Primordiais

- A batalha começa -

- Tiego! Aqui!

- Quem disse isso?

- Aqui Tiego!

- Onde você está? Por que eu não posso te ver?

- Eu estou aqui Tiego. Aqui!

- Aparece!

- Eu estou bem aqui Tiego.

Tiego se virou de costas. Ali, parado na sua frente estava um garotinho. Louro, de cabelos compridos. Não devia ter mais do que 9 anos.

- Você tem que vir aqui, eu preciso te contar uma coisa. - falou o menino

- Mas eu já estou aqui - respondeu Tiego, sem entender

- Não, você precisa vir aqui. - repetiu o menino

Tiego olhou em volta. Em redor deles pairava uma estranha neblina prateada, estava escuro, fazia frio. Tão escuro que Tiego apertava os olhos na tentativa de enxergar mais distante e não conseguia. Seus pés formigavam, e quando olhou para baixo percebeu que estava mergulhando até os joelhos em uma água totalmente preta. Tiego começou a sentir um sono forte e pesado tomar conta do seu corpo.

- Você precisa vir aqui Tiego! Você precisa vir aqui, eu tenho que te contar. - dizia o menino, agora apressadamente

- Me contar .. o quê? - perguntou o garoto, caindo no sono.

                                             ***

Toc toc toc

O som de batidas na porta parecia vir de tão longe.

Toc toc toc

Talvez fosse no quarto ao lado, Tiego podia voltar a dormir.

TOC TOC TOC

Não, não era em outro quarto, era no dele. Tiego puxou a coberta de cima do rosto, a afastando de seu corpo, e forçou suas pernas para fora da cama. A súbita claridade do quarto, banhado pela luz que entrava pelas portas da sacada, incomodava os olhos do garoto. Cambaleou até a porta e a abriu.

- Tiego nós ... - começou a dizer Agatha, parando de falar no meio da frase. Ela olhou para o garoto e depois desviou o olhar para o corredor.

- Dá pra você vestir alguma coisa, por favor? - pediu ela

- Do que você tá falando? - perguntou Tiego, olhando para o próprio corpo, e percebendo de supetão que estava apenas com a roupa de baixo.

- Ah meu Deus, desculpa - disse ele, correndo pelo quarto procurando alguma coisa pra vestir, agarrando um roupão pendurado em um cabideiro no canto do cômodo. - Eu não vi que estava assim, eu, eu devo ter tirado enquanto dormia, desculpa. - tentou se redimir

- Tá bem - respondeu Agatha, com o rosto ficando levemente vermelho - Amélia precisa da gente agora na sala do conselho. Se veste rápido. 

- Okay. - respondeu o menino, correndo para o banheiro.

Quando Tiego e Agatha entraram na sala do conselho, todos já estavam lá, com exceção de Caloc, o dragão, e Arthur, o representante dos ademons.

- Finalmente. - disse Luna, a bruxa olhava para Tiego com reprovação.

- Que bom que estão aqui meninos. - falou Amélia. Estava aflita, com as mãos cruzadas sobre a mesa, parecia nervosa. Ainda assim, sustentando sua pose de rainha.

- Majestade - respondeu Tiego, fazendo uma mesura - Aconteceu alguma coisa? - Perguntou.

- Tememos que sim - respondeu Amélia - Na noite passada um grupo grande de ogros atacou a costa nordeste de Erelü.