quatro.

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Seus olhos pretos me puxavam pra cair no infinito, eram grandes orbitas pretas que condicionavam ao mais profundo que eu conseguia ir. Seu corpo falava muito mais do que ele deixava sair. E eu adorava ouvir cada expressão sua.

-Não estou fazendo isso por você.-respondi-. Sua mãe precisa de ajuda. Estou ajudando ela.

Ele soltou o ar e colocou as mãos dentro dos bolsos da sua calça e olhou pra cima, claramente impaciente. Ele sabia que eu estava certa.

-Eu estou conseguindo me virar. Não preciso que ajude.

-TaeYong, não quero que se mate de trabalhar. Não precisa enfrentar tudo sozinho. Doyong vai pro exército em um mês. Quem você pretende que te ajude?

-Então foi o Doyong.-murmurou fraco-. Filho da-

-Por favor, não encare isso como uma coisa ruim. Eu só quero ajudar. Posso ficar aqui com a sua mãe durante a algumas partes do dia.

Ele estava quase parindo um filho se fosse possível. Era orgulhoso demais. Olhou para todos os lados pensando em alguma coisa.

-Certo.-disse acenando com a cabeça-.

-Você desistiu mesmo sobre a proposta da revista?-perguntei-. Você sabe que trabalharia menos horas e ganharia cinco vezes mais do que deve ganhar.

-MiSuk, pare de querer que eu faça o você acha que é melhor pra mim.- ele disse já se retirando da minha frente-.

-Mas você se daria bem como modelo. Você já é bonito naturalmente.-disse e só pensei depois, levando-me a sentir meu corpo queimar de vergonha-.

Ele me olhou por cima dos ombros e soltou um sorriso sarcástico. Droga, eu tinha passado do limite da vergonha. Me sentia totalmente constrangida. Fiquei ainda alguns minutos tentando processar tudo que tinha acontecido até lembrar do sorriso.
Ah, o sorriso. Mesmo que ele estivesse rindo do meu desespero, ainda continuava o melhor dos sorrisos. Seus lábios finos que delineavam seus dentes brancos sempre foram como um ímã.
Quando notei, já era tarde e meu corpo insistia em querer se deitar.

-Está tudo bem?

Ouvi alguém atrás de mim. Notei que era um dos funcionários que estavam na recepção. Aliás, que funcionário. Sua beleza era incontestável. Seu crachá indicava que ele era médico. Comprimi os lábios em um sorriso e assenti com a cabeça.

-Tem certeza?-perguntou novamente-. JunMyeon, prazer. -disse ao se curvar-.

-MiSuk.- respondi me curvando em resposta-.

-Está tudo bem entre você e seu...

-Amigo.-respondi rapidamente-.Sim. Estávamos apenas conversando.

Ele ergueu as sobrancelhas e assentiu. Estava ficando estranho o silêncio por uns segundos ate que resolvi cortar.

-A mãe dele está internada. Tuberculose ganglionar. Ele anda mais preocupado que o normal.

-Se não se importar posso ajudá-la. Geralmente quando um médico pede, os exames saem mais rápidos.

-Sério???-respondi sorrindo-. Eu ficaria muito grata. Estarei aqui no quarto 702 à tarde.

-Certo.- ele sorriu-. Nos vemos amanhã.

Ele entrou novamente no hospital. Aparentemente TaeYong não gostaria da minha presença então resolvi ir para casa.

Joguei minhas coisas no sofá e fui diretamente à caminho de um banho que durou uma hora. Eu precisava muito relaxar. Ao sair lembrei-me de avisar meu chefe que começaria a ir mais cedo pro trabalho e também sairia mais cedo.

Ouvi meu celular tocar e olhei o horário no relógio de parede. Uma hora da manhã. Quem me ligaria à esse horário? Notei o nome brilhante na tela e quase que meu coração saiu do meu corpo. TaeYong. Mas, eu devia atender? Fiquei alguns segundos paralisada. Até o momento eu tinha sido muito fácil. Será que TaeYong estava voltando atrás? Atendi quando notei que ia parar de chamar logo menos. Só que nenhum som saiu da minha garganta. Lembrei como adorava conversar com TaeYong pelo telefone. Mesmo trabalhando muito, ainda dava seu horário de almoço pra conversar comigo.

-MiSuk? -murmurou-.

Um arrepio percorreu meu corpo inteiro, somente ao ouvir sua voz dizendo meu nome do outro lado da linha.

-Oh, TaeYong. Aconteceu alguma coisa?-perguntei-.

-Hum...-ficou em silêncio mas eu podia ouvi-lo soltar sua respiração de uma vez-. É sobre...

-Sobre???- perguntei-.

-Eu aceito a proposta.- respondeu rapidamente-. Então...

-Da revista? -perguntei ainda não acreditando no que ouvia-. É sério????

-Sim.- ele disse nada animado-.

-Ótimo. Vou contatar a equipe e te ligo para marcar o dia e o lugar. - disse já planejando, até o silêncio tomar conta-. TaeYong...

-Sim?-murmurou-.

-Obrigada.

-Nos vemos depois.-ele respondeu rispidamente e desligou a chamada-.

Escorreguei pela minha cama enquanto mandava uma mensagem para o meu supervisor. Involuntariamente um sorriso se abriu de canto a canto do meu rosto.

the 7th sense » lee taeyongOnde histórias criam vida. Descubra agora