Não existe nenhum motivo realmente válido para o qual você não deveria se matar.
Todos os "porém" têm uma resposta sólida.
As únicas respostas que eu consigo ver, que são realmente válidas para "por que não se matar?" são apenas "eu não quero" e "eu não consigo". A verdade, pra mim, é que há respostas sem sentido demais para essa pergunta ridícula.
Pessoas vão responder frases genéricas e mal pensadas, provavelmente sem terem tido vontade de desistir de verdade, eu chutaria.
"Você ainda é tão jovem" e daí? Gente nova morre todo dia e suicídio aos 80 anos também não deveria ser visto de melhor forma. "Tem tanto pra viver" não se eu parar agora, não é mesmo? Além do que não é verdade. Não me matar não garante uma vida que valha a pena se viver, só garante a inexistência de um suicídio.
"Seus entes queridos vão sentir saudade", olha, essa já é mais complexa, mas eu me lembro de uma vez, quando fui arrastada para um Centro Espírita, em que o palestrante abordou os suicidas como egoístas. Egoístas por deixarem a família e os amigos pra trás. Olha, eu acho uma questão extrema demais para apontar o dedo chamando de egoismo, afinal, é egoismo se você já nem sente mais sanidade? Talvez protagonistas bonzinhos de anime shounen discordem, mas as vezes a dor desqualifica os pensamentos lógicos e só exista a sua fome por sobrevivência, que então, não é por sobrevivência, é por paz. Em uma câmera de tortura, o torturado não vai pensar em grandes luxos, desejos, mesmo que primeiramente mantenha uma determinação, tudo que seu corpo vai querer é que a tortura pare, cedendo você ou não. Então, ok, talvez seja egoísmo, mas é humanamente possível atingir um ponto em que você não ligue para o luto que aqueles que você ama vão sentir. Acontece.
"Vai melhorar". Não, não vai. Digo, talvez possa, mas as chances são, no mínimo, iguais as de piorar. E mesmo assim, quem decide se vale a pena esperar ou não?
Não sei.
Não vim aqui com conclusão, só irritabilidade das respostas rasas.
"Agradeço sua empatia, mas sua ajuda foi inútil" é um pensamento ruim, mas honesto e puramente sincero. É quando um amigo cita a Bíblia para ajudar um amigo ateu. Não ajuda, não de verdade, mas é perceptível a tentativa.
Basicamente, como niilista, talvez essa história toda seja a minha conclusão individual sobre "por que não se matar", não que ajude qualquer outro.
E é um saco, sabe? É um saco saber por que você está mal e o que deve ser feito e não conseguir fazer. Eu deveria me levantar, alimentar direito, estudar, tirar dúvidas e ser prestativa. Se eu fizesse a maioria dessas coisas agora, talvez eu me sentisse melhor e tornasse isso um ciclo, só que não é assim que funciona. Eu sei o que eu "devo" fazer - "devo", no caso dever seria o que é necessário para uma melhor estabilidade mental e convivência harmoniosa - e, ainda assim, eu não faço e não sei por que eu não faço.
Alguns dizem que a vida baseada somente na lógica seja fria, mas eu não acho que isso importe.
As coisas são como são e é a partir disso que fazemos conclusões. Eu usaria um exemplo de como a humanidade molda a natureza ao seu favor, mas não consigo pensar nisso agora.
Eu não faço o que eu devia por algum motivo, eu só não sei por que.
Assim como eu não me mato por algum motivo, e eu diria que esse motivo se divide em medo e esperança. Por menores que sejam, esses são meus porquês de ainda estar viva.
Quais os seus?
