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Ele estava concentradíssimo, lendo os arquivos com a cabeça apoiada na mão e fazendo anotações como se estivesse com pressa. Pela expressão dura e confusa, ela sabia que ele estava com medo de perder aquele caso.

Donna tinha acabado de sair de uma ligação com a sua mãe e precisava tomar coragem pra fazer o que precisava ser feito. Ela respirou fundo antes de se levantar, mas, ao ver o estado em que seu chefe estava, preferiu esperar.

Talvez essa não seja uma boa hora, talvez eu acabe o prejudicando...

Mas enquanto se decidia, recebeu uma mensagem da sua irmã:

Você sabe que eu não posso largar tudo. Eu preciso que você assuma isso por nós.

Irritada, ela jogou o telefone no teclado do computador, sem se preocupar em qualquer dano que aquilo causaria ao objeto. Estava na hora, ela não tinha como fugir. Precisava contar tudo a Harvey.

Respirando fundo, ela levantou de sua cadeira e alisou seu vestido, como se já não estivesse perfeitamente alinhado. Ela viu quando Harvey virou uma página do arquivo que lia e suspirou. Sentiria falta daquilo... Ele ficava tão sexy quando estava concentrado...

Foco!

Dando dois passos tímidos em direção ao escritório do advogado, ela viu quando ele levantou a cabeça para olhá-la.

- Que bom que você veio aqui. Sempre lendo meus pensamentos! – Ele sorriu. – Eu preciso que você me traga a cópia do caso Fox, aquele que cuidamos no início do ano passado. Eu acho que eu talvez tenha uma brecha aqui e

- Harvey. – Ela o interrompeu. – Eu preciso falar com você.

- Claro, Donna. Eu só preciso que você

- Agora. – Ela o interrompeu de novo. – É importante.

O advogado percebeu que sua secretária estava inquieta e largou os papeis que segurava em cima da mesa, pronto a ouvir o que Donna tinha a dizer. Ele percebeu que o assunto deveria ser realmente sério quando viu a ruiva balançar os braços nervosamente antes de sentar à sua frente.

- O que houve?

- Meu pai. Ele tá muito doente, acho que ele não tem mais muito tempo de vida. – Donna olhou pra cima rapidamente, tentando segurar suas lágrimas. Pensar em seu pai em estado vegetativo numa maca de hospital era doloroso demais... – Minha mãe acabou de me ligar pra me contar isso.

- Donna, eu... Eu sinto muito. – Harvey sentiu vontade de esticar suas mãos e segurar as de Donna, mas se conteve. Eles não faziam isso. Ela não fez quando seu pai, Gordon, morreu, então...

- Está tudo bem. Eu já sabia que isso ia acontecer algum dia, eu só... Não pensava que fosse já. – Ela sacudiu os ombros e respirou fundo, tomando coragem pra continuar.

- Você quer uns dias de folga pra visitar ele?

- Não. Mas eu... – Donna suspirou. – Antes de cair doente, ele investiu em mais um de seus projetos e, pra surpresa de todos, esse finalmente deu certo! – Harvey arqueou as sobrancelhas, surpreso. Ele não esperava que isso fosse acontecer algum dia.

- Eu fico feliz, Donna. Mas que pena que aconteceu só agora.

- Pois é. A questão é: ele decidiu abrir uma espécie de escola virtual, eu não entendi muito bem... Eu sei que existe esse site em que alguns professores de música dão aulas e os alunos pagam uma mensalidade pra poder assistir. Os professores são altamente qualificados e o número de alunos é bem expressivo, então não daria pra simplesmente largar tudo.

- Donna, isso é ótimo! – Harvey abriu um largo sorriso, se contendo novamente pra não segurar as mãos da secretária.

- Pois é. – Ela sorriu também. – O meu pai cuida do gerenciamento desse site. E da contabilidade – ela adicionou rapidamente. – Bem, cuidava.

Ela foi emboraOnde histórias criam vida. Descubra agora