Atira

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O grito calou,
A visão partiu,
A ferida fechou,
A solidão rugiu,
A festa acabou
E você ainda não se cindiu.
Vejo-te a atirar uma pedra ao vento,
Na esperança de que te responda o tempo.

Ócio da falência,
Diga adeus à descência.
Não creem em sua doutrina,
Descobriram a sua toxina.
Quiçá tivesse ainda sua menina,
Ela poderia ser o cais da sua utopia.
Mas não há.
Atira mais e mais pedras ao vento,
Talvez como passatempo.

Você tentou mudar a verdade,
Pedir por piedade,
Julgar toda a cidade,
Apenas por maldade.
O passatempo tenta ceifar a saudade,
Driblar a vaidade,
Esquecer a sua ruindade.
Mas não dá.

Suas palavras cessaram,
Sua vontade de brigar zerou.
Seus argumentos encerraram
E você errou.
Atira a última pedra
E desta vez algo te diz:
—Haverá de ser infeliz!

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