01. Esqueça esse cara!

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SKY

"Como foi o encontro?" Jimin perguntou de modo atencioso enquanto tomava seu café. Apesar de revirar os olhos, ele odiava saber de qualquer encontro meu ou cara com quem eu me relacionasse, porque, segundo ele, eu tinha o dedo podre para homem. E, segundo eu mesma, ele estava certo.

"Legal..." falei irônica. "Maravilhoso. Ele me contou sobre as faculdades caríssimas em que estudou, da família e depois cortou o clima dizendo que queria uma mulher – ou melhor, esposa – que estivesse à disposição dele..." Meu tom desanimado dizia mais do que qualquer palavra. Não sou a maior fã de casamentos. Não vejo nada de errado nisso, se as duas pessoas quiserem, mas quem em sã consciência fala sobre casamento no primeiro encontro? "Por acaso, eu tenho cara de dona de casa? Nenhum problema com as donas de casa, que, honestamente, são sempre injustiçadas, mas... olha bem! Ele tem dois braços, duas pernas, uma cabeça... parecia bem capaz de limpar a própria casa, fazer a própria comida e lavar as próprias roupas. Desejo boa sorte a quem se relacionar com ele! Ah, ele ainda falou sobre ter filhos. E, veja bem, eu não pretendo fazer isso."

"Ei, calma. Não pode ter sido tão ruim assim..." Jimin comentou, tentando aliviar a situação, embora parecesse satisfeito ao ouvir o quanto tinha dado errado.

"Não pode ter sido tão ruim? Jimin... que tipo de pessoa comenta sobre isso num primeiro encontro? Achei que só estávamos saindo, mas ele basicamente já queria marcar a data do casamento! E ainda tem mais!" Jimin gesticulou para que eu continuasse. "Primeiro ele falou sobre casar, depois sobre ter filhos, então disse que meu cabelo era legal, mas que, se fosse me apresentar à mãe dele, eu deveria..." Fiz aspas com os dedos e imitei a voz do babaca: "‘Acalmar a minha juba, fazer uma escova.’ Acha que ele parou por aí?"

"Como é que é?" Meu amigo cerrou os punhos, mudando a postura de animação e contentamento para pura raiva.

"É exatamente o que você ouviu! E, quando achei que ele ia parar por aí, ele disse que eu deveria usar roupas mais discretas, um saltinho, ao invés da minha bota. Então me levantei e fui embora, porque, sinceramente, a garota que ele quer com certeza não sou eu! E nem vale a pena me esforçar para ser!"

"Concordamos que ele é mesmo um babaca."

"Imagine eu, limpando, passando e cozinhando para um babaca?" Jimin riu, embora ainda parecesse irritado com a parte anterior da conversa. "E... por que você sempre parece feliz quando as coisas dão errado?"

"Bom... que azar, né?" Ele comentou ainda sorrindo.

"Finalmente concordou comigo!" Dei um gole no café quente, sentindo seu aroma adocicado.

"Não o seu. O dele! Imagina só que furada? Você iria destruir a casa!" Jimin riu como se fosse realmente engraçado.

"Fique sabendo que nunca mais lhe ajudo numa mudança! Você é meu melhor amigo, deveria ficar do meu lado na situação, e saiba que isso foi um pensamento muito machista!"

"Como assim? Está esquecida que me deve uma?" Ele ergueu as sobrancelhas e tocou minha mão em sinal de consolo. "Eu sempre estou ao seu lado. Até nos momentos em que não quero estar. E sobre a parte machista... eu só estava irritando você. Concordo que esse cara deve passar muito longe de você, e que ele pode fazer as próprias coisas. Nem vou comentar sobre a parte de casamentos, cabelo e roupa, porque essa é ridícula demais até para mim. E concluímos que, se você me deve uma, vai me ajudar com a mudança." Ele piscou o olho e se aproximou. "E, cá entre nós, ele realmente merecia ter a casa destruída!"

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