koda

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Abro a porta lentamente tentando fazer o mínimo de barulho, não estava afim de responder perguntas que por acaso não eram da conta deles.
Vou até a cozinha pegando uma garrafa de água e levo até a minha boca suspirando fundo.
Que merda eu estava fazendo ?

Escuto alguns passos e vejo bruno vindo até minha direção com um sorriso fraco

-aproveitou a noite?
Fala sorrindo

-Oi?

- a Bruna vai adorar isso né
fala dando uma risada falsa, dava pra perceber.
Tinha que ficar de olho aberto com ele, sei muito bem oque ele quer.

- já pagou sua dívida "chefe"?
falo relembrando as drogas que ele tinha comprado e deixando pra pagar depois.

- já vou pagar, cada um com o teu po.
fala com dificuldade, ele sabia que eu podia levar ele pra resolver o b.o a qualquer momento.
-tô indo dormir, valeu mano

Não vai durar muito

...

Suspiro cansado após ter que matar uns 5 caras, matar não era meu passatempo favorito, ou algo que eu levava como se fosse normal, mas era consequência dessa vida. Me deito na cama em uma tentativa falha de descansar, eu não dormia bem a um bom tempo, desde que eu parti em quanto ela dormia, nunca consegui dormir bem, ou literalmente tirar um dia pra descansar.

Eu e minha mãe passamos por momentos difíceis, mas no final do dia ela sempre sentava na mesa da cozinha
E sorria feliz pra mim.

- conseguimos suportar mais um dia, meu amor.
Ela sempre foi grata a tudo, sempre esperando o melhor das pessoas..

Eu tinha terminado o ensino médio, e já estava a quase um ano procurando um emprego, minha mãe tinha ficado doente e eu era tão jovem, tão bobo.
Procurei emprego em todos os lugares possíveis. Tentava algum bico, mas sempre me passavam a perna. No final do dia, quando eu chegava em casa minha mãe sorria pra mim e me parabe- -nizava por ter insistido por mais um dia.

" já esqueci de tanta coisa, mas lembro de quando nós dormia no mesmo quarto"

Um dia me ofereceram um emprego, do nada mermo" pulei de felicidade tá ligado, só tinha que entregar alguns pacotes pra algumas pessoas de madrugada, minha minha ficava preocupada, mas eu prometi que ia cuidar dela. Com o tempo a parada foi subindo a cabeça, eu ainda era novo foi
Facin" botar na minha mente que era o caminho certo.

Um dia cai na real, tinha vergonha de ir ver minha mãe, vergonha de quem eu me tornei. Não era honesto e ela não me criou assim, um dia fui pra boca e não voltei, tinha tido troca de tiros e eu acabei sendo atingido. Nunca mais voltei, minha mãe pensa que eu morri naquele dia tá ligado, e eu na época
Fiquei meio sem jeito pra contar que eu tinha me metido nisso. Eu quase sempre passo por onde ela mora, deixo um envelope pelo portão com dinheiro e vou embora.

" se eu conseguisse voltar no tempo, não teria perdido sua festa de aniversário.."

uma hora você só não se sente pertencente a lugar nenhum, não me acho merecedor da vida, não sem ela por perto. ela me disse que o sonho dela era ter um neto. eu me arrependo de não ter tirado um sorriso da mesma falando que eu ia ser pai, mesmo sendo novo. Queria que fosse diferente.
Eu não mereço ser feliz, não mais..

...

Me levanto colocando o tênis, e saio de casa, mando mensagem somente pro pk.
Bato na porta de Agnes, e suspiro fundo esperando a mesma abrir.
A mesma aparece na porta e revira os olhos quando me vê.

-bom dia pra você também_ falo enquanto olho de relance o pijama que a mesma estava usando, desgraçada, pequena desse jeito, gostosa pra caralho.

-Bom Dia? Só pra você.
fala indo pra cozinha

- puta vontade de mijar
falo e a mesma para e me olha.

- vai ue
Fala e me olha confusa

- vou colocar o mostro pra chorar então.
falo e sigo até o banheiro ouvindo uma risada baixa.

...

Encaro o espelho um pouco exagerado do banheiro, e olho pra gaveta que estava entreaberta

Pílula do dia seguinte

Tô ligado que não tô no meu direito, mas me senti meio mal, sem querer mermo" quis sair pela porta e vazar pra casa. Pensei em tentar ficar, fingir que estava tranquilo, fazer alguma piada e ir embora, até porque eu ficava com a Bruna. Mas por algum motivo não consegui.

Saio do banheiro e escuto a voz da mesma me chamando.

Vou até a sala e bato a porta.
Por que ela tinha aquilo?

Desci o elevador e fui pra praia que tinha ali em frente.
Fui pra parte mais afastada e me sentei na areia, que porra.

...

- Rafael?

Vivendo Perigosamente Onde histórias criam vida. Descubra agora