oito.

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Sim. Eu entendia. Agora estava mais claro do que nunca ver o olhar de desdém que JunMyeon olhava para TaeYong. Era o mesmo que alguns olhares na recepção naquele dia.

- Está tudo bem, te vejo depois JunMyeon.-eu disse completamente séria-.

Sua imagem ainda relutou a sair dali como se desconfiasse de algo, ou melhor de TaeYong.

- Como está sua mãe?-perguntei-. Recebi sua mensagem de que não precisaria mais ir ao hospital.

- Ela já está melhor.-ele respondeu-. Terá alta possivelmente semana que vem.

- Fico feliz.-eu sorri fraco e o silêncio tomou conta-.

Era apenas eu e ele ali. E o silêncio.

- Acho que já vou então.-eu disse quebrando o silencio-.

- Espera.-sua voz foi tão repentina que me assustou-. Eu vim te agradecer. Por sua causa, eu estou trabalhando para uma agência de modelos. E também agradecer por ter ajudado a minha mãe, você sabe.

Eu encarava seu rosto um pouco vermelho ao dizer aquilo. Ele estava com vergonha. Seus olhos não paravam em mim de nenhum jeito e suas mãos permaneciam dentro dos bolsos da calça. Deixei um sorriso leve escapar.

- Tudo bem.-respondi-. Se precisar, me chame quando quiser.

- Quer uma carona?-ele perguntou apontando para sua moto do outro lado da rua-.

Aquela moto era o que TaeYong mais prezava, desde sempre e por isso estava em tão bom estado mesmo tendo um pouco mais de cinco anos. Ele a usava pouco.

- Ah, claro. Porque não?- atravessamos a rua e ele me ergueu um dos capacetes -.

Enquanto ele colocava eu tive que parar para apreciar, seus traços fortes sendo cobertos pelo capacete.

- Ainda sabe onde é minha casa?-perguntei assim que subi na moto-.

- Óbvio.-ele respondeu, me surpreendendo-.

Me agarrei ao seu corpo me sentindo confortável novamente, mesmo em alta velocidade vendo Seul passar rapidamente apenas ressaltada por suas luzes. Fechava os olhos apenas apreciando o seu perfume amadeirado preenchendo os meus pulmões. Meus braços contornavam seu tronco magro e a única coisa que eu queria era permanecer ali por um tempo maior.

Graças a todos esses sentimentos a viagem durou menos tempo do que eu esperava. Desci da moto retirando o capacete e estendendo novamente para TaeYong que ainda permanecia em cima da mesma.

- Obrigada pela carona.- respondi acenando, já não esperando que ele apenas assentisse-.

- MiSuk.-sua voz me chamou enquanto ele retirava o capacete-.

Novamente parecia uma miragem. TaeYong parecia ter sido esculpido centímetro por centímetro pelos deuses. Sua expressão seria de sempre levaram seus olhos profundos até longe. Taeyong não era a melhor pessoa quando se falava de contato visual. Ele deveria saber que tinha o olhar extremamente profundo e qualquer um cairia nesse abismo.

- Eu vim me despedir.

Meu coração parou imediatamente. Não sei porque eu estava me sentindo daquela forma, sendo que ele já não fazia mais parte do meu dia a dia.

- Porque se despedir?

- Estou indo para o Japão, com a agência. Também não sei quando volto.

Eu fingi não estar prestes a chorar, ia ser patético caso chorasse ali na frente dele.

- Em apenas uma semana na agência? E sua mãe?-perguntei-.

- Eles disseram que meu perfil se encaixava mais nas propostas no Japão.-ele riu leve mexendo em seus dedos-. Minha prima está vindo de Busan cuidar dela por um tempo, até que possa ir para o Tóquio também.

Engoli seco. Tantas coisas passavam pela minha cabeça que eu nem conseguia me concentrar no que dizer.

- Se quiser, ela pode ficar aqui em casa.

- MiSuk, porque você faz isso?-ele disse soltando o ar-.

Escutei atentamente suas palavras que me confundiam ainda mais. Então seus olhos se cruzaram com os meus finalmente, me trazendo todas as lembranças vividas nós sonhos.

- Você não precisa se esforçar por mim. Sei que se sente culpada pelo nosso término mas já está tudo no passado, não?

As palavras dele doíam mais do que se eu estivesse sendo torturada por facas afiadas. Até que eu percebi que ele já tinha superado. E eu continuava a mesma idiota.

- Você está certo.-respondi sorrindo fraco-. Está tudo no passado.

Seus olhos brilhavam um pouco mais, pareciam mais escuros enquanto me encarava. Não parecia ser a resposta que ele queria. Ou seria? TaeYong queria finalmente por um ponto final? Seus lábios finos se comprimiram e então ele colocou o capacete novamente. Meu corpo estava estático no mesmo lugar em que havia descido.

Céus, o que havia acontecido?

Entrei em casa e naquela noite eu chorei até cair no sono, como uma criança. Em contrapartida, eu estava de certo modo aliviada por tudo ter finalmente acabado.

the 7th sense » lee taeyongOnde histórias criam vida. Descubra agora