teeth (made of razors) • abo • l.s

interlude

Há muitos anos atrás, tanto anos que ninguém pode realmente marcar no calendário e apontar a data exata, surgiram as sub-espécies.

Não me entenda mal, elas não são sub em relação a nada, na verdade, elas são superiores do que a espécie humana, meros mortais compostos por milhões e milhões de pessoas.

Mas, entre esses milhões e milhões de mortais, começaram a surgir novas espécies.

Seriam estes um resultado de algum experimento científico? Ou apenas a resposta da teoria da evolução segundo Darwin? Seria este apenas o mecanismo de defesa humano onde uma espécie subjuga a outra? Segundo Darwin, as espécies se adaptam conforme o tempo, mudando gradualmente por um mecanismo de defesa orgânico chamado 'seleção natural', mas se essa é a seleção natural porque os humanos, meros mortais, ainda existem?

O motivo seria que humanos são tão importante para o ecossistema social quanto lobisomens, vampiros, feiticeiros e nefilins?

Pensando bem, até que faz sentido. Os seres humanos fazem o mundo girar, vampiros precisam deles pois são através deles que eles podem viver, lobisomens precisam deles para os ancorar a sua parte racional quando eles estão fora do controle, precisam do sistema de matilha e de família. Mas não são todos os seres que precisam disso?

E os feiticeiros? Eles podem ter características que muitos julgam 'demoníacas', mas afinal, para que eles precisam de seres humanos? E o que é realmente demoníaco? Algo que você não entende e então prefere categorizar aquilo como pecado? Se sim, o que dizer dos nefilins, que segundo algumas teorias, descendem de anjos caídos? O que dizer da natureza desses seres que, apesar de espalhados ao redor do globo, ainda formam menos da metade da população mundial?

Alguns comparam o surgimento das criaturas mágicas com a grande lenda mitológica grega, a Queda de Ícaro.

Mas antes de conhecer Ícaro, você precisa conhecer Daedalus.

Ele era um morador da cidade de Atenas e era conhecido por suas invenções e trabalhos manuais dignos da benção de Hefesto, assim como a de Atena por sua sabedoria indicando a engenhosidade humana. Segundo essa lenda, Ícaro era filho de Daedalus, o criador do Labirinto dos Monstros que aprisionava o Minotauro.

Daedalus entregou a tarefa de vigiar esse labirinto a Ícaro e para ajudá-lo em sua missão, criou asas especiais para ele, elas eram feitas de cera e pena de aves silvestres, belas e magníficas. Mas Daedalus o alertou que não era para voar muito próximo ao Sol e nem muito próximo ao Mar, pois suas asas ganhavam o poder de ambos através de sua interação e equilíbrio.

Mas um dia, Ícaro, sempre muito ganancioso e um tanto quanto infantil, querendo sempre se superar e não aceitando limites impostos, voou muito próximo ao Sol.

Em resposta a isso, suas asas derreteram com o calor da grande estrela de fogo e ele caiu no Mar, o levando a sua ruína, a sua morte.

Mas, o X da questão sobre esse mito, é que ninguém realmente sabe o seu real significado. Daedalus contava duas histórias, uma em que Ícaro vigiava o labirinto, e outra em que ele e seu filho foram presos e então Daedalus criou o par de asas para que Ícaro fugisse. Em ambas as histórias, o resultado foi o mesmo.

A verdade? Ninguém realmente sabe, Daedalus morreu e levou o seu segredo ao túmulo, mas o que todo mundo pode tirar desse mito, é que ele é um aviso sobre a ambição... Ou seria esse o medo de voar alto demais e cair? Até onde irá os limites da mente humana? Da sociedade como um todo? Até onde irá o medo?

Uma coisa que você pode sempre apontar na sociedade é que, os seres humanos, os mortais, não são tão indefesos quanto parecem. Suas mentes são brilhantes e incomparáveis, podendo criar coisas como a música, a literatura e ciência. Mas, apesar de seres formidáveis, eles se deixam levar exatamente por isso, sua humanidade, seu raciocínio ilógico, onde por não entenderem algo, resolvem repelir. O medo é um fator crucial onde tudo pode mudar se acrescentado na mistura.