Parte 21 - O PRIMEIRO DIA

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Os dois professores que representavam a escola de Bruno, já haviam feito todas as restrições para que os alunos pudessem entrar no hotel. Seticole foi para o dormitório masculino, em que a maioria dos meninos naquele quarto eram da sua escola. No seu quarto de número 237, haviam de sua sala: Bruno, Damian, Felipe, Christopher, Alan e Pedro Campanerucci. Além de mais dois garotos da segunda sala do primeiro ano e de mais um menino de outra escola.

Helena e Bia conseguiram ficar no mesmo quarto, e dividir a beliche. Com Bia na cama de cima, e Helena, na de baixo. No quarto delas, haviam Maria Helena, as gêmeas Mariana e Natália, e mais algumas garotas de outro colégio.

Bruno estava caçando na sua mala outra roupa, já que ia tomar um banho.

— Bruno tá causando hein? — disse Damian saindo do banheiro que acabara de escovar os dentes.

— Como assim?

— Eu vi você super impressionado com aquela loira na recepção. Você ainda namora a Helena, lembra?

— Ah... eu... sabe o que é?... — gaguejou Bruno.

— Já até imagino o que seja. O relacionamento de vocês dois não tá muito saudável né?

— Não...

— Na verdade, meio que todo mundo sabia. Se os outros meninos estivessem aqui, eles diriam a mesma coisa.

Bruno sentou na cama e colocou as mãos no rosto.

— Eu não sei. Eu... gosto da Helena. Mas não desse jeito. Não mais. Aquele beijo no hospital foi super no impulso, foi em um turbilhão de emoções e tal.

— Quer um conselho? De amigo mesmo.

Bruno assentiu.

— Conversa com ela, mesmo se vocês terminarem depois. Vai ser bom para os dois, para que pelo menos vocês não façam alguma cagada enquanto estão juntos. Você principalmente.

— Bom, eu vou falar com ela mais tarde. — E se levantou.

— Onde você vai? — perguntou o canadense.

— Conhecer o hotel. A gente vai ficar um bom tempo aqui. Nada mais justo.

— Mas você não ia tomar banho?

— Depois eu tomo.

-Tá bom então. Posso mexer no seu violão?

— Se você foder com as cordas, eu não olho na sua cara nunca mais. Ah, e pode ficar com a cama de cima.

Bruno logo andou pelo corredor de paredes bege e um enorme tapete vermelho e se chocou Felipe e Christopher, caindo no chão.

— Mas que inferno! Será que eu não posso passar um dia sem esbarrar em alguém? — gritou Bruno, percebendo que foi a mesma coisa que disse quando conheceu Christopher.

— Foi mal, Bruno. — disseram os dois garotos em coro.

— Não, tá de boa. — disse o moreno se levantando.

— Inclusive, eu precisava falar com você. — disse Christopher — Parece que vão fazer tipo um concurso de quem canta melhor, algo assim. Aquele dia que você tocou pra mim e pra Miranda no parque foi incrível.

— Ah, você gostou? — disse Bruno. -Bom, eu vejo como vai ser isso. Mas obrigado por avisar.

E logo saiu da frente dos dois garotos e seguiu. Era um hotel enorme, tinham várias coisas e quartos com inúmeras funções. Como refeitório, casa de leitura, uma pequena biblioteca, um lago enorme com uma floresta em volta, dentre milhões de coisas.

Resolveu ir até à biblioteca, gostava muito de ler e queria ver quais livros tinham na biblioteca. Andou um pouco e viu um prédio de altura pequena, mas com grande porte. Por dentro era feita de madeira.

Quando entrou, viu a garota loira da recepção procurando algo na ala ''Sagas'', e tirando da prateleira, a edição de capa dura de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, de capa roxa com o nome do protagonista bem destacado em cima.

A garota pegou o livro, e logo pediu autorização para o bibliotecário para ler no banco do lado de fora, e o homem autorizou.

A loira saiu e sentou no banco. Ela contava as paginas antes de começar a ler, parecendo que já estava lendo o livro antes. Abriu em uma página mais pro meio do livro e começou a leitura. Bruno gostava muito de Harry Potter, e o terceiro livro da saga era justo o seu preferido.

O moreno então resolveu ir conversar com a garota pelos gostos, aparentemente, em comum. Quando se afastou um pouco da pequena aglomeração da biblioteca, andou um pouco e acabou batendo com o que parecia uma espécie de parede invisível.

— Mas que porra...? — disse Seticole

— Mas é boca suja igual ao avô. — Foi interrompido por uma garota de cabelos vermelhos e longos que surgiu pra dentro do campo de força.

— Quem é você? E que porra é essa em volta?

— É só água, gênio. — disse a garota.

