– Autumn
Pequenas gotículas de água caíam sobre a sua pele pálida enquanto caminhava, querendo ir para casa. Já tinha passado uma grande tarde com Calum, o amigo que tinha feito em algumas horas. Por isso, agora só lhe restava arranjar uma desculpa para que se safasse do castigo que os seus pais provavelmente teriam para ela.
Assim que chegou à sua habitação, subiu à árvore que já estava habituada ao seu peso. Autumn costumava fazer isto quando não queria que os seus pais soubessem que tinha estado fora aquele tempo todo.
Trepou até à varanda do seu quarto, e, por fim, abriu a janela, entrando no seu espaço calmo e acolhedor. Missão bem sucedida.
Quando viu as horas, apercebeu-se do quão tarde era. Murmurou umas quantas palavras de desaprovação e começou a retirar a roupa húmida à medida que caminhava até à casa-de-banho. Entrou na banheira e esperou até que a água ficasse morna, colocando-se depois debaixo do chuveiro.
Ela adorava esta sensação de conforto, – adorava sentir a água a escorrer pelo seu corpo enquanto os seus olhos estavam fechados. Por vezes, até imaginava acontecimentos que seriam impossíveis de ocorrer na realidade. Tinha uma mente invulgar, mas de adolescente.
Autumn tinha uma diferente forma de ser. Ou era demasiado carente ou demasiado distante. Ou falava imenso ou fechava-se a sete chaves no seu próprio mundo. Ela queria que a conhecessem, porém, nem se conhecia a ela mesma.
Finalmente, saiu da banheira, (passados uns bons minutos). Colocou uma toalha em volta do seu corpo, secando-o delicadamente. Cada gesto vindo dela era delicado como uma pétala.
Vestiu uma roupa seca e dirigiu-se ao seu quarto, sendo perturbada com barulhos irritantes que vinham lá de fora. Autumn suspirou pesadamente e sentou-se na ponta da sua cama, percebendo depois que estes chatos sons que ouvia estavam perto dela.
Levantou-se, acabando por abrir a janela. E, assim que o fez, uma pequena pedra acertou-lhe na bochecha direita.
"Porra!" – sussurrou, quase como se estivesse a gritar. Envolveu o seu rosto com as mãos, sustendo a respiração durante breves segundos.
"Merda" – ouviu uma resposta, e a voz dessa pessoa estava mesmo perante ela.
"Calum?" – perguntou – "O que fazes aqui?" – arregalou os olhos.
"Bem, eu segui-te" – ele respondeu, recebendo uma palmada na cabeça – "Não leves isto a mal, foi uma intenção completamente inocente e sem perigo" – declarou, colocando as mãos no ar, em defesa. Autumn soltou um breve riso, largando a sua bochecha.
"Desculpa por isso" – Calum apontou para a sua face. A rapariga apenas gargalhou mais uma vez, pegando na pedra que o moreno lhe tinha atirado.
"Que cliché" – murmurou com um largo sorriso, atirando a pequena pedra para a varanda. Puxou Calum para dentro do seu quarto, fechou a janela, e ambos os adolescentes se olharam durante alguns segundos.
"Não te preocupes, os meus pais têm um sono pesado, não vão acordar" – Autumn afirmou, deitando-se na sua cama. Fez um leve gesto com os dedos para que Calum viesse ter com ela, e, impressionantemente, o seu pedido foi concedido.
"Então, fala-me sobre ti" – pediu – "Já sei que gostas de chuva" – continuou – "Mas porquê?" – inquiriu, inclinando um pouco a cabeça para o lado. Quando o fez, pôde reparar em todos os traços do esbelto rosto do rapaz. Conseguia ver a linha do seu maxilar, bem definida; as maçãs do seu rosto ligeiramente rechonchudas, com um aspecto macio; os seus lábios carnudos e rosados; e os seus olhos em forma de uma gota de água deitada, castanhos e brilhantes. Autumn adorava olhos castanhos, – tinham uma beleza única. Cada coisa tinha uma beleza única.
"A chuva relembra-me de que ainda estou vivo" – ele respondeu-lhe, num tom suave e baixo. A rapariga esboçou um curto sorriso, encostando o seu braço ao dele. Ela gostava de tocar nas pessoas, – gostava de as sentir.
"Poético" – Autumn afirmou, cruzando o seu olhar com o de Calum, que se riu sarcasticamente.
"Muito obrigado, agradeço" – gesticulou os dedos, pousando-os por fim sobre a palma da mão da rapariga, que os agarrou.
"Faço voluntariado" – ele contou-lhe uma coisa sobre si, respirando fundo.
"Ninguém gosta da minha positividade" – ela continuou.
"Eu preciso de positividade" – Calum riu-se baixinho, dando um leve encontrão no braço do Autumn.
"Ainda bem que ela serve para algo" – a rapariga declarou, encolhendo os ombros.
"Autumn" – ele deixou que o nome dela saísse dos seus lábios – "Os humanos foram criados para perceber, e algumas coisas foram feitas para serem sentidas"
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Raindrops ➤ Calum Hood [Dropped]
Fanfiction☂ ☂ ☂ ❝ Amo-te mais do que amo chuva ❞ - Calum disse, quebrando o confortável silêncio entre ele e Autumn. ❝ Isso é imenso ❞ - a voz ternurenta da rapariga fez-se ouvir. ❝ Estou grato por ter chovido no dia em que nos conhecemos ❞ - c...