09 - Tomás

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Me despedi de James depois de passar a noite com ele. As memórias daquela noite ainda estavam frescas em mim. Não queria que tudo aquilo acabasse com nosso relacionamento de anos. Senti isso também em James, pois o mesmo estava bastante tenso em alguns momentos. Nossa última foda da manhã me deixou com as pernas bambas. Sentia uma dificuldade para sentar, todavia, não quis demonstrar isso a James. — ele iria ficar se sentindo.

Recebi uma mensagem de Diogo na noite passada, a qual só consegui visualizar naquela manhã. Ele queria me encontrar em uma lanchonete próxima, cujo local James tinha me deixado. Eu aceitei conversar com ele, mas com certeza não aguentaria outra foda. Evitaria o charme de Diogo se fosse possível. Espero que ele não note meu desconforto ao sentar.

A lanchonete era um lugar acolhedor, bastante ventilado e com uma decoração retrô. Algumas pessoas tomavam café, enquanto assistiam as últimas noticias da TV. Fazia tempo que não prestava atenção em noticias. Minha mentalidade estava bastante fragilizada para pôr mais preocupações nela. Decidi ignorar a TV, prestando atenção no movimento da rua.

O pouco tempo que fiquei ali foi bastante para ser atendido por uma garçonete. Ela tinha cabelos cacheados, era loira e tinha um piercing no nariz. Usava o básico uniforme e um avental. Encontrou os meus olhos sorrindo.

— Deseja alguma coisa, senhor?

— Um cappuccino, por favor.

A moça anotou o pedido, logo após saiu do meu encontro dando uma piscadela ousada. Fui paquerado. Se ela soubesse do que eu realmente gosto e como anda a minha situação agora. Sorri com o pensamento.

Enquanto apreciava a vista pela janela, fiquei pensando em Diogo. Nosso encontro foi tão rápido, contudo muito proveitoso. Queria saber mais dele. Ele estava atrasado alguns minutos, causando em mim um pânico de ser deixado no vácuo. — ele que nem tente fazer isso. Mas, logo me veio a imagem de James pelado, de nossa transa... Me odiava. Estava em um segundo encontro pensando em outro homem. Graças a Deus meus pensamentos foram interrompidos com a imagem de Diogo adentrando no local. Seus olhos me buscavam ansiosos. Estranhei seu modelito; usava uma farde de policial, o que me deixou curioso. Pensei ser algum tipo de fetiche, a qual iria negar imediatamente.

— Olá, rapaz. — disse ele, sentando-se a minha frente.

— Olá, seu... policial? Vai a alguma festa a fantasia essa hora?

Ele riu. Uma risada grave, gostosa de se ouvir.

— Ou, acabou de sair de alguma festa prive?

— Pensamentos impuros a essa hora? — ele sorriu mostrando seus lindos dentes.

— Você me aparece com esses trajes justos... Como quer que eu lide com isso?

— Não é nada do que você esta pensando, danadinho. Sou policial, mesmo. Agente chefe do décimo distrito de São Paulo.

Aquilo me pegou de surpresa. Um policial afim de mim? Vamos combinar que era o policial mais lindo que já vi. Muita coisa mudava.

— Deve ser difícil.

— Sim, mas eu gosto do que faço. — disse ele.

Fiquei me perguntando quantas cantadas ele não recebia da mulherada, em quanto deve ser respeitado por seus colegas que deviam o convidar para ir a bares com muitas mulheres. Por um momento me bateu ciúmes. O que eu tinha a ver com a vida desse cara? Sendo que eu só queria foder com ele... Não era justo lhe pedir algo, sendo que ainda tinha James comigo. Eu não poderia ficar com os dois. James não iria me deixar sair da vida dele depois de tudo o que aconteceu. Será que ainda restava salvação para nós?

Estranho Desejo (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora