O Brutamonte do apê 210. VIII

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Seu abraço era forte, apertado, suplicante, necessário. Assim como o beijo que ele tinha me dado dias atrás, aquele abraço parecia ter uma entrega. Pela primeira vez eu o sentia vulnerável, sem capas, sem armaduras, sem aquele jeito bruto que ele tinha e que adorava ou precisava ter.

Minha surpresa em meio aquela demonstração de afeto repentina era nítida, eu não sabia muito bem o que fazer, mas devo confessar que era bom ter seus braços envoltos em mim.

Eu estava chateado com ele, chateado pelas coisas que ele tinha dito, por parecer não se importar com o que dizia e muito menos se importar no que suas palavras causavam em mim.

Minha mente estava tão confusa que em um certo momento tudo se resumia a nada, eu não pensava em mais nada, apenas sentia o calor do corpo dele junto ao meu.

O abraço dele era tão puro que parecia que todos os poros de sua pele junto a minha, se desculpava. Ainda me abraçando ele descolou seu corpo do meu alguns poucos centímetros, meus olhos o encaravam sem entender aquilo, já os dele, me olhava com culpa e arrependimento.

Não balbuciávamos uma palavra sequer, o nosso silêncio dizia tudo um ao outro, era como se conversássemos pelo toque, pelo olhar... ele estava não apenas se desculpando comigo, mas sim, querendo me acalentar, me consolar, seu abraço agora era mais frouxo, mas ainda firme, ele parecia querer cuidar de mim.

E querendo finalizar, ele foi colando os seus lábios nos meus depositando ali leves selinhos, parecia querer me pedir permissão para beijar-me, meu coração estava confuso. Eu não correspondia aos toques que seus lábios davam nos meus, mas eu também não os impedia.

Vendo que não tinha resistência de minha parte ele intensificou o beijo, seus olhos se fecharam apreciando aquele momento e automaticamente eu fiz o mesmo, era impossível negar o quanto eu queria aquilo, impossível negar o quanto Hugo mexia comigo, impossível negar que o que eu achava estar superado em relação a ele estava ali tão aceso como fogueira recém queimada, forte e flamejante.

-Não. Não posso fazer isso.

Me afastei do seu abraço com muito esforço e quando me vi solto dele parecia que eu estava perdido, meu corpo implorava para sentir o calor dele novamente.

-Me desculpa Rafa...

-Eu sei. Foi um erro. Completei sua frase antes que ele me falasse.

Seus olhos negros um pouco mais lacrimejado do quê de costume me olhava com necessidade e ele balançava a cabeça discordando do quê eu tinha dito.

-Não... Nem de longe isso foi um erro.

Ele se aproximou novamente de mim.

-Para falar a verdade, eu nunca estive tão certo de algo em minha vida.

Seu corpo estava se contraindo e parecia que ele tinha alguma coisa para me dizer, mas algo em sua garganta o impedia de falar. Eu tinha os braços cruzados e estava parado frente a ele, não sei o que eu esperava, não sei o que eu queria. Minha mente só tentava processar o beijo que ele tinha acabado de me dar e em como aquilo tinha feito todo o meu psicológico desmoronar.

Ele me encarava nervoso como se estivesse se preparando para fazer algo importante. Eu o fitava sem entender muito bem, mas não saía dali, algo parecia me prender.

Dando um longo suspiro trazendo para si não apenas ar para o seus pulmões, mas também, o restante da coragem que o faltava, ele me olhou atentamente se aproximando novamente, sua mão foi de encontro a minha e ele a apertou um pouco.

-Eu tô tão nervoso que parece que minha mente vai explodir.

Ele disse dando aquele meio sorriso dele. -Eu tento formular algo pra te falar, mas nada fica bom o bastante. Para falar a verdade, nada do quê eu disser vai ser bom o bastante para explicar o que de fato você representa para mim.

O Brutamonte do ApêOnde histórias criam vida. Descubra agora