Capítulo VIII

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N/a: Boa noites, amores! Vamos de mais um capítulo lindo e cheiroso? Vamos! Só sinto em dizer que, depois desse, apenas mais dois capítulos e Tardes de Viernes acabará. Postei, chorei e corri.

Boa leitura e qualquer coisa, chamem na ask.

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A ansiedade não era comum na vida cotidiana de Camila, estava sempre calma, centrada, mantendo o controle que tanto prezava em suas mãos. Não era uma mulher acostumada a sentir-se na borda de um ataque cardíaco, mas ali, de pé a frente do grande espelho que cobria uma das paredes do banheiro, ela encontra-se a beira do caos. Seu estômago estava comprimido e o ar parecia não alcançar seus pulmões. Aquela noite quente de Buenos Aires seria palco do primeiro jantar a duas com a mulher que amava. Por que sentia-se como uma adolescente histérica prestes a viver seu primeiro encontro romântico?

: - Dío mío! – Resfolegou como em um pequeno susto, levando uma das mãos até a garganta, pressionando levemente. – Cálmate, mujer! Cálmate!

Deixou que seus olhos marcados fortemente por lápis preto vagassem em seu reflexo no espelho, mais uma vez, descendo pelo corpo coberto por um vestido tubinho vermelho e sem alças, que abraçava todas as suas curvas perigosas e quentes como el infierno, caindo a um palmo acima dos joelhos. Os cabelos pendiam em um coque estiloso, a franja quase lhe cobria um dos olhos. No pescoço esguio repousava um delicado colar de ouro amarelo e rubis, nos pés, saltos pretos de número quinze, o resto dos acessórios traziam a mesma delicadeza e elegância de seu colar. Exalava aquela fragrância suave e inconfundível de rosas e outras flores, que fora colocada em um perfume feito exclusivamente para ela. Camila gostava de sentir-se única e era. Estava linda, tão linda que não pode evitar um sorriso satisfeito de nascer no canto de seus lábios pintados com o mais luxurioso tom de vermelho. Era uma mulher de extremos, viajava aos extremos do que o dinheiro podia comprar, até aos extremos do prazer que ela podia proporcionar. Não havia limites para Camila, nunca houve, e naquele momento, também não havia limites para amar. Amava estar perdidamente apaixonada, amava enlouquecer de amar.

Fechou seus olhos por breves segundos, tomando uma respiração longa e resgatando um pouco de seu controle. Queria fazer daquela noite especial, queria dar a Lauren emoções vívidas, sensações extremas com um toque de suavidade. Queria cortejar e ser cortejada, queria desfrutar de um jantar romântico e ao mesmo tempo repleto de erotismo. Queria ter o que nunca teve, queria entregar o que nunca entregou. Colocaria seu coração aos pés daquela mulher, se preciso fosse, deixaria explícito em todos os toques, olhares e palavras que moveria o mundo, daria os céus, o mar e a terra para fazê-la sucumbir em felicidade plena. Era assim que Camila se sentia, como um vulcão em erupção, transbordando os mais distintos sentimentos que terminavam sempre sob o olhar lascivo da mesma mulher, a sua mulher. Era Lauren a sua perdição, era ela su condena.

Camila passou anos de sua vida achando que já havia experimentado o amor, a paixão crua, o fogo ardente do desejo que era capaz de dissipar sua sanidade, mas não havia, se lembraria daquele sentimento feroz se já tivesse sentido seu gosto na ponta da língua. Foi casada por nove anos e nesses nove anos, Juan não foi capaz de proporcionar a ela nem cinco por cento do que Lauren proporcionou no primeiro minuto em que a olhou. Não o culpava, não era culpa de ninguém que seu corpo e sua alma reagissem a Lauren daquela forma, era uma peça do destino. Sabia com tudo de si que estava fadada a cair de joelhos por aquela mulher desde o princípio. Não pode evitar o inevitável. E mesmo se ela pudesse, mesmo se Camila pudesse... Não teria evitado. Nunca. Seria um pecado cruel evitar sentir-se viva.

Sorriu para a sua imagem mais uma vez ao lembrar do "aceito" dito por Lauren mais cedo, respondendo a pergunta que havia lhe feito. A boca disse apenas uma palavra, mas os olhos lhe cantaram canções, lhe recitaram poesias e explodiram em um brilho inconfundível de felicidade pelo que sempre ansiou viver. Não havia mistério, tudo era tão claro como água cristalina, estava vivenciando o melhor acontecimento de sua vida ao lado daquela mulher. Então sim, a resposta era sim. Camila sentia-se como uma adolescente histérica vivendo seu primeiro encontro romântico, porque de fato era. Seu primeiro encontro e seu primeiro amor. E nada parecia mais certo do que isso.

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