— Olha aqui, eu não tô gostando do seu tom! — Bruno se exaltou

— Eu não tô nem aí pra o que você gosta ou não. — rebateu a ruiva. — Eu preciso que venha comigo.

— Pff — debochou Seticole. — Até parece que eu vou com a falsa Ariel para um lugar que eu nem conheço.

— Mas você vai sim — e logo apareceu um tridente feito d'água na mão da garota que logo virou um tridente dourado real. Ela apontou para Bruno e completou — Seja por bem, ou por mal.

Bruno ficou apavorado primeiramente, mas ele logo revidou. Se colocou em uma posição de combate e esperou a ruiva avançar com o tridente. E assim a garota fez. Bruno começou a desviar dos ataques da ruiva, e quando ela se afastou do que poderia ser a saída, ele correu pra fora do campo d'água e correu.

A garota, sem o tridente, correu atrás do moreno. Bruno não era muito bom em correr, mas dessa vez ele parecia mais rápido. Já a ruiva, era muito rápida e ágil. Tinham vários adolescentes no caminho e ela mesmo assim desviou deles sem perder a velocidade.

Bruno entrou em um corredor do hotel praticamente vazio. Quando viu a ruiva chegando, logo correu para o fim do corredor.

— Espera aí! — gritou a ruiva.

Bruno parou e disse:

— Nem fodendo!

A garota fez o tridente aparecer em sua mão novamente da mesma forma e arremessou no garoto do outro lado do corredor. Os dentes do tridente rasgaram a roupa e a pele de Bruno deixando três marcas e um pouco de sangue e ficando preso na parede ao lado do moreno.

— AI! — exclamou Bruno — Sua fodida, que porra é essa?

O tridente voltou a sua forma d'água e foi como uma onda para a mão da garota, e novamente tomando forma de um tridente.

— Vem comigo! Vai ser melhor pra você.

— Vai se foder! — disse Bruno com uma certa valência na voz e correu para o seu lado esquerdo, pelas divisões do corredor.

A garota não desistiu e continuou seguindo o menino. Bruno foi esperto e brilhou os olhos, numa espécie de raio x, diante uma porta. Não tinha ninguém então ele derrubou a porta e entrou. Quando entrou, reconstruiu a porta com magia e se escondeu.

Pelo seu azar, a ruiva fez o mesmo que ele com os olhos e arrombou a fechadura.

— Não adianta fugir, Bruno! Eu sei que você tá aqui! Onde você tá que eu não tô te vendo?

A garota andou e olhou debaixo de uma cama, mas sem sucesso. Quando ouviu uma voz vindo de trás dela:

— Vira de costas! — A garota virou e era Bruno, agora com um fogo em forma de espada. — Agora você vê.

— Ah não tem muito pra ver. — respondeu a garota com o tridente em mãos.

Bruno fechou a cara e tomou a posição de combate.

— O que caralhos você quer comigo?

— É só você parar que eu te digo, palhaço.

Os dois estavam prestes a se deslocar de onde estavam para começar uma briga de espada e tridente. E assim os dois fizeram, avançaram um pra cima do outro. Bruno foi esperto e pulou, ficando mais por cima, querendo atacar com a espada em alguma parte do busto da ruiva, enquanto ela queria fincar o tridente do peito para baixo do garoto.

Parecia câmera lenta, os dois estavam prestes a se chocar. Mas quando Bruno percebeu, tinha sido arremessado para longe e a ruiva também. Quando viu que tinha um garoto que parecia ter sua idade e a da ruiva, com peles negras, e um cabelo curto. Ele era bem alto e parecia ser forte.

— MAS QUE PORRA QUE TA ACONTECENDO AQUI? — disse Bruno alto.

— Bruno se acalma! — disse o moço na sua frente — Tá tudo bem!

— NÃO! Espera aí! É só o primeiro dia mano!

— Marina! Eu disse pra você não brigar com ele! — disse novamente o garoto na sua frente para a ruiva que estava longe e com uma garota também com peles negras, cabelos cacheados lindos, e também era bem alta.

— Mas a culpa não foi minha. Ele que fugiu, não sabe esperar.

— Você que me ameaçou com um tridente, caralho!

— O tridente, Marina? — disse a garota na frente da ruiva.

A ruiva, que aparentemente se chamava Marina, revirou os olhos em sinal de que não tinha achado ruim usar o tridente com Bruno.

— Eu vou embora dessa loucura agora! — disse Bruno indo em direção à porta.

— Espera Bruno! Por favor! — novamente era o garoto que mais cedo estava na sua frente.

— Não! Já chega de loucuras por hoje!

— Se você ficar eu juro que eu vou te explicar tudo.

