Capítulo 22 » Aquele com revelações

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Gilbert Blythe

Combinamos que seria na cafeteria ali perto mas logo ele mandou mensagem dizendo que seria melhor conversamos na sua casa por ser mais "discreto". Aquilo parecia ser algo mais sério e que precisava ser tratado com mais calma pelo jeito que ele falava pelo Whatsapp.
Quando saímos de casa nós dois prometemos um para o outro que não sairíamos de lá até ouvir toda história afinal isso era tudo oque precisávamos, ficar lá e saber oque realmente aconteceu a mais ou menos sete anos.
No carro Anne foi quieta olhando pela janela e eu fui pensando no que estaria por vir. Medo, essa era a palavra que poderia definir o meu estado no momento, talvez não fosse muita coisa mas talvez fosse tudo, a peça chave para esse "quebra-cabeças" incompleto.
Como seria chegar lá e descobrir que, sei lá, Josie Pye foi a vilã durante a história toda e por muito ela quis apenas o mal da Anne?  Estávamos mesmo prontos para Isso? Percebi que ela não estava muito bem então coloquei minha mão sobre a dela tentando a passar confiança, em um ato silencioso de dizer que eu estava ali por ela e iria ficar tudo bem. Seus olhos se encontram com os meus e eu sabia que por mais que tudo desmoronasse eu a tinha, tinha seus olhos como um porto seguro e me sentiria em paz sempre que estivesse ao seu lado. Dei um sorriso mínimo e ela sorriu de volta, logo estacionei o carro em frente à onde Corey morava e sinto ela apertar minha mão em um ato de nervosismo como se tivesse hesitante.
- Tá tudo bem cenourinha, eu estou com você, ficaremos bem meu amor. - Coloco minhas mãos em seu rosto e a puxo um pouco mais para perto dando um beijo em sua testa.
- Por que isso tá acontecendo? - Eu odiava ver Anne assim, não era a garota que eu conheci a muito tempo atrás.
- Eu não sei, mas prometo que tudo vai melhorar.
Saímos do carro e Corey já estava nos esperando na frente de casa, meu estado não era dos melhores e o garoto sempre que me via assim me perguntava sobre minha profissão, eu sabia lidar com os problemas das pessoas e geralmente não conseguia resolver os meus, mesmo tentando era difícil pra mim. Entramos e meus olhos se direcionaram a mesa na qual estavam muitos papéis com algumas fotos que de longe pareciam ser de câmeras de segurança.
- Então, eu não ia contar isso a vocês por que achei que fosse irrelevante na história, mas, agora que estou vendo que as coisas fugiram totalmente do controle estou vendo que precisamos conversar sobre o assunto. - Todo mini discurso só falando sobre como seria importante nossa conversa já me deixou mais inquieto.
- Corey, direto ao ponto. - Falo e ele assente
- Bem, eu sei que todos acham que Anne matou um homem a quase oito anos atrás, e sei que quem colocou essa ideia na sua cabeça foi Josie Pye. Ela ameaçou contar e quando isso aconteceu você se sentiu encurralada e precisou fugir, correto? - Ele diz apontando para Anne e ela assente ainda sem entender muito bem aonde ele queria chegar. Eu custei um pouco também até começar a entrar em sua linha de raciocínio. - Se lembra de como você o matou?
- Não, apenas lembro ter uma arma e ter atirado, mas não me lembro dele morto. - Agora eu entendi
- Você se lembra de algo depois do tiro? - Eu estava começando a juntar as peças, Anne nunca falou sobre oque aconteceu depois, mesmo eu tendo perguntado muitas vezes, mas não por não querer contar mas sim por ela não se lembrar, Josie Pye queria ela fora do caminho, queria prejudicá-la não importava como.
- Lembro de Josie me encontrar na rua e depois disso eu não me lembro mais nada. Isso tá confuso Corey, oque está dizendo?
Me aproximei um pouco da Anne sabendo qual seria sua reação quando ela juntasse as peças, a envolvi meus braços na sua cintura ficando por trás dela e sinto suas mãos sobre as minhas.
