Terça-feiraMaria Clara tem uma risada gostosa e boa de ouvir,aquele tipo de risada que é contagiante e abre um sorriso até da pessoa mais amargurada.E é bom ouvi-la rir perto da minha orelha,sentir o movimento da sua barriga acompanhar a respiração ofegante.Eu estou com a cabeça apoiada em seu peito e rio do vídeo no celular,um meme aleatório do Twitter,uma coisa incrivelmente idiota que sempre me faz rir.
-Que bom que você ri das mesmas idiotices que eu -ela diz e eu me ajeito para conseguir olha-la nos olhos.Estou sentindo um turbilhão de emoções ultimamente,já que a minha vida passou de remota para agitada em um piscar de olhos.Nem nos meus sonhos mais distantes eu imaginava que estaria dividindo a cama com uma garota que gosta de mim.Tipo,gostar de verdade.Foi o que Maria Clara me disse mais cedo,com essas exatas palavras.
Bom,deixa eu explicar melhor.Hoje é terça-feira e um dia normal como qualquer outro,a parte da manhã na escola foi igual a qualquer outra manhã e eu fiz as mesmas coisas de sempre,a não ser pelo fato de eu ter ido para a casa de Maria logo após o último sinal que indica o término das aulas tocar.Para ser bem honesta,eu estava com um peso na consciência por ter desmarcado o nosso encontro ontem para passar a tarde com Camile.Então,de noite eu resolvi mandar uma mensagem me desculpando novamente e sugerindo que encontrássemos logo.A resposta de Maria foi rápida e direta: "Passa na minha casa depois que você sair da escola",seguida pelo seu endereço.
Eu fiquei um pouco relutante,mas acabei aceitando.Que desculpa eu ia dar?A ideia de saírmos foi minha.Aliás,não há problema nenhum em ir na casa da menina que eu estou ficando,né? As pessoas fazem isso o tempo todo.
Mas eu nunca fui esse tipo de pessoa e situações assim me deixam nervosa.Como eu disse anteriormente,estou sentindo um turbilhão de emoções novas e eu não consigo controla-las.
E cá estou eu,na casa de Maria Clara.Ela divide um pequeno apartamento com uma garota da sua faculdade,que é bem simpática e tem um sorriso bonito.Quando eu cheguei,ela apenas me cumprimentou e perguntou o meu nome,apresentando-se em seguida.Não perguntou como eu e Maria tínhamos nos conhecido e nem o que somos,tipo amigas,namoradas e etc.Isso me fez pensar se Maria tem o costume diário de levar garotas até o seu apartamento.
-Eu rio de tudo,como você ja percebeu -eu digo olhando Maria nos olhos.É intimidante encarar as pessoas,mas acho que estou pegando o jeito da coisa.Ela retribui o olhar por alguns segundos antes de aproximar o rosto do meu e me beijar.
O quarto de Maria é aconchegante e bagunçado,muito bagunçado.A primeira coisa que eu notei ao entrar foi os livros empilhados de qualquer jeito no chão e as roupas na cama,as quais ela empurrou para abrir espaço para a gente sentar.
Sinto sua mão deslizar até a minha bunda e aperta-la,me encorajando a sentar em seu colo.E é o que eu faço,sento de modo a ficar de frente para ela,minhas pernas abertas entre seu quadril.Enquanto nos beijamos,sinto um frio na barriga de nervosismo.Essa é a primeira vez que beijo uma garota nessa intensidade e intimidade,ainda mais deitada em uma cama.
Tento me concentrar e focar nos meus instintos,mas a voz de Maria dizendo que gosta de mim não sai da minha cabeça.É como se ela estivesse repetindo sem parar,me torturando.
Ela me disse isso após ficarmos de bobeira em seu quarto,conversando sobre coisas aleatórias.Foi tão inesperado e involuntário que realmente me surpreendeu,eu não estava esperando por isso.Maria simplesmente parou de falar e me olhou por alguns segundos.
-Eu gosto de você,tipo de verdade -ela disse e eu apenas fiquei olhando-a,sem saber o que responder.Após alguns segundos eu acabei rindo,provavelmente de nervoso.
-Também gosto de você -eu disse e desviei o olhar,procurando desesperadamente alguma coisa no quarto que poderia inicar um novo assunto.Acabei comentando de um livro em sua cabeceira,o qual eu nunca li.
A mão de Maria continua em minha bunda e eu cotinuo retribuindo o beijo,mas a voz continua me atormentando.Tento silencia-la diversas vezes,mas nada funciona.O frio na barriga aumenta e passa a ser insuportável,me sinto sufocada e sem ar.
Paro o beijo abruptamente e Maria me olha,assustada.Saio de cima dela e me sento ao seu lado na cama,respirando devagar.
-Tá tudo bem? -ela pergunta,preocupada.Confirmo com a cabeça e fecho os olhos,concentrando na minha respiração.
Sinto um nó na garganta e uma sensação de desespero insuportável,como se estivesse em uma situação de perigo.Tento dizer a mim mesma que está tudo bem,mas nada funciona e os sintomas não vão embora.
Pego meu celular no intuito de mandar uma mensagem para Flora e me acalmar,mas paro no segundo em que vejo uma notificação de Camile.
Camile: já to com saudade do seu cantinho mágico :( me chama pra ir na sua casa de novo....
Bom,ai a minha ansiedade explode.Sinto que vou desmaiar e cair dura a qualquer momento,mas continuo concentrada na respiração e dizendo a mim mesma que está tudo bem.Maria me oferece um copo de água e me olha aflita.
-Desculpa -digo antes de sair do seu quarto e ir direto para o banheiro,fechando a porta ao entrar.Jogo água da torneira no meu rosto e olho meu reflexo no espelho,respirando fundo.Meu desejo é sumir e fingir que nada aconteceu.
------- recadinho da autora----------
olá!! quero agradecer as mensagens que vocês mandaram pedindo por um novo capítulo,vocês nem imaginam o quanto isso faz diferença e é um enorme incentivo para eu continuar escrevendo <3
e MEU DEUSSS estamos chegando a 5 MIL LEITURAS!!!! nunca imaginei isso e só tenho a agradecer.
obrigada por separar uns minutinhos do seu dia para ler a minha história <3
beijos e se cuidem!! <3
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De cabeça pra baixo ⚢ -EM REVISÃO-
Novela JuvenilLívia é uma adolescente comum que está vivenciando as novas e conturbadas emoções da adolescência ao lado da sua melhor amiga, Flora. Lívia nutre uma paixão platônica por Camile, uma garota da sua escola, há mais de um ano. Ao ser convencida por Fl...