Bruno até chegou abrir a porta, e quando o garoto disse que iria explicar, ele abaixou a visão para a mão na maçaneta e olhou por uns três segundos antes de fechar a porta e retornar a visão para o garoto.

Ele ficou no meio dos outros três. Com a garota na sua esquerda, o garoto na sua frente, e a ruiva na direita.

— Você deve saber que — começou o garoto — Existiram quatro Elementares.

— Sim. — Bruno concordou.

— Você é neto de um deles. Sario, Elementar do Fogo. — disse a garota cacheada. — Todos eles tiveram netos iguais aos seus avós. Por algum motivo, eles não foram descobertos por terem descendentes. Sario foi o único que foi descoberto e assim, começando a caçada pela sua vó, sua mãe, e agora você. O Locky, homem que comanda Kramptons agora, não sabe da nossa existência.

— Então quer dizer...

— Prazer. Eu sou Ellora Caelli. Descendente de Librianne, a Elemental do Ar. — disse a garota em um tom calmo.

— Eu sou Oliver Órthus. Descendente de Terrario, o Elemental da Terra! — disse o garoto em um tom amigável.

— E eu sou Marina Laqus. Descendente da Aquária, a da Água. — disse a ruiva em um tom antipático.

— Olha, eu to muito feliz em conhecer vocês. De verdade, mas não tinha outro lugar pra gente se reunir não? Justo nessa viagem?

— É que os objetos mágicos dos nossos avós correm perigo de serem achados por outras pessoas, gênio. — respondeu Marina.

— Essa menina é encrenqueira, hein? — disse Bruno.

— A minha função era te chamar — respondeu Marina.

— Foi só um pouco violenta. — Bruno disse e continuou: -Tá, mas como vocês sabiam que eu estaria aqui junto com todos vocês?

— Bom, pode parecer zoeira, mas foi pura coincidência. Eu cheguei faz uns dias e acabei me chocando com a Ellora quando eu vi que ela tinha a Faca de Henry. — disse Oliver.

— Faca de quem?

-Faca de Henry — disse Ellora e fazendo os três levantarem um objeto prateado que mais parecia com canivete.

Marina levantou os cabelos ruivos e passou o objeto na nuca fazendo um símbolo aparecer.

— Deve ter mais utilidades, mas a gente só sabe dessa. — disse Marina. — É o símbolo Krampto.

O símbolo era a silhueta de uma árvore com duas nuvens na parte das folhas, e com as raízes visíveis debaixo da terra.

— Eu nem sabia dessa tal Faca.

— Bom, você foi criado por Raízes-Podres então eles acabaram não te explicando isso. — disse Oliver.

— Falando em Raízes-Podres, a ruivinha aí fez uma bolha d'água gigante lá e duvido que ninguém tenha visto.

— Era um ponto cego, gênio — rebateu Marina.

— Vai ser difícil cuidar desses dois. — disse Ellora. — Mas a gente te chamou aqui por causa dos objetos mágicos, como a Marina disse. Como você deve saber, cada um tem um objeto. Tem a Pulseira de Fogo, Brinco D'água, Anel do Ar, e o Colar do Jardim.

— Diz a lenda, que quem possuir os quatro, será o maior Elemental, e os originais nunca poderão voltar. — continuou Oliver. — Outra lenda diz que, é possível trazê-los de alguma forma por meio dos objetos.

— A gente precisa pegar esses quatro objetos antes que outra pessoa pegue. Principalmente as pessoas de Kramptons, e Raízes-Podres.

— E então Bruno, você topa?

Bruno pensou bastante, um furacão se formou na sua cabeça. Era só o primeiro dia da viagem e já aconteceu tudo isso. Pensou em todas as possibilidades e os possíveis desdobramentos, e então disse:

— Topo.

Todos abriram um sorriso, exceto Marina que fez uma expressão de alívio. Ellora logo quebrou os sons de comemorações e disse:

— Que bom, Bruno! Agora, deixa eu ver o machucado aí no braço — se referindo ao que o tridente de Marina tinha feito. — Não é muito feio, logo vai estar curado. Senta aí que eu vou fazer um negócio pra melhorar isso mais rápido. Marina, teve algum ferimento?

Marina apenas negou com a cabeça.

Ellora pegou em uma mochila que trouxera contigo e tirou algumas coisas, dentre elas um pequeno pote e misturou todas as coisas que estavam na mochila. Logo, um líquido roxo surgiu e ela aplicou acima do ferimento, logo fazendo o mesmo se curar.

Bruno conversou assuntos básicos com os garotos, e finalmente saiu do tal quarto. Quando viu no relógio do celular já eram 5:36 PM, como dizia seu relógio doze horas.

