silence.

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O tiquetaquear dos meus pés era impaciente enquanto tentava ajeitar desajeitadamente a alça direita da mochila azul, que se encontrava mos meus ombros. São  7:35
Ele está atrasado pensei para mim, mais de 10 minutos! Bolas! Eu só posso ser estúpida! Porque razão fui eu aceitar a boleia de Ashton? Ainda queria ir à papelaria antes de ir para casa, mas assim já vai estar fechada. Olho de soslaio para o telemóvel. Ligo lhe? É melhor não, ele não vai demorar muito. Sentei me no passeio que se encontrava em frente do edifício a que eu chamava faculdade. Coloquei os meus pálidos braços em cima dos joelhos expostos devido a roupa escolhida e pousei o rosto nos mesmos num ato de pura frustração e impaciência.

De repente um barulho de passos atrás de mim capta a minha atenção que estava focada numa pequena pedra do alcatrão e, viro me para ver quem,  ou o que, era a fonte sonora dos tais passos. Levanto me e viro me, e encaro a silhueta alta de quem? Oh, Ashton, Ashton parvo Irwin.

Eu -"Ashton . Até que em fim! Não sei o que me dá para aceitar as tuas boleias!já foi de manhã, agora também? Tens gosto em ver me à espera, ou atrasada? "

Ashton-"desculpa bebé. E não, não é de propósito... Tive de ir à secretaria buscar o meu horário novo, sorry não volta a acontecer..."-disse ajeitando o seu cabelo de uma forma surpreendentemente sexy.
Porra, para Angie. Assinto à sua frase de arrependimento e começo a dirigir me para o seu carro que se encontrava no estacionamento da faculdade. Estava mais escuro devido às horas, e não era o meu passatempo favorito andar em parques da estacionamento a estas horas doentias.

Ashton podia estar ao meu lado mas este encontrava se a teclar no objeto eletrónico como se eu não existisse. Concentro me em andar, para chegar o mãos rápido possível ao veículo que nos iria levar para casa.

Epah, querido Ashton não podias estacionar o cabrãozinho do carro mais longe? Uff.

Um grupo de adolescentes do ano de curso do Ashton, presumo eu, ou seja mais velhos que a minha pessoa,com um aspecto duvidoso encontravam se encostados a um carro vermelho a falar ruidosamente.  Param o seu diálogo olhando me com um olhar medonho e repugnante. Tive medo.

Ia começar a andar mais rápido para o carro, quando uma onda de choques eléctricos precorre o meu frágil corpo ao sentir o grande e forte braço de Ashton  nos meus ombros a puxar me  para si num ato de proteção. Sentia me tão bem. Tão segura. Olhei por cima do meu ombro e sorri lhe em agradecimento ao qual me foi retribuído.

Finalmente, ao chegarmos ao último canto do parque de estacionamento Ashton abre o veículo . Entro de seguida para dentro do mesmo e, uma vez sentada olho para o relógio vendo que já não vou ter tempo de ir à papelaria. Porra. Mas, não tenho coragem de repreender o pobre Ashton, visto que há minutos atrás demonstrou não ser assim tão parvo.

O adolescente alto que me acompanhava, sentou se no banco de condutor, os nossos olhares cruzam se e ele pisca me o olho, fazendo me gargalhar. Ele liga o motor e inicia a viagem para casa.

Predominava naquele pequeno espaço um silêncio ermo. Mas, porém, aquele silêncio não era constrangedor, ou desconfortável. Era...agradável. Relaxante. Terapeutico Como se nos os dois, não precisassemos de falar,produzir algum som ou gesto de comunicação. Era bom.

Muitas vezes as palavras são traiçoeiras, escondem as nossas verdadeiras emoções, ou então fazem nos dizer coisas que depois, mais tarde nos arrependemos tremendamente.

O silêncio é bom.

Se calhar é a melhor resposta.

Encostei levemente a minha cabeça no vidro do carro e deixei que as pálpebras caíssem sobre os meus grandes olhos azuis,  durante o mero período da viagem, para que mesmo insignificante,  pudesse proporcionar um  pequeno descanso ao meu corpo cansado.

{ the attic } - a.iOnde histórias criam vida. Descubra agora