- Anne... você tá tremendo. Acho melhor sentarmos - A levo até uma das cadeiras perto da mesa e ela continua segurando minha mão. Talvez ela não reagisse tão mal mas era melhor ela continuar sentada. Corey me olhou cogitando a ideia de parar por ali, acreditei que agora que ele já havia começado a falar seria melhor se terminasse.
- Josie e eu éramos amigos, ela costumava me contar as coisas, e ela me falou sobre esse dia.
- Tem como ser mais rápido? Tá me deixando nervosa.
Ele pegou os papéis que até agora estavam parados ali e os empurrou em nossa direção revelando oque eu tanto tinha curiosidade em saber. Minhas mãos gelaram e Anne começou a ler cada um deles com cuidado enquanto o homem em nossa frente continuava a história.
- Oque aconteceu a anos atrás foi o seguinte... Josie te convidou para atirar e pediu para que você levasse sua arma não pediu? - Anne assente prestando atenção ainda nos papéis - Logo quando vocês saíram ela pediu para ver sua arma, e mesmo que você não tenha entendido nada você entregou, sabendo que a rua em que estavam era quase deserta achou que não tinha problema. Josie sabia que você era impulsiva e sabia que seria fácil ent a distrair e fazer com que você cometesse um "erro", o qual te levaria para a cadeia. - A garota levantou seus olhos e começou a prestar mais atenção na história, se é que aquilo era possível - Resumindo; você entregou sua arma a ela, enquanto ela fazia um comentário sobre uma loja que a fez olhar em uma direção oposta, enquanto isso Josie engatilha a mesma sabendo que você nem prestaria atenção nesse detalhe. Depois disso a única coisa que ela fez foi fazer com que parecesse com que o homem que estava passando tivesse passado a mão em você e pronto, cena perfeita, você com uma arma de fogo engatilhada nas mãos tentando se defender e em um impulso você atira. Boom! Plano perfeito para te matar fora da jogada. - Ele termina deixando as coisas um pouco confusas em minha cabeça, era muita informação em pouco tempo.
- Anne continua sendo a assassina na história- A ruiva me olha e eu percebo que a frase não havia saído do jeito que eu esperava - Desculpa, não era bem isso que eu queria dizer amor.
- Sim Gilbert, se não fosse pelo fato deste cara ser alguém contratado, o tiro não pegou nele, foi como em uma cena de um filme, um assassinato falso, depois disso Josie voltou e matou o cara por uma simples briga. Sim, loucura mas enfim. Ela pagou algumas pessoas da polícia para deixarem isso para trás e também subornou algumas pessoas da rua para não dizer nada.
- Ainda está confuso. - Digo e ele me olha como se já soubesse disso, e logo depois uma expressão de "cala a boca e deixa eu falar" - Tá bom, desculpa.
- Tudo que precisa saber está nos papéis na sua mão, pode levar pra casa se quiser dar uma olhada com mais calma.
Anne assente e se levanta rápido, mas aquilo parece não ser uma boa idéia. Suas pernas enfraquecem e ela tenta se apoiar na mesa, eu a seguro pela cintura olhando para Corey pedindo com o olhar que ele trouxesse algo para ela e o homem logo me entrega um copo com água. Anne se senta novamente e eu puxo um banquinho me sentando em sua frente, coloco uma de minhas mãos no seu rosto fazendo carinho em sua buchecha e a com a outra mão eu coloco uma mecha de seu cabelo para trás.
- Tá bem? Você tá meio pálida Anne. - Pergunto para me assegurar de que não teríamos que parar no hospital antes de ir para casa. 
- Sim, foi só uma queda de pressão, eu tô bem Gil.
Anne se levanta novamente dessa vez um pouco mais devagar, pego os papéis que estavam em cima da mesa e saímos dali dizendo um simples "até logo". Finalmente acabou

Definitivamente ❀ ShirbetOnde histórias criam vida. Descubra agora