Um prólogo?

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Primeiro diria eu — A Consciência, que a intenção não era exatamente planejada. Uma vez que a primeira formação há alguns séculos atrás fora totalmente acidental. Quase ingênua.

A cúpula estava preocupada, pois as evidências da existência de certos seres já estavam há algum tempo sendo mostradas através da internet. Os cineastas foram mantidos sob controle, já que o resto da humanidade subentendeu que os aliens, bruxas e poderes extrassensoriais eram unicamente ficção. Mas então veio aquela tal série Doctor Who ameaçando o futuro da Organização. Nem mesmo eu — A Consciência, consegui descobrir como os autores descobriram tais informações em plenos 1963.

Só restavam três da última formação. Edgar Way - chamavam-no carinhosamente de Metamorfose; sua esposa Danielle, A Médium e a poderosa e sedutora Mez, O Oráculo.

Mas honestamente, nesses meus milhares de anos sendo um observador afincado, ainda não pude chegar a conclusão de como o ser humano - tão promissor, conseguiu cultivar tamanha inclinação maquiavélica. Por mais que os monstros existam para modo de equilibrio, ainda não será possível para alguns distingui-los dos humanos.

Eu estou horrenda e terrivelmente decepcionado.

Ansiosos, aguardaram na mesa de reuniões seus dois herdeiros: Gerard e Michael Way, seus sobrinhos. O primeiro chamava Edgar de vez em quando de pai, mas o segundo o tratava pelo o que de fato era: tio.

Ok, deve haver algo muito importante para terem me tirado da cama. — Gerard reclamou, fechando a porta. — O preço do bilhete de metrô até aqui é uma piada. — Falou, aproximando-se da mesa de madeira e vendo seus parentes sentados lado a lado opostamente.

Aquela biblioteca pareceu bem mais velha desde a última vez que tinha estado ali. Eles não eram do tipo que se reuniam em ocasiões especiais. Nutriam apenas a boa e velha cordialidade familiar que sempre se vê por aí.

— Piada é o que eles pretendem fazer com nós dois. — Michael disse, indiferente.

Apareceu na sala (ele realmente surgiu com uma nuvem de fumaça vermelha) e sua presença sombria pesou no local. Ele, no movimento de colocar as mãos nos bolsos, esvoaçou seu sobretudo, dando a si mesmo uma aparência ainda mais mórbida.

Mez se remexeu em sua cadeira, passou a caneta nos lábios, intrigada, analisando a interação entre os irmãos.

— Sentem-se. — Ofereceu Edgar, ou ordenou, sabe-se lá, levantando-se por educação. Sabia que se simplesmente deixasse a conversa fluir, a biblioteca viria abaixo.

— Vá direto ao assunto. — Michael exigiu, sem nenhuma gentileza. Ajustando os óculos, viu de soslaio seu irmão se sentar e assistir seu tio fazendo o mesmo sem nenhuma expressão incômoda no rosto.

Era incrível como Michael nunca conseguia irritá-lo. Edgar e seu temperamento inabalável.

Um clima desagradável se instaurou entre tio e sobrinho, fazendo os ossos de Gerard gelarem. Ele só não sabia exatamente por qual dos dois.

— Bem, para não haver mais mal estar — Danielle falou por Edgar, docemente, encarando Mez. — vamos realmente direto ao assunto. Vamos nos aposentar e precisamos dar continuidade a Organização...

— Não vou ser igual a vocês. — Gerard logo disse. Foi acidental e pouco pensado. Mas estava lá, na sua cabeça. O pânico é a chave que sempre abria suas portas. — Não vou usar nada extrassensorial. — Tamborilou os dedos na mesa, sentindo o incômodo crescendo dentro de si.

— Sabemos da sua escolha de não usar suas Dádivas. Então queremos que seja o Líder. O Guia dos novos pupilos. —Ela disse, sua voz rouca e sensual. — E finalmente usar o conhecimento que ensinamos a você.

Saintiero || Frerard ||Onde histórias criam vida. Descubra agora