Um romance cômico e descontraído, (Re) started mostra a aventura de Carol em um sentimento completamente novo. Os erros e acertos de uma iniciante a levam à situações complicadas as quais exigirão total de sua sabedoria. Apesar do medo, Danvers cria...
Oi meus amores, não consigo nem explicar o que estou sentindo. Aqui estamos nós, último capítulo!
Boa leitura! s2
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
*Carol*
08:40. Acordo devagar sentindo uma leve dor de cabeça. Talvez seja a noite mal dormida, o stress ou os dois. Não queria acreditar que estava passando por essa situação. Odiava estar assim, principalmente com Thor. Nossos momentos baixos são sempre um grande desconforto pra mim. Sinto que não aproveitei as boas lembranças enquanto podia. Agora são apenas isso, lembranças.
Ontem, antes de cair no sono, pensei muito sobre. Decidi que não quero permanecer brigada. O fato de Thor estar partindo para uma jornada com fim duvidoso me abala. Me assusta. Não sei quando o veria novamente. Apesar disso, não quero abrir mão de tudo que construímos. Deve haver alguma maneira de manter contato, mesmo que pouco.
Por fim, cheguei a um consenso interno. Preciso fazer as pazes com Thor antes que ele parta. Encontraríamos uma maneira de manter nosso amor vivo. Ainda espero um pedido de desculpas oficial sobre as palavras ditas por ele. Mas sei que na hora da raiva falamos coisas rudes, elas nem sempre refletem o que realmente sentimos. Mesmo assim, somos dois adultos, suficientemente maduros para se resolverem.
Num pulo da cama, fui até a sala onde Thor provavelmente estaria; como havia dito noite passada. Olhei pelos cômodos mas não o encontrei. Aparentemente ele cansou de esperar e foi para sua casa. Tudo bem. Daqui até lá são apenas poucos minutos. De acordo com o que disseram, ainda faltava uma hora até sua ida definitiva. Ou, quem sabe, ele até mudou de ideia? Não quero criar expectativas, mas é uma possibilidade. De qualquer maneira, preciso ir até lá. Quero conversar com calma. Sem calcular quantos minutos faltam até a viagem. Temos muito a dizer, principalmente se ele realmente não pretende ficar. Não sei quanto tempo ele pretende passar longe nem onde vai. Fora que é uma aventura perigosa, física e emocionalmente.
09:00. Sentia o vento acariciar meu rosto durante o percurso de moto. Meu coração acelerava a cada quadra. Organizava tudo que pretendia falar. Aconteceu tudo tão rápido. Nem pude me preparar. Sentia as borboletas agitarem meu estômago em ritmo caótico. Foco Carol. Vai ficar tudo bem. Não há nada para se preocupar aqui. Muito simples: chegar, conversar sobre ontem e sobre o futuro. Não pode ser tão difícil assim! Inspira. Expira. Você consegue.
Bati a porta e esperei alguns instantes. Girei a maçaneta, como de costume, a casa não estava trancada. Contrariando o que pensara, não haviam malas na sala, me dando um fio de esperança. Fui até o quarto. Imaginei que Thor estivesse se aprontando. Meu coração se agitou ao notar sua ausência. Caminhei por todos os cômodos e nada, nem sua sombra.
09:15. Em minha última revista pela cozinha, notei uma xícara de café ainda morna. Dos males o menor, ele havia saído a pouco. Próximo a ela, avistei um envelope branco. "Para Carol, com amor".
09:30. Subi em minha moto ainda processando tudo que meus olhos me disseram. Me negava a acreditar. Não pode ser. Não depois de tudo. Vinte minutos. A distância entre nós era de vinte minutos. Costa leste. Valquíria disse que eles partiriam pela costa leste. Minha visão estava embaçada. Acelerava o quanto podia.
—Por favor, por favor... – balbuciava em voz alta.
Cada minuto era decisivo. O destino parecia não chegar. Minhas mãos suadas escorregavam pelo acelerador. Olhava o relógio e o tempo parecia competir comigo. Saltava numa rapidez que me deixava tonta. As curvas acentuadas estavam cada vez mais perto de me derrubar, mas naquele momento, não era isso que me amedrontava. Se o destino realmente existe, esse estava me pregando uma peça. Não tive tempo de perguntar mais detalhes sobre o local de partida. Imaginava que seria nas extensas planícies da costa. Observava o campo aberto mas não via nada. Virando a terceira quadra, meu corpo estremeceu. Na planície a minha frente, pude ver uma nave familiar. A silhueta de Thor estava a centenas de metros de distância. Ele estava de costas, não poderia notar minha presença. Ainda faltavam quinhentos metros até a nave. A rampa de entrada estava se fechando. "Não, não, não!". No instante que vi a grama se agitar com o vento das turbinas, senti minha força ser arremessada para longe.
