemas. Nada me atinge daqui. É quase como se eu pudesse fingir que a cidade é perfeita. É uma boa fantasia." Responde. Suspiro.
"É mesmo."
"Meu pai praticamente confirmou que é contra o sistema." Nolan fala, tirando os olhos de Nova York para me encarar. "Mas isso já era óbvio."
"E Ruby?" Pergunto. Ele suspira, trincando a mandíbula.
"Ele fala que não sabe nada sobre isso."
"Você acredita?" Já sei a resposta para minha própria pergunta. Nols suspira.
"Nem um pouco." Eu assinto, já esperando isso. "Mas ele não matou ela diretamente. Não é o estilo do meu pai. Ele contratou alguém para fazê-lo."
Suspiro. "A questão é... quem?" Questiono, mas não espero uma resposta. A verdade é que nenhum de nós tem ideia. Não sabemos quem matou Ruby, e também não estamos perto de descobrir. É como voltar para a estaca zero, e isso me irrita.
Parte de mim queria poder sair de Gotville High e nunca mais olhar para trás. Mas eu não posso. Não só pelo fato de estar envolvida em um assassinato, mas também pelas pessoas. Fiz amizades lá. Ali, Jace, Elys, Ryan, Flynn, Leah... E me apaixonei lá. A verdade é que aquele lugar começou a parecer uma casa para mim.
Nolan deve notar a mudança na minha expressão, porque suspira e diz: "Chega, não vamos pensar sobre isso agora. Hoje não."
Sabia o que ele queria dizer. Agora é nosso momento. Podemos deixar as outras preocupações nos alcançarem quando voltarmos para Gotville High. E Deus sabe que temos muitas. Ruby, realeza, minha decisão...
Minha decisão iria me alcançar quando a gente voltasse. Eu tinha certeza disso. E Nolan pode me odiar depois que isso acontecer. Então hoje era uma espécie de despedida para mim. Para nós.
Fecho os olhos quando os sinto queimar e beijo Nolan. Ele não hesita em retribuir, me colocando montada em seu colo.
"Quer foder no topo do Empire?" Murmura, e um sorrisinho aparece em meu rosto. Ele sabia exatamente o que dizer para me animar.
"Você tem dúvidas?"
Então é isso que fazemos.
![](https://img.wattpad.com/cover/219663976-288-k225168.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Between four hearts - Gotville High 04
Romance"Sabe, eu tenho um segredo." Adam murmura, com um sorrisinho divertido no rosto, antes de atastar o cabelo molhado que cai em seu rosto. Arqueio uma sobrancelha. "Yeah? Qual?" Questiono, com meu próprio sorriso. Ele se aproxima e para o rosto centím...