POV Josh
Any estava imóvel, como se o tempo ao seu redor tivesse congelado. Sua expressão pálida e o olhar perdido me deixaram inquieto. Antes que eu pudesse perguntar o que estava acontecendo, Val apareceu, quebrando o silêncio.
– O quarto está pronto! – anunciou, com a habitual serenidade.
O quarto? No singular?
Eu e Any trocamos olhares confusos, mas seguimos Val até o segundo andar. O quarto era espaçoso. Any entrou e se sentou na cama, enquanto eu permaneci em pé ao lado, esperando que ela me guiasse até o meu próprio quarto.
– O senhor precisa de mais alguma coisa? – Val perguntou educadamente.
– Ah... meu quarto – respondi, direto.
– Sinto muito, senhor Josh, mas o quarto de visitas está em reforma. Como vocês são melhores amigos, não vi problema em dividir o quarto.
– O MESMO QUARTO? – eu e Any exclamamos ao mesmo tempo, atônitos.
– Sim, afinal, são melhores amigos, certo? Tenho certeza de que seu pai não se importará.
– É... mesmo... – Any respondeu, corando.
– Bom, então, boa noite! – disse Val, retirando-se com um sorriso tranquilo.
Entrei no quarto e olhei para Any, que ainda parecia processar a situação.
– Fique tranquila, eu durmo no chão. Não será problema.
– Certo... Vou escovar os dentes. Acho que minha escova ainda está aqui, mas há novas na gaveta dessa mesinha ao seu lado. Pode pegar uma.
– Ok. Ah, só para avisar, estou acostumado a dormir sem blusa. Tem problema?
– Não, fique à vontade, Josh.
Ela entrou no banheiro, e eu retirei minha camisa. Peguei a escova de dentes que ela indicou e me preparei para a noite. Quando Any saiu do banheiro, senti seu olhar sobre mim, mas decidi não comentar. Entrei, fiz o que precisava, e ao sair, percebi que ela já estava dormindo. Peguei um travesseiro ao lado dela e me ajeitei no chão. Logo o sono me venceu.
Acordei com o som de um trovão e um soluço abafado. Levantei-me rapidamente e olhei para Any.
Ela estava chorando.
– Ei, pequena... O que foi?
– Nada, Josh. Eu só não gosto de tempestades – disse ela, limpando o nariz, sem ousar olhar nos meus olhos.
– Any, te conheço o suficiente para saber quando está mentindo. Você é incapaz de me encarar quando não está dizendo a verdade. Pode confiar em mim. Estou aqui para você.
– Deita aqui comigo, Josh... Não me deixa sozinha, por favor – pediu, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
O aperto em meu peito foi tão grande que ignorei toda a minha educação e me deitei ao lado dela. Abracei-a com força enquanto ela encostava a cabeça no meu peito, ainda soluçando.
Ficamos assim por um tempo, até que Any decidiu falar:
– Eu morava no Brasil com meus pais. Éramos felizes... ou pelo menos foi isso que meu pai e eu pensamos. Minha mãe estava tendo um caso com o melhor amigo dele. Meu pai não sabia, mas já suspeitava. Eu percebia que minha mãe estava diferente: não cantava mais, desprezava meu pai e fingia que eu não existia.
Ela fez uma pausa, respirando fundo antes de continuar.
– Uma noite, durante uma tempestade, acordei assustada. Saí do quarto para procurar minha mãe, mas me escondi ao vê-la no sofá... Ela estava com o amigo do meu pai. Eu tinha só oito anos. Sem saber o que fazer, corri para o quarto do meu pai e contei o que tinha visto. O resto foi um caos: gritos, acusações... Minha mãe saiu de casa, na chuva. Corri atrás dela, desesperada para abraçá-la, mas ela olhou para mim e disse que a culpa era minha. Que eu era um estorvo. Que só me teve para salvar o casamento. E que nunca me amou.

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𝗖𝗼𝗺 𝗖𝗮𝗿𝗶𝗻𝗵𝗼 - 𝖡𝖾𝖺𝗎𝖺𝗇𝗒 ✔︎ Sendo Reescrita
Fanfic𝐴𝑛𝑦 𝐺𝑎𝑏𝑟𝑖𝑒𝑙𝑙𝑦 𝑢𝑚𝑎 𝑗𝑜𝑣𝑒𝑚 𝑑𝑒 20 𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑑𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑖𝑧𝑒𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑡𝑒𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑜́𝑡𝑖𝑚𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎, 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑚 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑖𝑡𝑜, 𝑐𝑜𝑚 𝑢𝑚 𝑜́𝑡𝑖𝑚𝑜 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑔𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑎𝑑𝑣𝑜𝑔𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑒𝑚�...