Como esquecer um garoto em 7 dias

Quinto dia: Olhar para os lados

Amar deveria ser algo único, exclusivo. Mas se apaixonar não. A paixão pode ser um caminho que leva ao amor, mas é tudo um processo. E o amor geralmente só aparece depois de um tempo. Quando o fogo da paixão diminui, o que deve manter um relacionamento é a chama do amor, que nunca se apaga, mesmo que o mais forte dos ventos sopre.

Na vida podemos ter várias paixões, e muitas delas confundimos com amor. A paixão pode sim nos levar a más escolhas, então identificar que o sentimento é paixão é algo sábio a ser feito. Mas isso é difícil demais... A tendência é nos deixar ser dominados pela paixão, e não dominá-la.

Então, talvez a maneira mais fácil de descobrir se é paixão ou amor seja olhar para outras possibilidades. Eis o próximo passo para esquecer o cara:

Passo 5: Olhe para os lados.

Atualmente, no mundo somos cerca de 7,594 bilhões de pessoas. Sim, não é só você e o carinha. Aliás, como pode ver, existem bilhões de outras oportunidades por aí. As vezes nós que somos bestas e romantizamos tudo, acreditando que temos um laço inquebrável só com aquele cara, e que ninguém mais nessas bilhões de pessoas poderá nos fazer feliz.

Não me leve a mal, eu acredito em laços. Acredito que exista uma pessoa certa, mas também acredito que nós podemos nos enganar e achar que alguém é a pessoa certa quando na verdade ela nem chega perto. Por isso, precisamos clarear a mente e enxergar isso como realmente é. O cara perfeito não existe, isso é um fato, mas um cara que tem muito mais a ver contigo existe e está por aí. Então, você precisa abrir seu leque de possibilidades.

Se esse cara que você quer esquecer te faz mais chorar do que sorrir, repense. Ele é mesmo o melhor que você pode ter? Ele é mesmo o tipo de cara que te faz bem, que faz você se sentir segura e confiante em si mesma? Ele é o tipo de cara que não te apaga, muito pelo contrário, ele faz tua luz brilhar ainda mais? Se ele é assim, então você precisa repensar se deve mesmo esquecê-lo, pois vocês podem ter um laço. Mas, se o cara faz você desistir de você mesma, então você precisa parar.

Tudo bem, ele pode ser só um imaturo, e você pode achar que consegue conviver com isso, mas é arriscado demais... a vida não vai parar pra você esperar um garoto mudar, e você não tem nenhuma garantia de que isso vai acontecer. Coloque tudo numa balança, e veja o que mais pesa. E se estiver pesado demais continuar, lembre-se que sim, você pode ser feliz sem ele, e em algum lugar alguém vai aparecer, uma hora ou outra. Vá na fé de que se esse cara for seu laço, ele vai voltar, mais cedo ou mais tarde. E se não voltar, deixe ir. Mesmo que seus laços tenham se entrelaçado por determinado tempo, alguns deles desatam porque não tinham nós, e tudo bem. Foi bom pela experiência... mas tenha paciência e acredite, no momento certo um laço dará um nó que não poderá ser desfeito.

Comecei a acreditar nessa história de laço por causa do Bernardo. Durante todo esse tempo, usei isso para justificar o motivo de não conseguir esquecê-lo, então sempre acreditei que tínhamos um laço e que um dia os nossos iriam se cruzar. Mas, depois de tanto tempo, eu me senti cansada. Precisava aceitar que talvez não exista laço nenhum entre a gente. Eu me privei de conhecer talvez caras muito mais legais do que ele por causa desse troço de laço, achando que nenhum deles era páreo para o grande Bernardo. Na minha cabeça, só o Bernardo era o cara certo, e os outros eram só os outros. Eu precisava parar com isso, e começar a enxergar à minha volta. O Bernardo não era o único cara da Terra.

Passamos o dia anterior conversado pelo Messenger, e naquela noite dormi tranquila. Infelizmente, não consegui descobrir de fato o que o atordoava, mas estávamos nos tornando amigos. O Bernardo amigo é um cara diferente do que pensei, um cara de verdade. Ele é inseguro, e tem suas próprias preocupações e sonhos. Ele é engraçado, e é mais do que um sorriso bonito. Fiquei bem surpresa, e pensei que poderíamos sim nos tornar bons amigos, afinal, tínhamos gostos e assuntos parecidos, a não ser por uma pequena questão em Senhor dos anéis, já que eu prefiro mil vezes o Legolas do que o Aragorn. Juro, não é por causa da beleza, mas o Legolas é mais imponente, sei lá!

Enfim, voltando ao que interessa, depois que decidi tirar o Bernardo do pedestal e enxergá-lo como um humano, tudo ficou mais fácil. Restava apenas esclarecer meus próprios sentimentos sobre o Bernardo real, e para fazer isso seria necessário olhar em volta, ou seja, começar a reparar em outros caras. E foi o que fiz.

No quinto dia fui caminhar em outro bairro, e tive vergonha de mim mesma. Cada cara que passava eu o encarava, como uma onça procurando sua presa. Eu sei, exagerei, mas era o meu jeito esquisito. Também pensei nos garotos da escola, com o coração aberto. O Alberto, por exemplo, poderia ser uma opção. Ele era legal, e também gostava do Legolas. O Vitinho era bem alto, e jogava basquete e vôlei, poderia me influenciar a cuidar melhor da minha saúde, e a aprender um esporte novo... Ah, também tinha o Gabriel, inteligente. Ele com certeza vai ser um ótimo marido, e vai ter um futuro brilhante.

Voltei animada para casa, foi uma caminhada bem revigorante e esclarecedora. Qualquer um desses caras tinham direito a uma chance.

Sentei na escada da entrada para descansar. Olhei pra frente e Bernardo estava lá, brincando com Frodo outra vez. Quantos caras que eu conheço colocam o nome do cachorro de Frodo? Só ele, que eu conheça. Ele realmente devia gostar de Senhor dos anéis... quantos caras gostam como ele gosta? Bom, que eu me lembre, só eu. Eu era uma fã louca, já vi todos os filmes mais de 10 vezes. Qual daqueles caras iriam querer assistir a trilogia de novo comigo? Talvez só o Bernardo.

Sacudi a cabeça. Eu estava me sabotando de novo? Droga, parecia que nada estava adiantando. Se antes eu não o conhecia bem e mesmo assim já estava doida nele, como será agora que descobri o quanto ele gosta do meu filme favorito?

Quanto mais eu me esforço pra esquecê-lo, mais ele vai morando nos meus pensamentos. O Bernardo deve ser o caso mais impossível de resolver. Mas, não importa! Não era a hora de desistir. Eu sinto, estamos quase lá. Vai dar certo.