03 - Tomás

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Passava das quatro da tarde, quando cheguei em casa, após o almoço com a família de James. Me arrumei para sair, novamente. Hoje eu tinha um encontro com um cara que conheci no Grindr. James pediu para eu ter cuidado nesses encontros, como se eu fosse um adolescente de quinze anos. Ele é muito protetor. Só em pensar nele, fico tentando entender o que estava acontecendo naquela manhã. Nós sempre tivemos intimidade para brincar um com o outro, contudo aqueles toques, aquela cena dele nu na minha frente... Droga, preciso de um banho frio. Eu não posso desejar meu melhor amigo. Ele sempre foi como um irmão, mas agora parece diferente... Acordo com o pau duro por sonhar com James me comendo. Sou um tarado!

Tento esquecer o que aconteceu, pelo menos tento amenizar em minha mente, para voltar a ideia de brincadeira de irmãos, enquanto procuro o que vestir para essa noite. Preciso me distrair. Preciso transar!

Escolhi uma blusa branca junto de um blazer, concluindo com uma calça jeans escura. Algo bem informal. Não poderia esquecer de usar meus sapatos. Coloquei algumas camisinhas, e um gel lubrificante. Tenho que andar prevenido para qualquer tipo de ocasião.

James me deu de presente meu primeiro carro da franquia Forte, não poderia recusar. Me senti desconfortável, mas James tem o poder de nos convencer. Irei ao meu encontro com meu próprio carro.

O local escolhido foi um restaurante bastante movimentado em uma das áreas populares de São Paulo. Bem agradável. Estava bem movimentado, apesar de ser um dia comum de semana. Meu acompanhante me aguardava ansioso, tinha bebido alguns drinks, e olhava o relógio constantemente. Ficou aliviado quando me viu.

Diogo, como se chamava, é negro, bem encorpado e possui tatuagens nos braços. O tipo de cara que eu gosto. Usava algo bem mais informal que eu: uma blusa polo, bermuda xadrez, e mocassins. Seu perfume era forte. Apertamos as mãos, e senti o peso delas — minha bunda estremecia só em pensar no poder de um tapa com aquelas mãos.

— Me desculpa pela demora, tive que ajudar um amigo.

— Tudo bem, sem problemas. — ele sorriu.

Aquele cara tinha um sorriso incrível, além de uma voz firme, grossa. Queria que ele me pegasse alí, mesmo.

— Sempre morou em São Paulo? — puxei assunto.

— Não, morei em Belo Horizonte, mas vivo em São Paulo faz cinco anos.

Conversamos pouco, até que o garçom nos perguntasse o que queríamos. Eu escolhi algo bem leve, pois estaria de cabeça pra baixo em algumas horas com aquele homem. Diogo fez o mesmo, mas com menos moderação que a minha. Pedimos um vinho, e brindamos á vida.

— Me conte sobre você... — ele quis saber.

Geralmente quando o cara quer saber mais sobre você, ele tem interesse além do prazer sexual, porém é uma pena, pois o que eu quero no momento é só sexo. Procuro deixar os caras mais confortáveis possível, afinal gentileza é fundamental. Não me leve a mal, sei que parece algo fútil, vazio... Mas pra mim não passa, apenas de uma troca de energia. Não nasci para agradar expectativas de nenhuma pessoa, muito menos ser do tipo que sai por aí buscando me encaixar. Estou aqui para viver, e compartilhar meus momentos com quem se interessa.

— O que gostaria de saber?

— Tudo. — Insistiu.

Eu gostei de Diogo, mas não posso me relacionar afetivamente com ninguém no momento. Estou focado na amizade dele, ou melhor, no pau dele.

— Tudo é muita coisa... — falei. — Te deixo fazer três perguntas.

— Muito injusto...

Estranho Desejo (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora