Cap. 10

1.3K 131 45
                                    

Any Gabrielly

Fechei os olhos, apertando as mãos em punho

─  Por que saiu correndo? - me virei em sua direção, com os dentes trincados.

─ Mas que caralho você estava pensando? - Minha voz saiu alterada.

─  Do que você está falando exatamente? - cruzou os braços.

Dei um passo em sua direção, mas parei quando sentir que minhas pernas tremeram.

─  Como que você faz aquilo - abaixei o tom da voz ─  Sem me perguntar primeiro?

─  Se refere a batalha que você acabou de fugir? - falou como se não fosse nada.

─  Você não tinha o direito!!! - gritei.

Não me importava se as pessoas na rua nos olhavam curiosos.

─  Por que? - sua voz estava assustadoramente calma e isso me irritava demais.

─ Por que? Mas como por que? - Fiz movimentos frenéticos com as mãos

─ O que é isso? Está tendo um ataque?

─ Mais que saco! - Me virei de costas, passando as mãos no cabelo, a flor da pele ─  Isso não é justo!

─ O que não é justo, Any? - pergunta como se realmente quisesse saber.

─  O que você está fazendo - murmurei cansada - Isso tudo é pra eu desistir? - o olhei cansada ─ Eu não tenho culpa se você fez o favor de sortear o meu nome com o seu.

Ele me olhou confuso, como se não tivesse entendido de primeira o que falei, mas então balançou a cabeça negativamente.

─ Não estou fazendo nada para que você desista, nesse caso, diria que estou fazendo totalmente o contrário - sua voz saiu séria.

─ Então pra que merda me trouxe pra cá e armou esse showzinho? - o olhei irritada ─  Você me fez me sentir uma idiota na frente de todos!

─  Você fugiu, Any - pois as duas mãos na cintura e olhou para o lado ─ Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você.

Senti como se tivessem jogado gelo sobre minha cabeça.

Então eu sou uma covarde?

─  Vamos, vou acompanha-la até o seu carro - começa a andar.

─ Eu não quero sua companhia - consegui dizer.

─ Não seja tola e agradeça a minha gentileza - Rir sarcasticamente.

─ Você me insulta e depois quer ser gentil? - consigo andar até ele, parando em sua frente.

─  Eu não te insultei - disse de forma devagar ─ Agora podemos ir até o seu carro normalmente? Eu não posso ficar desperdiçando tempo atoa.

Ele é inacreditável.

─ Você disse que precisava ter certeza de algo - passei a língua entre os lábios ─  Você me trouxe pra esse lugar, aprontou aquela sacanagem comigo - aponto o edifício com a cabeça e agora quer que eu aja de um modo normal? - assentiu.

─  Que bom que entendeu.

Voltou a andar, enquanto eu fiquei parada, abismada com tanto cinismo

E a propósito - sua voz se elevou ─  Agora tenho a certeza que queria. Amanhã começaremos o ensaio de verdade.

Eu sinceramente nem sabia como reagir mais, por mais que eu o xingasse ou dissesse o quão sua atitude fora errada, ele não ligaria, agiria como se nada demais tivesse acontecido, ele permaneceria tranquilo e eu com raiva, ele está só brincando comigo e eu estou caindo na sua brincadeira como uma idiota...

Ele me quer ver desistir...

O caminho da volta foi em um silêncio agonizante, a todo momento anulava a sua presença em minha mente, contanto que assim que cheguei ao meu carro, dei partida sem lhe dirigir uma palavra ou um olhar, não que ele se importasse, o que deixou claro que não se importava com nada.

Quando cheguei em casa, a noite já havia caído, subi direto para o meu quarto para tomar um banho. Fiquei cerca de uma hora embaixo da água fria, as vezes a água gelada me trás um relaxamento, parece estranho, mas só faço isso quando fico tensa ou irritada.

As vaias ainda ecoam em minha mente, como se dissessem:

Covarde, covarde, covarde

Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você.

Covarde!

Abracei o meu corpo e deslizei pela parede molhada, tendo a cabeça baixa.

Eu não vou desistir, não cheguei até aqui pra desistir...

No Ritmo Do Coração(beauany) Onde histórias criam vida. Descubra agora