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Já faziam dois anos e quatro meses. E era como se toda uma vida tivesse passado, mas, ao mesmo tempo, nem mesmo cinco minutos desde a última vez que Donna estivera em sua frente. Harvey ainda podia ouvir a ruiva lhe pedindo demissão, com a voz fraca e trêmula. Ele sabia que aquilo não havia sido fácil pra ela, mas passados mais de dois anos, parecia que tudo tinha ido bem.

- Harvey, a CEO daquela empresa de cursos virtuais chegou. – Gretchen, a secretária do advogado, informou, colocando meio corpo dentro da sala dele. – Ela marcou um horário com você, mas eu não a encontrei nos registros dos seus casos antigos e, como ela não adiantou nada por telefone, não sei se se trata de uma nova cliente.

- Deve estar querendo que a representemos, pode ser que a empresa esteja crescendo... Bem, eu vou até lá.

- Ela está na sala de conferências.

Harvey assentiu. Gretchen era uma ótima secretária, mas ele sentia falta dos comentários debochados e provocativos de Donna, que provavelmente lhe diria pra não abusar de seu charme ao tentar fechar negócio com a empresária ou, ainda, lhe diria para tomar cuidado com a beleza da mulher.

Mas Gretchen não disse nada. Ela apenas abriu um leve sorriso e saiu da sala do advogado, voltando para seu cubículo. A mulher era mais velha que Harvey, então não tinha muita intimidade com ele para lhe fazer as mesmas brincadeiras que Donna fazia. Ainda assim, ela tinha seus momentos de colocar o homem em seu lugar.

Harvey suspirou. Como sentia falta dela...

Lentamente, quase como se não quisesse fazer seu trabalho, o advogado foi até a sala de conferências. A parede de vidro o permitiu ver a mulher que estava ali dentro e ele não pôde acreditar no que via. De costas, uma mulher alta, magra e ruiva observava a cidade através da enorme janela que havia na sala.

Seria possível?

Harvey respirou fundo e foi tomado por uma onda de excitação que o fez mover-se mais rapidamente. De súbito, abriu a porta da sala e disse oi.

A mulher, sorrindo, se virou lentamente.

- Oi Harvey.

Era ela. Em todo seu esplendor, com as roupas caríssimas de sempre e o mesmo sorriso de antes.

- Donna... – Harvey murmurou, se aproximando da ruiva lentamente. Era ela, a mesma de 2 anos atrás, mas ainda assim ele sentia como se muita coisa tivesse mudado.

Ao menos na aparência, a princípio a única diferença estava no cabelo liso. Antigamente, Donna o deixava com mais volume e enrolava as pontas. Harvey ainda não sabia dizer se preferia como era antes, ou como estava agora.

- V-você... Voltou? – O advogado perguntou quando chegou perto o bastante. Ele não conseguiria tocá-la se quisesse, mas já podia sentir o perfume da mulher.

- Bem, sim e não. – Donna riu baixinho. – Eu vou voltar pra Nova Iorque, mas não pra empresa.

Harvey assentiu. Não poderia dizer que era uma má notícia, mas tê-la na cidade ainda não era o suficiente. Ele queria mais.

- Fico feliz que esteja de volta. Mesmo que só na cidade. – Ele franziu os lábios e Donna sorriu. – Como estão as coisas? Você... Ficou bastante tempo longe.

A ruiva suspirou e se aproximou da grande mesa que havia na sala. Ela se sentou em uma das cadeiras e cruzou as mãos na superfície de madeira, não tirando seus olhos dali. Não poderia encará-lo nem se quisesse.

- Bem, a ideia era não voltar nunca mais. – Harvey engoliu seco. Como assim? – Eu me encontrei em Seattle, sabe? A empresa me deixava com muita dor de cabeça no início, mas depois eu consegui tomar as rédeas direitinho. – Ela sorriu orgulhosa e Harvey se sentou ao lado dela. – Depois, eu acabei me reaproximando da minha família e isso me deixou muito contente.

Ela foi emboraOnde histórias criam vida. Descubra agora