Elite

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Lena observou o prédio da elite através do vidro fumê do carro. Tratava-se de um complexo branco com cinco andares e uma porta automática de vidro na entrada.

O carro parou, o que significava que ela teria que descer. Lena não queria descer. Sair daquele carro era como admitir que o ano letivo havia começado. Ela não queria estar ali. Fazer parte da LATT significava estudar o tempo todo. Infelizmente, sua mãe havia obrigado-a a se inscrever e é claro que ela havia passado. Maldita memória fotográfica.

– Se cuida, ok? – disse sua mãe.

Ela assentiu e desceu do carro, desequilibrando-se ao pousar no chão. Sua mãe tinha mania de flutuar o carro alto demais. Caminhou pela calçada perfeitamente lisa e, quando pisou na plataforma de metal na entrada do complexo branco, as portas se abriram.

O andar térreo era composto por uma simples recepção com quatro elevadores panorâmicos atrás de um balcão de metal. Sentada atrás do balcão estava uma mulher pálida de cabelo violeta, preso num coque alto.

– Boa tarde. – disse Lena, aproximando-se da recepcionista.

– Boa tarde. E você seria?

– Lena. Lena Mason.

– Ah, a garota da memória fotográfica! Número um da elite, que responsabilidade, hein?

Lena suspirou. Ótimo, era assim que ela passaria a ser conhecida de agora em diante. A secretária digitou alguma coisa em seu computador e entregou um cartão preso a uma correia roxa a Lena.

– Esse cartão te dá acesso ao elevador da esquerda. Ele vai até o primeiro andar, o andar do primeiro ano. – a secretária piscou sugestivamente.

– Valeu. – ela pegou o cartão e passou-o ao lado do elevador determinado. As portas se abriram automaticamente e ela entrou. Não havia botões, as portas simplesmente se fecharam e o elevador começou a subir. Através do vidro, podia-se ver o enorme campo verde que se estendia por quilômetros, mas que Lena sabia ser artificial. Nada tão seguro assim podia ser natural.

As portas se abriram novamente, dando lugar à sala de estar da elite do primeiro ano. Havia três sofás laranjas que pareciam muito confortáveis, um tapete de pele de urso polar e uma TV que ficava em cima da lareira de metal. Do outro lado, ficava uma porta para a sacada, coberta por persianas prateadas. Havia também uma cozinha americana em tons de branco e roxo, separada da sala por um balcão que podia servir de mesa. A porta da geladeira estava aberta e atrás dela havia uma garota loira de rabo de cavalo, que se inclinou para trás quando Lena saiu do elevador.

– Oi! – a garota exclamou.

– Oi... Er... Eu sou a Lena.

– Ah, você é a garota do quarto da frente! – a loira exclamou e Lena não entendeu o que ela quis dizer – Muito prazer. Meu nome é Astrid. Fique à vontade, aí!

– Alguém mais já chegou?

– Um garoto japonês, mas está trancado no quarto dele.

– Entendo. Bem, eu vou pro meu quarto, também.

– Tudo bem, a gente se vê mais tarde. – Astrid se curvou novamente para dentro da geladeira.

Lena caminhou pelo corredor à direita. Havia quatro portas automáticas de metal, cada uma com uma plaquinha com um nome escrito: Joana Fletcher, Clarisse Le Blanc, Astrid Coates e Lena Mason. Lena apertou o botão ao lado de sua porta e ela abriu automaticamente.

Havia uma cama de casal com cobertores roxos em uma das paredes, uma penteadeira eletrônica na outra, ao lado de uma TV na parede, levemente menor que a da sala. Havia também uma porta para um closet eletrônico, um banheiro particular e uma janela automática. As paredes eram completamente brancas, mas ela havia lido no manual de regras que podia decorá-las como bem quisesse. Lena suspirou. Teria tempo para decorar tudo mais tarde.

Guardados A Sete ChavesOnde histórias criam vida. Descubra agora