09:58. Sumiram da minha visão como um raio. Desci da moto num impulso de correr atrás dele. Sabia que não era possível. Poderia sair voando em seu encalço. Mas como, se não sabia onde estavam? Mesmo se soubesse seu paradeiro, não conseguiria. Meu corpo havia congelado. O nó em minha garganta só crescia. Não pude segurar a emoção. Me sentei ao meio-fio. Do bolso da jaqueta tirei aquele envelope branco. Uma lágrima percorreu meu rosto e atingiu o papel. Parecia ouvir sua voz repetir cada palavra escrita. Retirei a aliança que havia deixado junto com a carta.
Na palma da minha mão, observava nossos nomes escritos em seu interior. Não há nada mais a ser feito. Só precisava de cinco minutos. Thor você entendeu tudo errado. Juro que se eu tivesse aquela maldita joia, voltava no tempo. Voaria até aquela nave e diria que te amo. Eu queria poder, mas não posso. Agora você partiu e não sobrou nada além dessa carta e da sua aliança. Você nunca me fez mal. O amor é uma pintura composta de diversas camadas de tintas diferentes. A dor é uma delas. Não era sua culpa. Não existem culpados. Me mata pensar que você passará todo esse tempo achando que não me amou o suficiente. Passará todos os dias achando que estou melhor sem ti. Passará todos os dias tentando por um ponto final na nossa história. Te conheço e não te culpo por isso. Tentarei fazer o mesmo, afinal, que outra escolha eu tenho? Só gostaria que soubesse que sempre te amarei. Nunca esquecerei o brilho dos seus olhos. Nem das nossas risadas enchendo a casa após mais uma de suas piadas sem graça. Você vai voltar? Não tenho certeza. Seguirei seu conselho. Posso te prometer, não será fácil pra mim também. Onde quer que esteja agora, espero que saiba que você sempre será parte de mim. Agora, cabe a mim apenas, recomeçar.
*Exatos 48 minutos atrás*
Não esperei muito até abrir o envelope. Dentro, havia uma folha dobrada com cuidado e algum objeto pequeno. Era a aliança de Thor. Apesar da pista prata com nossos nomes gravados em seu interior, me negava a acreditar. Entretanto, as palavras de Thor sufocaram minhas esperanças.
"Oi Carol. Não sei quando você estará lendo isso. Espero que não demore muito. Odiaria que você soubesse por outra pessoa, de novo. Sobre ontem, eu sinto muito. Minha insegurança me assustou. Não tive coragem suficiente para te dizer que partiria. Peço perdão por colocar a culpa em você. Não fui eu quem disse, foi o medo. Meu medo já me fez tomar péssimas decisões e essa é uma delas. Sei que você está chateada comigo, com razão. Ouvi você chorando no quarto. A cada soluço seu, meu coração se partia em mais um pedaço. Você não merece passar por isso por minha culpa. Você é a alma mais bela que já conheci. Não posso deixar minha escuridão tirar sua luz. Ainda me falta coragem, te peço perdão por isso mais uma vez. Não devia ter que ler essa carta, mas não tenho coragem de olhar em seus olhos e dizer o que pretendo. Eu te amo, como nunca achei que pudesse amar alguém. Faria de tudo pra te proteger. Também por isso, preciso ir. Não te faço bem. Eu te amo, e por isso não posso ser egoísta com você. Eu escolhi ir e não quero que se sinta mal. A culpa nunca foi sua. Talvez não fossemos destinados a terminar juntos. Quero que siga sua vida sem mim. Não sei quanto voltarei, mas posso te afirmar, não será mês que vem. Por favor, não quero espere por mim. Existem bilhões de pessoas na Terra. Uma delas há de te merecer. Quero que se lembre de nós de um jeito feliz. Esqueça o adeus. Guarde a noite do primeiro beijo, a tarde de primavera andando de bicicleta, nosso jantar, nossa viagem, todas as vezes que eu dei uma volta no quarteirão antes de estacionar o carro para você terminar de ouvir a música na rádio. É disso que vou me lembrar. Se nos encontrarmos daqui a 10 anos, saiba que em algum lugar do meu ser, ainda te amarei. O que sinto por você não é finito. Não se esvai com o tempo. Por agora, só te peço que se lembre de mim como lembrarei de você. Sinto muito por nós.