Andou um pouco e quando estava em um campo enorme, na frente de outro pequeno lago com algumas árvores em volta, e do outro lado andando com algumas roupas na mão, estava a garota loira que havia visto mais cedo lendo Harry Potter.

E atrás dela, o garoto o qual ela rebateu na secretaria mais cedo, vinha andando logo derrubou as roupas dela no chão, e disse:

— Adorei o cabelo, é feito de qual material?

— Do pelo do pé da sua mãe, idiota.

O garoto nem ouviu a rebatida porque logo saiu de lá rindo com mais dois amigos gargalhando também.

Bruno apenas ficou olhando tudo aquilo, e a garota percebeu isso e disse:

— Vai ficar olhando a desgraça, inferno?

— Não, claro que não! Precisa de ajuda?

— Precisar, eu preciso. Mas agora eu já catei todas as roupas.

Bruno tinha um olhar de arrependimento, perdão e medo. Porém logo a loira soltou uma gargalhada e disse:

— Desculpa, garoto! Ha ha ha! Só tava tirando uma com a sua cara. Não tô brava.

Seticole se aproximou mais da garota e estendeu a mão em sinal de cumprimento.

— Meu nome é Bruno, aliás.

— Gabriela. Te vi na secretaria, acho.

— SIM! Te vi lá também! Você defendendo aquele menino foi incrível!

— Ah, não foi nada demais. O que tava zoando dele foi o mesmo idiota que derrubou essas roupas.

— Foi mal a pergunta, mais qual o motivo desse cara te infernizar toda hora?

— A gente nunca se deu bem. Conheço esse infeliz desde os cinco anos. — Nessa hora, os dois acabaram se sentando em um banco que avia próximo. — Ele inferniza demais a vida do Davi.

— Davi?

— O garoto que ''salvei — disse fazendo aspas com as mãos. — Mas e você, me conta um pouco sobre você.

— Ah, não tenho muito que falar. Sei lá, eu namoro tem uns 4 meses, eu canto...

— Você canta? Dá uma palhinha aí pra mim!

— Ah, agora não — disse envergonhado.

— Vai cantar no show que vai ter?

— Aquele negócio pra ver quem canta melhor?

— Tipo isso.

— Tem prêmio ou algo assim?

— Ah, parece que se você cantar uma música autoral, ela vai tocar na rádio e tal.

— Você vai? — perguntou Bruno.

— Minhas amigas vão, aí elas me convenceram de ir também.

— Legal, eu vou também.

Os dois deram um sorriso um para o outro, mas foram interrompidos por duas vozes femininas. O moreno olhou e viu uma garota com enormes cabelos presos num rabo de cavalo e pele branca, e outra garota alta, bonita, com cabelos cacheados longos e pele negra.

— Gabi, vem! A gente precisa terminar de aprontar as coisas! — disse a de rabo de cavalo.

Bruno voltou os olhos verdes para a loira, se levantou com ela e disse:

— Bom, acho que você precisa ir. A gente se vê no show então?

— Isso eu tenho certeza. Mas, você ta com o seu celular aí?

Bruno deu o celular pra garota já imaginando o que iria fazer.

— Pronto! Marquei meu número aí. Boa sorte nos ensaios, Bruno.

E assim a garota saiu com as suas amigas em direção à um dos dormitórios femininos. Bruno voltou com um sorriso calmo no rosto para o seu quarto. Quando abriu a porta, apenas viu Felipe no beliche próximo à porta mexendo no celular. Não disse nada para o loiro, e apenas se sentou na sua beliche dividida com Damian. Pegou os fones, e logo ligou uma música.

Ele escolheu para ouvir The One That Got Away de Katy Perry, pegou um cadernininho e passou toda a letra da música à limpo. Deu repeat na música e reescreveu algumas partes, e lá estava a sua versão da música.

Se ele ensaiou os versos reescritos para ver se casava com a melodia? Não. Apenas cantalorou um pouco. Damian abriu a porta, e sem dizer nada, Seticole o puxou para fora do quarto. 

— O que tá acontecendo?

— Eu conversei com a menina da secretaria.

— Tá. E o que eu tenho a ver com isso?

Bruno abaixou a cabeça e a levantou com um olhar de vergonha e preocupação.

- Ah não Bruno! — exclamou o canadense. — Você namora, cara. Tá apaixonado por uma garota que você nem conhece direito.

— EU NÃO TÔ APAIXONADO!

— Não mesmo?

— Não mesmo!

— Apaixonado ou não, você precisa falar com a Helena agora!

— Mas eu...

— AGORA!

— Você é meu amigo ou meu pai?

— Agradeça por eu ser seu amigo. Mas, de verdade, fala com a Helena. Você ainda vai fazer besteira.

— Eu vou falar... agora! — e saiu. 







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