A Coruja

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Já agora uma lua brilha alta, e majestosa no céu. De noite, o lugar parece ainda mais mágico, azul escuro com uma neblina que não é fria, mas simplesmente mágica e aconchegante. A neblina imita a textura de um algodão doce e é possível tocá-la.

Depois de ter passado pela ponte, uma floresta - a última, que delimitava o final daquele grande vale de pequenas repartições - se repartia ao meio para dar lugar a um castelo envolto em neblina. A lua escorria na ponta como chocolate branco derretido, e encontrava a torre mais alta do castelo, em um vínculo mágico brilhante. Era quase como se a lua segurasse o castelo.

Uma pequena trilha de pedras, iluminada dos lados em um dourado brilhante por vagalumes traquinas, levava até uma entrada de portas duplas gigantes. As portas imitavam asas de um pássaro, e acima delas, a construção redonda modelava um rosto animalesco, com duas janelas igualmente redondas parecendo olhos decorativos e um pilar de mármore em azul néon logo abaixo dos olhos.

Se eu pudesse chutar, diria que a construção imita uma... Coruja?

Pensando em tudo que havia ouvido daqueles seres mágicos me coloquei a caminhar, destemida, tentando encontrar o caminho de volta; Lara havia dito que eu só tinha um dia ali, e logo seria hora de voltar para casa.

Quando minha mãos tocaram o pequeno puxador de metal, nem preciso fazer as típicas batidas que se veem em filmes, pois a porta se abre naturalmente, revelando um longo cômodo retangular com uma escada de centro que se divide em duas direções em seu topo, identificando as outras unidades do pequeno castelo. Tudo ali é muito branco, cinza e azul escuro caracterizando um pouco da noite estrelada de lá fora no teto. Algumas estatuetas eram postas nos cantos do cômodo, e logo percebi se tratar de todos os animais que vi mais cedo: Wilka, o pequeno Brócolis, posta junta a uma outra estátua mediana do Corvo, Lara. Ao menos ali elas estavam civilizadas, ri para mim mesma, divertida.

— Foi divertido. Gostei de conhecer vocês duas, sabem? - passei meu dedo sobre as duas estátuas com um carinho especial. Então, ao lado das duas um pouco afastada, a raposa amiga, Carol, em uma pose deitada com a língua para fora, olhando para frente.

— Oh, você. — toquei sua cabeça, tentando repetir uma última vez o gesto que tinha realizado, com ela — Obrigada, de verdade. E quanto a mochila... Não tive oportunidade de dizer antes mas é linda. Vou usar lá no meu mundo, eu te prometo. As uvas estavam maravilhosas! — agachei até a altura dos olhos de argila, eternamente sorridentes, e não pude evitar lacrimejar um pouco — Não vou te esquecer.

[N/A: a pessoa chorando que nem retardada aqui atrás do celular escrevendo isso, affu. Continuemos.]

Levei a manga de minha camisa até meus olhos, rindo um pouco no ambiente vazio da entrada.

— Eu sou muito boba, não sou? Choro por tudo — vi a imagem de Romise, a anfitriã arco-íris, preencher o lado oposto ao das três estátuas, e sorri.

— Você me lembrou minha mãe um pouco naquela era, sabe? Obrigada, por aquelas memórias. Eu precisava delas.... Muito — sussurrei a última parte.

Então encarei a última estátua, ao lado da mulher arco-íris e franzi o rosto. Aquela eu não conhecia ainda. Definitivamente.

Era uma coruja e a seu lado um cedro roxo brilhante, acompanhando a postura de liderança do animal a seu lado. Seus olhos eram afiados, porém cheios de vida e carisma, mesmo sendo uma estátua.

Franzi minhas sobrancelhas juntas. Talvez... Ela seria o último animal que teria que ver?

“Lembre-se: você tem apenas hoje, até meia-noite: não desperdice esse tempo. Encontre a coruja; ela te retornará para casa.”

Leve-me À NeverlandOnde histórias criam vida. Descubra agora