Só, em seu apartamento. Jordan costumava a refletir sobre um certo para de olhos cor de âmbar, que vez ou outra sondava seus pensamentos e sonhos. Até que os sonhos deixaram de ser apenas sonhos.
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Como já era de costume nos últimos dias, mais uma vez Parrish via-se para na varanda dos Stilinski, seu chefe e da sua paixonite. A quantos minutos estava encarando aquele objeto? Não saberia dizer. Perdeu-se em seus devaneios novamente.
Ultimamente andava bastante distraído.
Jordan se assustou com o barulho de buzina e girou num pulo. Se assustou ainda mais ao se deparar com uma viatura em frente a casa. Até perceber que não era o carro do xerife e sim o seu – e que a buzina era de um outro carro que passava–, seu coração já tinha afundando no estômago.
— Mas que diabos...
Murmurou massageando a nuca. E se virou novamente. Observando a porta. Franzindo o cenho com vigor. Como se fizesse força para pensar em um desculpa muito boa, ou esfarrapada, para estar ali mais uma vez.
Nem era horário do almoço, como fizera algumas vezes, para usar como pretexto. Tampouco do jantar. Não levara nem mesmo um bolo. Era só ele. Único e simplesmente ele.
Ainda, mesmo ali, lamentava ter recusado o convite do rapaz, no outro dia, para jantar. Ficara com medo de ser pego ali. E isso era algo que ele não negava. O que diria ao xerife se ele o encontrasse ali? Sem que ele o tivesse mandado, em sua folga. Tinha receio do que ele pensaria, do que diria. John gostava dele. E Jordan sabia disso. Só não sabia até que ponto esse 'gostar' se estendia.
Parrish inspirou profundamente e deixou de enrolar.
A porta estava aberta como de costume. Como certa vez Stiles avisou que estaria. Havia adquirido intimidade. O suficiente para entrar na casa sem bater. Mas Jordan não fazia isso. Batia na porta sempre. Uma sequência de sons distintos e só depois de escutar um “entrelogoParrish."
— Não irei me levantar! — Stiles berrou de algum lugar lá dentro. Provavelmente na sala. — Vai ficar mofando ai fora.
Parrish sorriu contido e se adiantou. Fechou a porta atrás de si e seguiu o barulho que a televisão produzia. Stiles estava deitado no sofá, como imaginou. Coçando a barriga por debaixo da regata, cobrindo o quadril com uma almofada. Os cabelos estavam grudados na testa como se tivessem sido lambidos.
Quando percebeu a presença Stiles encarou o rosto rosado do homem, de esguelha.
— Bom dia?
Parrish pigarreou com a voz esganiçada. Pedindo mentalmente para se comportar.
Stiles semicerrou os olhos. Fixos no policial à paisana.
— Você não tem celular?
Indagou. Esquecendo-se momentaneamente da série que assistia.
Jordan piscou.
— Hã... Na verdade tenho. Não tem mais o meu número? — Perguntou confuso. Até ontem haviam conversado por mensagens.
