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[...]

Donna fechou a última janela e suspirou. Não se sentia nem um pouco feliz, mas havia prometido a si mesma que não aceitaria menos do que aquilo que ela merecia.

A noite com Harvey havia sido maravilhosa e ela até tinha sentido que ele havia sido sincero quando prometeu uma vida junto dela, mas Donna não conseguia confiar nas promessas de um homem que demorou quatorze anos pra criar coragem e lutar por ela.

Harvey ainda era o homem que a havia deixado ir embora, o homem que não foi atrás dela como ela esperou que ele faria. Ele ainda era o homem que fingiu não sentir nada por doze anos. Ele ainda era o homem que disse que a amava e negou o sentimento no dia seguinte.

Talvez ele tivesse realmente mudado, talvez ele tivesse sido sincero, talvez fosse uma questão de coragem... Mas Donna não podia arriscar. Já havia perdido doze anos de sua vida na volta de um homem que não foi capaz de lutar por ela, havia perdido, também, um homem maravilhoso que não fez nada além de amá-la... Não seria justo com ela mesma aceitar as migalhas que Harvey a oferecia.

Não que o amor do homem fossem migalhas, nem a maravilhosa noite de amor que tiveram juntos, nem as declarações e as promessas... Mas, ainda assim, era pouco. Era pouco pra quem teve que esperar quatorze anos. Era pouco pra quem teve que voltar pra ele, ao invés de ter sido buscada por ele. Era pouco pra quem estava disposta a largar tudo por ele. No mínimo, ela merecia que ele estivesse disposto a largar tudo por ela, também.

Mas isso, ele nunca estaria. Essa prova de amor, ela sabia que não receberia.

Assim, aos prantos, com o coração partido, Donna decidiu ir embora. Arrumou suas malas e fechou a casa, repetindo a si mesma que havia tomado a decisão certa. Ela ligaria para Rachel de Seattle, contaria tudo o que aconteceu e lhe explicaria sua decisão. Com certeza, sua amiga a entenderia.

Se tivesse coragem, ligaria para Harvey e lhe diria suas razões, ou talvez não. O ponto é que voltaria pra Seattle, com o coração partido, e tentaria retomar sua vida. Sem Matthew, sem Harvey, sem pretensão de ser muito feliz. Esperaria até que a poeira abaixasse e que ela pudesse organizar seus pensamentos.

Dali pra frente, ela tentaria reorganizar sua vida, como fez há dois anos e quatro meses atrás. Porém, dessa vez, ela não esperaria por um homem que nunca vai chegar.

xx


- Rachel, eu não entendo... Não é possível que ela simplesmente tenha ido embora. – Harvey estava indignado. Estava na porta da casa de Donna há mais de meia-hora e falava com Rachel e Mike pelo telefone.

- Ela precisava ir, Harvey. Ela teve um imprevisto e

- Mentira! – Harvey a interrompeu. – Se ela tivesse ido por causa de um imprevisto, ela teria me avisado. Ela não me mandou nem uma mensagem me avisando, Rachel!

- Harvey, eu não sei porque ela não falou com você, eu só

- O que importa é que ela foi embora. – Mike interrompeu a noiva. – O que você vai fazer sobre isso?

- O que eu vou fazer? Eu vou ligar pra ela o dia inteiro, até que ela me atenda. Eu vou perguntar por que ela foi embora e ela vai ter que me dizer.

- É sério, esperto? – Mike perguntou sarcástico e Harvey, do outro lado da linha, pôde imaginar que o menino revirava os olhos. – Ela foi embora, Harvey. Acorda. Não interessa porquê.

- E o que eu devo fazer então? Esperar que ela volte?

- É exatamente isso que você precisa fazer, Harvey. – Rachel respondeu, e seu tom de voz fez a espinha de Harvey arrepiar, mas não foi um arrepio bom. Apesar do que a morena dizia, Harvey sentiu como se ela o estivesse ameaçando.

Ela foi emboraOnde histórias criam vida. Descubra agora