anturio

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Álvaro desperta para mais um dia.
Durante a longa noite que teve ele nao pode dormir.
Sonhando acordado, teve visões de seu acidente.
Acidente este que levou sua alma junto a sua esposa e filho.
Ele estava vivo e sua alma não estava com ele.
Olhou pela janela do castelo que daria a incrível visão de seu canteiro de flores.
Algo estava errado.
Ele observou novamente.
_ estão faltando flores.
Ele corre pelas escadas e ao chegar ao canteiro constatou que sua visão nao o enganara, realmente faltava flores.
Observou como foram rancadas com ate cuidado.
_ roubadas? Como isso é possivel?
Olhou ao redor do castelo.
Quem roubaria suas flores?
Ele iria descobrir.

Esmeralda fazia todo o preparo com arranjos de flores.
Lindamente as colocava em uma espécie de cesta.
Cada flor colhida do castelo.
Ela as venderia.
Olhou as flores observando cada detalhe.
_ tão bem cuidadas. - reparou
Ela nao saberia dizer se existia alguém naquele castelo.
Ele era assustador.
_ perdoai-me senhor se estiver roubando estas flores.
Fez uma prece.
Com sua determinação ela foi para a cidade onde venderia as flores.
Roubadas ou nao elas lhe daria o alimento daquele dia.
_ são lindas. -disse moça acompanhada de um homem.
_ sim - o homem observa - quanto custa?
_ 2 libras senhor. - ela diz
O homem pagou e a moça escolheu uma das mais bonitas.
Orquídeas azuis.
_ obrigada.
Passado o dia ela voltou com apenas uma flor
_ acho que tivemos sorte.
Ela dizia para a flor.
Sorriu que tão solitaria poderia ser ao falar com uma flor.
Nao pareceria tão solitario se a flor não fosse tão bela.
Um lindo copo de leite.
Ao chegar em sua humilde casa, Esmeralda coloca a flor em um vaso com água.
E sentou-se a cadeira de madeira proxima a ela.
Observando-a sentiu uma sensação de ternura inexplicável.
Ela tentou entender o motivo.
Imaginou que seria remorso ao roubar as flores do castelo.

_ vou colocar você em um vasinho com terra e cuidar de você. Talvez eu possa fazer meu próprio canteiro e começar a plantar.

Por vezes Esmeralda se sentia solitária.
Buscava entender a própria vida e porque sem perspectiva roubava flores de um castelo supostamente abandonado.
Ela se pôs a pensar se aquele castelo era mesmo abandonado.
As flores sempre estavam impecáveis e bem cuidadas.
Sera que haveria alguém naquele lugar?
Esmeralda não saberia, por vezes queria entrar no castelo mas o medo a impedia.
O medo ou o sentimento de que poderia haver alguem naquele lugar que mais parecia assombrado.
Alvaro andava de um lado ao outro sentindo seus nervos a flor da pele.
Suas belas flores cuidadas com tanto zelo foram roubadas.
Isso o havia irritado como a muito não sentia, aliais Alvaro não sentia nada fazia muito tempo.
Ele parecia vazio e feito de aço.
Todos os anos camuflado e escondido vivendo sozinho e por si mesmo o havia transformado em um ser frio e impassível.
_ seja lá quem for pagara caro por isso.
Ele disse as paredes.

A noite se aproximava, fria e escura como a alma de Alvaro.
Para Esmeralda seria uma noite a mais para aventurar-se em busca de flores.

Alvaro pensava em pegar a pessoa que o roubava, sera que o mesmo voltaria ao castelo?
Ele imaginava que sim, por alguma forma e por alguem suas flores foram retiradas do canteiro.
O canteiro que ele depositava o unico sentimento que ainda sentia.
O sentimento de cuidados e afeto que ele tinha pelas flores.
Alvaro plantava sempre as mais bonitas.
Ele preparava um canteiro para plantar flores raras.

Ser roubado certamente o irritaria ainda mais.
Ele fechou os punhos ja ouvindo a noite escurecer como seu sentimento aquele momento.
O sentimento era de perda.

Esmeralda observa as flores e os arranjos que fazia.
O sentimento era de medo ao voltar ao local, porém ela não teria outro sustento.
Esmeralda roubava as flores para se alimentar.
E ela fazia uma arte, os arranjos com as flores e com laços de fitas coloridas.
Ficavam perfeitos e lindos para vender e presentear.
Esmeralda não tinha familia, ela era muito solitária, sonhava um dia encontrar o amor de um homem bom e doce que a carregasse nos braços e a apoiasse em tudo.
Alguém que ela pudesse confiar e amar plenamente.
E onde estaria este homem?
Esmeralda acreditava que somente em seus sonhos o encontraria.

Ela acarenciou a flor.
Era um anturio uma bela flor da espécie branca.
Ela sentiu o suave perfume da flor e sorriu.
_ sinto muito por haver tirado você do canteiro bela flor.

Percebeu estar falando com uma flor.
Estática porem, sua beleza não precisava de idiomas ou palavras.
Era a beleza de uma vida em cor.
E Esmeralda amava tudo que a natureza representava.

Ela amava tudo que era belo e representava o amor.

Alvaro estava decidido a flagrar quem o roubava e que Deus o perdoasse pelo o que iria fazer.
Ele apagou todas as velas que mantinha o castelo com luz.
Queria não ser visto.
Alvaro se mantinha na escuridão, tanto em seu ser quanto em seu castelo.
Havia se acostumado a escuridão.
A não se ver não ter que ver seu próprio rosto marcado pela tragédia.
Quando perdeu sua familia, nada mais importava para ele.
Ele se trancou e se encolheu enclausurado em sua dor.
Profundamente abalado por uma dor profunda e permanente, Alvaro so poderia sentir amor por suas flores.
E alguem as havia roubado!

_ esta noite eu vou saber quem é você.

Alvaro murmurou enquanto se preparava para o anoitecer.

O antúrio é uma planta tradicional no paisagismo. Fez parte de uma moda antiga e teve seu brilho renovado recentemente. Utilizada há muito tempo em vasos para decorar interiores, hoje em dia pode compor maciços e bordaduras em jardins externos também. O melhoramento genético proporcionou diversas variedades, com portes diferentes e flores de coloração vermelha, rosa e branca.

Exigente quanto à umidade, deve ser plantada sempre à meia-sombra, em substratos ricos em matéria orgânica, como a fibra de côco misturado com terra vegetal, com regas frequentes e adubação adequada para florescer.

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