Comecei a fazer terapia depois que voltei do enterro no Canadá. Faz algum tempo que tudo aconteceu e ainda estou me esforçando para entender o motivo.Minha terapeuta perguntou como eu me sentia em relação a morte de Josh. Me sinto mal. Não entendo tanto ódio no coração das pessoas. Josh era doce e amável, ele não odiava ninguém. Fez as besteiras dele, mas, hora, todos fizemos. Josh tinha a autoestima baixa, ficava tentando provar que era bom dançarino, apesar de não precisar provar para ninguém, todo mundo já sabia. Ele não gostava de usar redes sociais, me contou isso faz alguns meses, às vezes ele queria sumir. Eu me preocupava.
Minha terapeuta perguntou se eu sentia vontade de me matar também. Honestamente, nunca senti, e sou muito abençoada e grata por isso. Na hora imaginei se ele pensava em morrer o tempo todo ou só de vez em quando.
Minha terapeuta perguntou se eu sei por quê Josh cometeu suicídio. Eu não sei, mas disse todas as razões nas quais consegui pensar, até nas bobinhas. Podia ter sido o ódio, as pessoas falando como ele dançava mal, os fãs invadindo a vida pessoal dele, postando besteira em toda foto, todo mundo achando que ele não podia namorar ninguém além da Any, o jeito como ele sempre se esforçava para se achar bonito sem nunca ficar satisfeito, a pressão de ser bom o suficiente, a pressão que ele mesmo botava nos ombros, podia ter sido um coração quebrado ou uma crise de ansiedade, ou as lembranças de todas às vezes que trataram ele mal. No fim respondi à minha terapeuta que foi uma soma de tudo. E foi culpa minha, e do resto do grupo, e dos fãs, e dos haters, e da família dele e foi culpa de Josh. E também não foi culpa de ninguém.
Minha terapeuta perguntou se eu acho que vou voltar ao normal.
Minha terapeuta perguntou várias outras coisas que eu não escutei porque comecei a imaginar se morrer não seria melhor. Eu acho que não é. Acredito na humanidade. Quero viver para conhecer um mundo com um pouco mais de empatia. Josh gostaria desse mundo.
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Causa mortis
FanfictionTem horas em que o maior medo é ver a ficção virando realidade...