Capítulo 3- Paranóias

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Segunda-feira

Não é fácil sair da cama em uma segunda-feira,principalmente quando o seu domingo foi resumido em ter a primeira ressaca da sua vida.

Encaro o teto do meu quarto,buscando por alguma força divina que me faça levantar e me arrumar para a escola.E mais uma vez me flagro pensando em Camile.

Uau,como se fosse alguma novidade.

Pouco tempo depois de termos nos beijado,um menino da sala de Camile adentrou no cômodo e disse que ela precisava resolver uma parada da festa.

-Na real,nunca mais participo dessa merda de grupo de organização -ela disse,revirando os olhos- Mas enfim,espero te ver novamente em breve.

Camile depositou um beijo na minha bochecha e saiu do cômodo,voltando à festa.Eu permaneci sentada por um bom tempo,me sentindo no mundo da lua e pensando como a vida é louca e imprevisível.Por fim,peguei meu celular e liguei para Flora.

Nem preciso dizer que minha melhor amiga surtou,mas podemos deixar para contar isso outra hora.

-A bela adormecida tá bem? -a voz da minha mãe me tira dos meus devaneios e eu esboço um sorriso fraco,ainda sentindo uma leve dor de cabeça.

Quando cheguei da festa,tentei disfarçar o meu estado de bêbada,mas o esforço foi em vão,pois no minuto seguinte minha mãe segurava o meu cabelo enquanto eu enfiava a cara na privada.

-Curtir a adolescência não significa beber até passar mal -minha mãe me alertou.Apesar dos sermões,eu a considero como a minha melhor amiga e em vários momentos eu senti vontade de contar sobre o beijo.

Meus pais sabem que eu sou bissexual e,graças a Deus,lidam super bem com isso.Eu sei que sou super sortuda e agradeço todos os dias por tem pais com a mente aberta.

Ainda me lembro da primeira vez em que eu beijei uma menina e fui toda receosa contar à minha mãe,a qual confessou,para a minha surpresa,que quando era mais jovem já tinha beijado uma garota.

-Tô bem sim,obrigada por cuidar de mim no domingo -digo e dou um beijo de bom dia na minha mãe.Por fim me levanto e me arrumo para a escola,o sono preenchendo cada milímetro do meu corpo.

Estaciono a minha bicicleta no bicicletário e vou em direção a Flora,que está parada na porta de entrada do colégio,entretida demais no celular para notar que eu estou me aproximando

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Estaciono a minha bicicleta no bicicletário e vou em direção a Flora,que está parada na porta de entrada do colégio,entretida demais no celular para notar que eu estou me aproximando.Hoje já é a terceira semana de aula e eu ainda não me acostumei a acordar cedo,ou seja,durante o caminho até a escola eu quase dei uma cochilada e quase causei um acidente não muito legal envolvendo bicicletas.

Dou meia volta e apareço por trás de Flora,espiando seu celular e colocando minhas mãos em seus olhos,tampando sua visão.Minha amiga solta um grito de susto e me dá soquinhos no braço.

-Puta que pariu,Lívia -ela diz e ajeita o cabelo,voltando novamente a sua atenção para o celular- Bom dia pra você também e olha só isso aqui.

-Bom dia não sei pra quem -respondo e pego o celular,lendo a conversa aberta.

O visor mostra o chat de Flora com Pedro,o menino com quem ela ficou na festa.

-"A gente podia combinar de sair,o que você acha?" -leio a mensagem e imito uma voz masculina,fazendo minha amiga rir.

Ela guarda o celular no bolso e nós nos dirigimos para os armários da escola.Suspiro ao ver as aulas do dia.Três horários de matemática?Soa mais como tortura.

-Parece que alguém está apaixonada -digo ao flagrar minha amiga observando o corredor,provavelmente procurando por Pedro.

-Olha quem fala!Até parece que não passou todos os segundos pensando em Camile... -Flora revida e eu reviro os olhos,sabendo que ela tem razão.Se tem alguém apaixonado aqui essa pessoa sou eu,mesmo que seja um paixão platônica idiota.
Eu não conheço Camile bem o suficiente para gostar de verdade dela,né?O quê eu sinto é apenas uma atração super hiper forte,tipo aquelas quedinhas que todo mundo tem na adolescência por algum famoso.A diferença é que eu beijei Camile e minha paixão platônica aumentou em medidas avassaladoras.

Terminamos de pegar nossos materiais e seguimos até a sala.Quando passamos na porta da sala do terceiro ano eu não consigo resistir e dou uma olhada discreta,procurando por Camile.Não sei ao certo o quê farei ao vê-la,mas sinto uma enorme vontade de vê-la de novo.

-Vou ir ao banheiro,pode ir pra sala,nos encontramos lá -Flora diz e eu concordo com a cabeça,vendo minha amiga seguir por outra direção.

Quando estou prestes a entrar em minha sala,avisto Camile subindo as escadas de forma estabanada,parecendo ter corrido uma maratona.Nossos olhares se cruzam por um momento e ela sorri,acenando e entrando em sua sala em seguida.

Fico parada no corredor e observo a porta se fechar.Tudo aconteceu tão rápido que parece uma imaginação da minha cabeça.Por fim entro na sala e olho sonolenta para as fórmulas matemáticas no quadro.

Logo eu começo a devanear,me desligando do que está acontecendo em minha volta.A imagem de Camile e do nosso beijo surge na minha cabeça e eu fecho os olhos,me perguntando se o beijo significou algo para ela.
Flora ficou com Pedro no mesmo dia que eu fiquei com Camile,e os dois já estão trocando mensagens de texto,enquanto eu e Camile nem trocamos nossos números de celular.
Abro os olhos e tento focar minha atenção na aula,forçando-me a não criar paranóias.

De cabeça pra baixo ⚢ -EM REVISÃO-Onde histórias criam vida. Descubra agora