Cap. 1

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Any Gabrielly

Movimento de esquerda, de direta, agora um pouco de dougie e stanky leg, logo incluindo o famoso Moonwalk. Parei um instante de dançar para ir até a cômoda, onde peguei o celular em mãos. Ainda faltam 40 minutos.


Deixo o celular de lado, caminhando até o som, coloco o volume no máximo, logo assim voltando a dançar. Não sei explicar como me sinto fazendo o que mais amo, o que mais almejo. É como se isso alimenta-se o meu espírito, a minha alma. A música, a batida, a melodia, tudo! É o meu alicerce para me manter firme diante das situações da vida. Não é só dança, é mais do que isso. É uma linguagem, uma forma de se expressar, uma comunicação.

Pena que nem todo mundo entende isso...

A porta do meu quarto é aberta com um estrondo, viro o rosto no mesmo instante, meu corpo se torna tenso com a pessoa que entra a seguir.

Não, não.... Era para ele ainda estar no trabalho.

─ DE NOVO ISSO? - berrou contra mim.

Por um instante o ar me faltou.

Seu olhar furioso vai no som, que seguia tocando alto, ele não pensou duas vezes antes de o desligar com tamanho ignorância, fazendo o mesmo cair do puff; se espatifando no chão.

─ Quando é que você vai parar com essa palhaçada? - sua voz saiu baixa, perigosa ─ ME RESPONDA! - exigiu alto.

─ Pai... - tentei falar, mas recebi um corte.

─ Estou fazendo do possível e impossível para investir no seu futuro! E é assim que se mostra grata? - deu três passos, abaixei a cabeça com sua aproximação ─ Era para você estar estudando, e não brincando de dançarina!

Brincando?

─ Pai, eu só queria...

─ Minha vontade é mandar você de volta para o Brasil! - diz com tamanho desprezo.

O olhei esperançosa. Isso era definitivamente tudo o que eu mais queria.

─ Mas aí lembro que sua mãe faz todas as suas vontades - girou o dedo indicador, parando em mim ─ Escute só - respirou fundo e me olhou nos olhos ─ Você vai se matar de estudar, vai passar naquela prova e entrar na faculdade de Direito.

Não consegui evitar o descontentamento em minha face.

─ Nem adianta me olhar desse jeito. Você não sabe como muitos querem essa oportunidade, menina.

Mas eu não quero.

─ E outra - caminhou até o som, o pegando em mãos - Não ouse, nunca mais, se entregar a essa palhaçada. Espero que tenha sido o último som que você comprou escondido de mim - o balançou, dando ênfase na sua fala.

Você está me matando...

Senão, as consequências serão bem mais severas.

Me sufocando...

─ Eu já estou cansado disso tudo, caramba!

Presenciei meu mais novo som ser lançado com força contra parede.

Estou morrendo por dentro...

─ Estamos entendidos? - eu estava petrificada, apertando com força as mãos em punhos; sentindo as unhas perfurarem minha pele ─ Estamos entendidos, menina?

No Ritmo Do Coração(beauany) Onde histórias criam vida. Descubra agora