Vivendo Perigosamente

koda

Sinto meu coração apertar pelo fato de não ter recebido nenhuma resposta, eu não era assim, Talvez eu esteja sendo babaca com os sentimentos dela, mas ela é só uma criança, Não deveria nem pensar nela dessa forma.

Bato a cabeça contra a parede enquanto me xingo por ainda ser tão infantil

Eu já tinha perdido completamente o foco, eu não queria essa vida pra mim
Mas já que entrei, não tem como sair.
Escuto a voz do Pedro me chamar e encaro o mesmo:

-tá mal em
Ele fala e se senta ao meu lado
-pensei que você ia brotar lá

Suspiro e me perco em pensamentos, não valia a pena Olho pro Pedro que brinca com um cigarro, ele gira o mesmo e sorri fraco.

-achei melhor ficar por aqui mesmo, tô com muita cabeça não.
Falo enquanto ele me encara.

Essa era minha vida, sem isso eu não sou absolutamente nada Tinha me deci-
-dido, Agnes seria somente minha amiga e depois que ela fosse embora
Eu iria esquece-lá

...

Sinto minha cabeça girando depois de tomar metade de uma garrafa de vodca de uma vez, escuto uma voz me chamando mas ignoro
Porra
Eu sou o dono desse merda
é disso que eu preciso

A voz que me chamava agora tinha aumentado, fazendo minha cabeça doer

- oque foi ?
Falo alto puxando a Glock, mas assim que me viro vejo agnes me olhando assustada

- você tá muito bêbado
Ela fala baixo quase em um sussurro

Ela balança a cabeça e fala algo que não escuto, sinto meu corpo sendo puxado e meu estômago revira

- vai com calma Agnes, porra
Falo e a mesma me puxa com mais força

A mesma para em frente ao meu portão e me encanra, tiro a chave do bolso e a entrego, ela murmura um obrigado e a abre a porta me puxando mais uma vez.

- por que você bebe tanto?
Ela fala e eu acabo soltando uma risada
Oque eu faria se não fosse isso ?

Ela me olha e pergunta o caminho pro quarto, reprimo um sorriso apontando pra porta. Ela me leva até lá e me joga no box do banheiro com água gelada, a água cai sobre mim, mas o efeito de álcool não passa Olho pra porta e vejo agnes que me olhava estranho, Não entendia o motivo de em atrair tanto por ela, mas da mesma forma parecia tão certo, mesmo sendo errado.

Sinto minha cabeça doer, finalmente abro os olhos depois de passar uns minutos tentando organizar os pensamentos, por incrível que pareça, todos eles eram sobre ela.
Eu não diria que gostava dela, mas em pouco tempo sua presença me trouxe a única coisa que eu nunca tive.

Paz

Ficar na frente disso tudo era complica- -do, matar pessoas no começo era tão difícil como ver a pessoa que você mais ama sofrendo, Diversas vezes me per-
-guntei o porque, tentei me convencer que era o único caminho, mas depois de tanto tempo, só para de doer.
Vi pessoas morrendo, vi mães chorando, observei a morte vindo ao meu encon-
-Tro, geralmente implorava pra que ela me encontrasse. Mas por algum motivo, a morte sempre fugia de mim. As vezes pensava sobre Deus, ele realmente me escolheu pra viver dessa forma ? Matando, torturando e condenando pessoas por terem escolhido um caminho errado, assim como eu.

Hoje, enquanto olho pra agnes parada na porta, me questiono mais uma vez se essa era a vida que eu realmente queria, em partes, tem o dinheiro, as mulheres, a ostentação e tudo que por um tempo parece ser o melhor da vida. Olho pra trás e penso em todas as pessoas que me
Deixaram, as pessoas que eu deixei..

- o que você tá pensando?
Agnes fala enquanto me olha, suas bochechas estão vermelhas, talvez por conta do frio, mas prefiro acreditar que é por me ver tomando banho.

-Só estava pensando, me desculpa de coração tá ligado? Não queria que você estivesse nessa situação por minha causa.
Ela me olha atenta, seu olhar é tão penetrante que por alguns segundos penso que estou sendo condenando por todos os meus pecados. são tantos que sinto minha cabeça latejar de dor.

-Não precisa pedir desculpas, vim por consideração. Somos amigos, como você disse.
Amigos...uma palavra tão simples, que cria tantas barreiras que sinto que deveria morrer imediatamente pra não ter que viver sendo apenas "amigo" de Agnes.

Me enrolo na toalha e saio pela porta do banheiro, me jogo na cama e vejo agnes saindo pela porta, minutos depois ela volta com um copo de água e dois remé-
-dios. Ela me encara e por incrível que pareça coloca o copo na minha boca e por uns instantes me sinto uma criança.
Seguro o sorriso por estar sendo tão bem cuidado, mesmo que eu não mere-
-ça.

A encaro por mais alguns segundos e peço pra que ela se sente do meu lado.
Fecho os olhos sentindo a presença dela, pela primeira vez em anos, tenho uma boa noite de sono.

Pela primeira vez, alguém me protegeu dos fantasmas.