VII

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No dia anterior, ocupou-se em pesquisar sobre vampiros e tinha consciência que não deixaria ninguém além dos pais entrar. Foi o que fez; teve um dia calmo e tranquilo ao lado deles, não saiu de casa nem por um minuto. A partida deles no dia seguinte foi tranquila; logo pela manhã entraram no carro, e ela limitou-se a não falar nada sobre o ocorrido, pois ainda não tinha certeza se era verdade, se era real. Andou pela casa e encontrou a blusa da mãe sobre o sofá; nesse exato momento a campainha tocou, então presumiu que fosse ela para buscar a blusa. Mais que depressa, correu até a porta com a roupa em mãos, e ao abri-la saltou para trás rapidamente, pensou que o coração fosse sair pela boca, que a cabeça fosse explodir.

Seus olhos viram a maldição do momento; Maksimovich estava em sua porta, e o homem tinha os olhos fixos sobre ela, as mãos nos bolsos da calça jeans, que pareça antiga, e usava uma camisa branca. Mac deduziu que ele estava tentando fazer como Ferraro, parecer indefeso, um cara normal, pois na noite de sua quase morte ele usava um casaco grande preto que parecia a própria morte indo até ela. O homem colocou um sorriso, um sorriso tão caloroso e astuto, e ela pegou a primeira coisa que encontrou: um jarro sobre a mesa de fundo no corredor. Ele ergueu as mãos ao ar, como se demonstrasse que estava ali em paz, e a mulher o olhou, desconfiada. Ele esquivou-se para a direita quando ela jogou o jarro nele, que logo explicou.

— Calma, só vim aqui para conversar. — Abaixou a mão, colocando-a no bolso. — E se você me deixar entrar, prometo que não vou machucá-la.

Ela soltou uma risada nervosa, lembrando-se do que Ferraro dissera, e colocou na cabeça que enquanto não o convidasse para entrar estaria segura.

— Eu não vou convidá-lo para entrar, se é isso que pensa. — Continuaria a falar se não fosse a interrupção do homem.

— Escuta, Mac, naquela noite eu estava descontrolado, não queria tê-la assustado, por isso vim me desculpar. — Olhou para ela, esperançoso.

Ela passou a mão pelos fios de cabelo acinzentados, andou de uma lado para o outro e voltou a atenção para ele.

— Se é somente isso, pode partir. — Aproximou-se da porta devagar, colocou a mão sobre ela, e então, quando ia fechar a porta, voltou a escutar a voz do homem.

— Eu preciso que entenda meus motivos — disse alto, fazendo a mulher se afastar.

— Estava disposto a me matar sem nem mesmo falar o motivo, por que devo entender agora? — indagou, cruzando os braços e levantando a sobrancelha.

— Eu não ia te matar, ia te transformar — explicava, calmo.

— Há diferença nisso? Me transformaria em um ser sem alma, que se alimenta de sangue humano. Me transformaria em um monstro que eu não aguentaria ser.

O homem olhou para baixo, passou a língua pelos lábios rosados e ficou alguns segundos assim, pensando no que diria para ela.

— Eu estava tentando te proteger. — Voltou a olhar para ela, os olhos dele transmitindo uma serenidade que fazia a mulher acreditar na realidade de suas palavras. — Proteger de mim e dos outros vampiros.

— Eu não precisaria de proteção se você tivesse se mantido distante — rebateu, ficando em silêncio em seguida. Ele fez o mesmo, como se a esperasse falar mais alguma coisa.

— Eu não posso me manter distante; eu queria, mas não posso! — Suas palavras estavam firmes. — Porque eu a desejo, Mackensie, mais do que tudo no mundo, e quando tento me manter longe meus pensamentos bradam em agonia, mas o sangue é tudo o que importa, tudo o que preciso, e o seu sangue tem um cheiro tão tentador que eu poderia colocar minhas presas em você facilmente. Mas tudo o que quero é não a machucar. Por isso a transformaria. E então depois disso poderia ajudá-la, fazê-la se apaixonar por mim como eu me apaixonei por você.

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