07 - Julien

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O fim do meu expediente foi tranquilo. James mal parou dentro do escritório naquele dia. Foi bastante satisfatória minha rotina como secretaria de um cara importante. Anotar, atender, ser a porta voz de decisões do chefe, enfim... Foi proveitoso. Ficarei mais feliz quando receber. Quando meu horário se encerrou, peguei minhas coisas e certifiquei que a porta de James estava trancada. Somente eu e ele tínhamos acesso a ela. Tudo trancado. Sai para me despedir de Charlote e lhe contar que tudo estava bem no primeiro dia.

— Fico feliz que tenha dado tudo certo, querida. — disse ela pra mim. — Bom descanso.

Adentrei no elevador e não me deparei com Roberto. Talvez ele estivesse encerrado seu turno. Não tinha ninguém no elevador aquele horário, provavelmente devido o prédio estar sendo fechado para atendimento. Os funcionários já estavam indo embora. Por um momento fiquei triste por não reencontrar Roberto, meu primeiro amigo ali. Ele sabia como era se sentir excluído, fora dos padrões de etiqueta que aquele ambiente exigia.

Quando menos esperava me deparei com meu crush a caminho da garagem. Ele usava uma calça jeans e uma camisa polo. Seu jeans estava tão apertado que me flagrei olhando para as partes baixas e bem volumosa dele. Era um homem perfeito, ou um psicopata bem disfarçado. Não importa, eu iria arriscar.

— Roberto! — disse, ao vê-lo.

Roberto me encarou com espanto. Sorriu lindamente, parando em seguida para me esperar. Seu sorriso era encantador. Percebi que segurava um capacete nas mãos. Ele iria de moto com certeza.

— Como vai a nova miss primavera da empresa? — brincou.

Fiquei envergonhada.

— Ora, pare com isso... — pedi, já próxima a ele. — Hoje foi um dia de cão, mas foi legal.

— Ah, que bom.

— Vai embora?

— Graças a Deus. — ele sorriu novamente.

— Não sabia que pilotava.

— Desde os dezoito anos. Quer uma carona?

— Ah, não precisa. Irei de ônibus.

— Pare de modéstia. Eu te levo em casa sem problemas.

Aceitar a carona de um cara que eu mal conhecia é o típico erro que eu cometo na vida. As vezes me pergunto o que há de errado em usar a minha razão uma vez na vida.

— Tudo bem, então.

Aceito o convite, partimos para a garagem onde se encontrava a moto do meu cavalheiro. Era uma motocicleta modesta, talvez do ano de 2011. Não entendia muito bem de veículos, mas chutaria essa data. Roberto pegou um segundo capacete que estava dentro da moto e me entregou. Assim que ele subiu e a ligou, me arrisquei a ficar na garupa. Não foi uma cena bonita. Talvez os seguranças estivessem rindo nas filmagens da câmera de segurança. Segurei a cintura de Roberto, pronta para seguir viagem. Ele estava tão cheiroso.

— É aqui que leva todas as suas conquistas? — provoquei.

Ele riu.

— Não são muitas, acredite.

— Mas como? Você é tão bonito.

Roberto pareceu envergonhado, tentou desconversar.

— Acho que o trabalhou mexeu com seus neurônios. — falou dando partida na moto. — Segure-se, vamos pegar um trânsito do cão agora.

Me calei e obedeci. Agarrei a cintura dele mais forte, sentindo seus músculos definidos. Não puxei mais conversa com medo de atrapalhar seu potencial na estrada. Percebi que ele estava envergonhado, então fiquei quieta. Como havia dito, o trânsito estava do cão, realmente. Passamos muito tempo na estrada, mas nada que um motociclista experiente para dar um jeito.

Estranho Desejo (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora