Cap. 8

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Any gabrielly

E mais um dia se reiniciou, segui a rotina de sempre, ao acordar tomei um belo de um banho, vesti minhas roupas, passei uma maquiagem leve no rosto e desci com a minha bolsa para tomar café, mas quando cheguei lá, encontrei a mesa desocupada.

─ Seu pai teve que sair bem mais cedo hoje, disse que ficaria dois dias fora - A Mary passa por mim com uma bandeja de pãozinhos, que logo põe sobre a mesa.

─  Mas ele acabou de chegar de uma viagem - falo ao me sentar na mesma, encarando a comida a minha frente.

─ Eu sei, meu amor, mas seu pai...

─ Tem um trabalho importante e está sujeito a imprevistos - a corto balançando a cabeça para os lados ─  Já sei disso - respiro fundo e pego um pão ─ Mas tudo bem, nada fora do normal - dou de ombros e mordo um pedaço.

─  Vai querer algo especial para o almoço? - me pergunta com um sorriso gentil.

─ Na verdade - termino de mastigar o pão ─ Vou almoçar fora hoje.

─ Algum compromisso?

─ Podemos dizer que sim - dou de ombros e volto a comer.

─ Ah, entendi. Vou voltar para os meus afazeres, tenha um bom dia, Any.

─  Igualmente - abri um pequeno sorriso para ela que logo se retirou.

Quando menos vi, já estava em meu carro andando pelas ruas da cidade, hoje não me darei ao luxo de faltar aula, duas já poderiam me encrencar, e não posso bota tudo a perde agora. E olhando por um lado, foi até bom essa viagem repentina do meu pai, assim não terei que me preocupar em chegar em casa mais tarde, somente por dois dias, mas melhor do que nada, não?

Cheguei no preparatório no horário, me sentei no canto como sempre. Nunca cheguei a fazer nenhuma amizade aqui, não por ser antissocial ou coisa parecida, é que sempre olhando para eles, vejo o quão estão empolgados e felizes por estarem aqui, e sempre em seus grupinhos, o assunto mais falado é quando eles forem para a faculdade e tudo mais... Eu, bom, eu me sinto totalmente deslocada nesta sala, aqui de fato nunca será o meu lugar.

O orientador logo entrou na sala, dando início a mais uma aula torturante(Para mim).

Andei pelo pequeno bairro em busca de um lugarzinho para comer, até achar um boteco, não ficava longe da TD, então poderia comer na tranquilidade. Pedir um peixe frito acompanhado por algumas especiaria, também desfrutei de um bom suco de laranja. Esse lugar ganhou do restaurante que um dia meu pai me levou. A comida tinha gosto de esopo, sem falar que era caríssima.

Paguei a comida e entrei novamente em meu carro, indo assim direto para a Top Dance, e como de costume, ela estava fechada. Fiquei ouvindo música dentro do meu carro. Passado um tempo, uma figura loira passou por minha janela, indo direto para a porta. Ele vestia uma blusa regata branca e também usava uma calça moletom da mesma cor. O observei mais do que devia, seu olhar sério se voltou para mim.

Quebrei o contato de forma rápida, desligando a música e pegando a minha bolsa, saí para fora do carro, trancando as portas e entrando no lugar. Passei pelo corredor, ele já estava no salão mexendo no som. Com os barulhos dos meus saltos, sua atenção foi atraída a mim, e seus olhos analisaram a roupa que eu vestia. Uma calça jeans e uma blusa preta de mangas longas.

─  Boa tarde - o cumprimento, mas ele não diz nada e se vira para o som. Reviro os olhos ─ A relação de profissionalismo não inclui falta de educação - dito isso, começo a me encaminhar para o banheiro, para trocar de roupa.

─  Boa - sua voz saiu baixa.

Pus um cropped branco e o meu short esportivo cinza, soltei meu cabelo que antes estava preso em um rabo cavalo. Ouvindo uma batida vindo do salão, dou uma última olhada no espelho e saio do banheiro.

Ele estava alongando os bracos. Deixei minha bolsa em um canto qualquer e me juntei a ele, mantendo distância, fechei os olhos enquanto alongava, tentei relaxar o máximo possível, pôs acabei de descobrir que a presença dele me deixa tensa.

─ E então.... Por onde começamos?

─  Quero que me mostre o que sabe, então começaremos com um freestyle  seu - sugeriu.

─ Freestyle? Já assim?

─  Por que a surpresa?  Não é capaz?

Ele está me testando...

─  Claro que sou capaz! - digo convicta ─  eu só não esperava - deu de ombros.

Ele foi até o som, pondo uma música aleatória e se afastou, esperando.

Me virei para o espelho, ficando de costas para ele. Não vou conseguir mover um músculo sequer se eu olhar para a cara de peixe morto dele. Abrir e fechei meus dedos das mãos, respirando fundo.

Ok

Fechei os olhos e me imaginei em meu quarto, em paz, sem o meu pai apenas existindo eu e a música.

Apenas você e a música.

Então dei início aos primeiros movimentos com os bracos, logo sendo acompanhado por minhas pernas em sincronia, na primeira batida flexionei o corpo e larguei um passo que inventei certo dia em meu quarto. De acordo com que a batida ia ganhando velocidade, meu corpo foi acompanhando, meu cabelo batia levemente em meu rosto com cada movimento efetuado. Dali veio giros, deslizes e até alguns rebolados, usei também alguns movimentos que eram considerados raíz do hip hop, como o Waving, que é uma onda que passa de um braço para o outro.

Tudo o que sei da dança aprendi sozinha, claro, com a ajuda da Internet, onde pesquisava passos e coreografias, mas fora isso, sempre foi somente eu. Outra coisa interessante, nunca havia dançado para alguém, ele provavelmente não sabe, mas foi o primeiro a presenciar tal fato.

Finalizei meu frysteely com uma descida ao chão, meu olhar se encontrava no mesmo, a respiração ofegante e o suor escorrendo por meu rosto. Puxei um ar, e o soltei quando me pus de pé, o olhando.

─ Então?

─ Legal - pelo incrível que pareça, foi tudo o que disse.

─ Ah - tentei não parecer abalada com o seu comentário medíocre   E o que esse legal significa?

─ O que você quer que ele signifique? - pisquei.

─ Algo positivo, é óbvio! - assentiu.

─  Por que?

─ Por que? - franzi o cenho, cruzando os braços.

─ Você acha que mandou bem? - ele também cruza os braços e me encara.

Qual é a sua?

─  Eu não mandei?.

─  É o que você acha? - explodir.

─ Você é idiota!? - bato o pé no chão frustrada. - ele não se abalou.

─ Ainda temos 2 horas - diz olhando para seu relógio de pulso, em seguida para mim ─  Vamos em um lugar - foi andando até a porta.

─  Que lugar?

─  Você vai ver quando chegar lá.

─ Mas não deveríamos ensaiar? - se virou para mim.

─  Preciso ter certeza de algo antes - o encarei confusa.

No Ritmo Do Coração(beauany) Onde histórias criam vida. Descubra agora