Capítulo 8 A decisão de Lucy

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Lucy limpou o suor da testa. Embora uma nevasca caísse lá fora, tingindo as vidraças do castelo de branco, dentro do seu quarto ela sentia o calor da fúria contra o Conde. Já era sua terceira noite no castelo, e o fato de que não podia sair, caso contrário morreria de frio em poucas horas, antes de chegar a Gattas Nial, a deixava revoltada.

Durante aqueles dias, Lucy realmente fora "livre", no sentido de que podia passear pelo castelo livremente. Todos os dias, cestas de frutas e pães eram depositadas na porta do quarto para que ela pudesse se alimentar. Flores recém-colhidas jaziam no travesseiro ao lado de Lucy quando ela despertava. Mas Kiernan não aparecia. Lucy passara os últimos três dias completamente só naquele lugar.

Agora, no começo da noite, ao ouvi-lo chamá-la, ela pretendia descontar todo o seu ódio nele.

Assim que o Conde atravessou o limiar para dentro do quarto, Lucy pulou em suas costas.

— Desgraçado! — ela berrou, golpeando-o na cabeça com os punhos — Como pôde me dizer que eu estava livre se tinha a intenção de criar uma tempestade lá fora? Dissimulado!

Kiernan gargalhou e gentilmente removeu Lucy de cima dele. Ela bufou e deu mais dois socos em seu peito, sem gerar nenhum tipo de dor ou desconforto nele.

— Minha querida, a tempestade é típica da época e eu lhe juro que não tenho nada a ver com ela. Como tem passado?

— Como ousa me perguntar isso? Estou de camisola, presa num castelo!

— Há destinos piores, Lucy. Tem comido bem? Bebido vinho e a água do poço que consegui para você? Os queijos de cabra?

Contra sua vontade, Lucy foi sincera:

— Sim. Tenho me alimentado. Não finja que está sendo bondoso.

— Enquanto a tempestade não passa, o que eu poderia fazer para deixá-la mais à vontade? É só dizer.

Lucy mordeu os lábios de raiva.

De fato, os últimos dias ela havia dedicado a explorar a imensidão daquele castelo; ainda não havia conhecido nem a metade. A riqueza não seduzia Lucy – ela gostava de estudar história e sabia que nenhuma riqueza é conquistada de forma honesta. Aliás, Lucy nunca sonhara com ouro ou joias; pretendera sempre ter uma vida mais simples, mas cheia de conhecimento e livros e boas conversas.

Ela mexera em diversos instrumentos musicais no castelo, observara tapetes de metros e metros de comprimento, conversara com as pessoas nas pinturas e até brincara com algumas armas antigas e armaduras.

— Eu quero voltar para minha aldeia.

Kiernan sentou-se na cama com um olhar divertido. Ela precisou admitir para si mesma que de botas, calças de veludo azul marinho e leve camisa branca, o Conde lhe delicioso de tocar.

— Eu não tenho carruagens para te levar.

— Me carregue, como me trouxe até aqui.

— Faria isso de bom grado, minha bela, mas você não sobreviveria ao frio.

Lucy quis gritar.

Foi quando o atacou de novo, para descontar sua frustração, mas também, ela soube depois, para poder tocá-lo. Ela avançou contra ele, e os dois caíram sobre o colchão. Kiernan gargalhou dos socos fúteis dela, até que Lucy desistiu e cedeu, soltando seu peso em cima do Conde.

Ao abrir os olhos, ela viu os dele, tão próximos. Kiernan parou de rir e numa manobra rápida, apertou Lucy contra ele e virou os dois na cama, de forma a ficar por cima dela. Observou-a por alguns instantes, enquanto o peito dela arfava.

Prometida para o CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora