Ainda não...

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(Tarik)

Esse se mantinha perplexo pelo acontecimento anterior, não sabia o porquê ou de onde aquilo tinha vindo.
Tarik tenta atirar outra bolinha de fogo, mas suas tentativas foram em vão. Esse então lança um olhar para seu grifo, que o olhava curioso; Tarik apenas suspira olhando pela sua janela, logo recuando e indo em direção a mesa, pegando uma cesta na qual ele deveria levar para Mike.
- Estou de saída pequeno, promete proteger a casa? - Tarik olha para o seu grifo que faz um pequeno barulho, provavelmente afirmando pelo leve balanço de cabeça que a criatura deu.
Tarik vai até seu cabideiro puxando o mesmo manto azul que esse usava quando foi atacado, esse que ainda possuía um rasgo em sua parte inferior, o rapaz apenas o coloca, sem pensar muito nisso, já com a cesta em mãos, sai de sua casa em direção à floresta.
Enquanto o jovem caminhava em direção a casa de Mike, pôde ouvir um barulho em meio a floresta, parecia alguém, o jovem rapaz decide desviar um pouco de seu caminho e seguir os sons, os mesmos que vinham de uma pequena clareira em meio à floresta.
Tarik tenta se aproximar, mas ao avistar um rapaz, esse se esconde atrás de uma árvore, tentando identificar o que aquele rapaz fazia ali. Aquele que Tarik espreitava segurava uma espada consigo, parecia treinar golpes de esgrima com uma árvore que já estava desgastada de tanto levar golpes da arma.
O moreno não sabia se era certo estar ali, ele estava prestes a se retirar, quando escutou outro barulho, Tarik se vira para ver como aquele rapaz estava, porém percebe que aquele não estava mais lá.
- Olá? - O jovem aviador se assusta e ao se virar, vê que aquele rapaz que observará estava ao seu lado, apontando a ponta de sua espada contra o peito do outro.- Por que estava me observando?- O rapaz pergunta ainda ameaçando Tarik com sua espada, o jovem aviador se demonstrava claramente nervoso, em uma situação na qual não sabia o que aquele poderia fazer com sua vida.
- A-Ah! Desculpe-me foi um engano, eu estava passando, quando ouvi um barulho em meio ao mato e decidi checar, só isso! - Esse ditava cada palavra com um nervosismo aparente, ainda temendo sua vida.
Logo o outro, abaixa sua arma e se aproxima de Tarik, o analisando de cima a baixo, com cautela, como se procurasse algo.
-... Tudo bem. Aliás, você também não me parece uma ameaça, só acho que tem que parar de espionar os outros. - Diz o rapaz, levantando sua espada e a apoiando em seu ombro, abrindo um pequeno sorriso para Tarik.
- Desculpe-me a invasão.- O moreno dá uma risada meio nervosa, ainda um pouco assustado.
- Certo... E como se chama?- O outro o indaga, o lançando um breve olhar, mas logo virando-se e se afastando.
- Tarik! Prazer! - Esse diz sem ter a oportunidade de fazer contato físico com o rapaz, que por sinal já tinha se distanciado do outro, e que repousava em uma pedra.
- Prazer Tarik, me chamo Felipe.- Disse, olhando para Tarik, e fazendo um sinal para e que o garoto se aproxime. Tarik hesitou um pouco mas, logo se juntou a Felipe.- O que faz na floresta? Fiquei sabendo que essa é a área dos lobos... E ainda por cima, você não deveria estar aqui. Ninguém pode sair do reino, enquanto um toque de recolher estiver em andamento, e até onde eu sei já são quatro e meia, você deveria estar em casa.
- Agora eu lhe pergunto o que você faz aqui também.- Tarik vira a cabeça tentando deixar mais clara sua expressão curiosa.
- Ok, você me pegou. O que eu faço aqui? Acho que apenas lutando com árvores e quebrando um pouco os horários. - Diz simplório, tentando esclarecer a dúvida do outro a sua frente. - Agora responda-me! - Ordenou, apoiando a cabeça entre as mãos, apenas esperando Tarik começar a falar.
- Bom...- O jovem, levanta o olhar para o céu pensando se deveria mesmo falar.- Promete não contar a ninguém? - Pergunta, ainda meio receoso, lutando contra suas dúvidas.
- Prometo.
- Apenas ajudando um amigo... - Esse abaixa o olhar para a cesta que tinha em mãos.
- Uhm, por isso da cesta, ele foi condenado? - Felipe, parecia compreender o que Tarik fazia ali, mas manteve uma expressão neutra o tempo todo.
- A vagar pela floresta, já que foi expulso do reino, provavelmente eles esperavam que ele morresse logo, pela fome ou pelos animais da floresta.- Esse diz inclinando a cabeça e levantando seu olhar para o céu novamente.
- E por esse motivo que as árvores são numeradas?
- Ah! Você percebeu! - Tarik se demonstrava surpreso com o quanto observador Felipe era.
- Uhum, como não perceber árvores numeradas, para que servem?
- Vão para a casa desse meu amigo. - Diz levantando a cesta que tinha em mãos mas logo a abaixando.
- Não se preocupe, seu segredo estará a salvo, admiro sua coragem e disposição para ajudar um amigo. Acho que eu realmente não deveria estar aqui. - Felipe se levanta da pedra onde sentará, começando a dar pequenos passos em círculos, observando o moreno.
- Entendi. Então... Quer dizer que é verdade? Lutar com uma árvore? - Tarik acompanhava os movimentos circulares de Felipe com os olhos.
- As vezes sou o bobo real, e outras o rei. - Esse diz parando de andar por um momento e encarando, o outro ao seu lado.
- Onde quer chegar com isso? - Indagou confuso com essa falácia vinda do outro.
- Só quis dizer que sou alguém que a rainha não se importa, estou entre os bobos reais e ela. Para ser mais exato sou o cão de guarda da rainha, o servente que aquela velha aprisiona com deveres e mais deveres! - Declara, pegando sua espada e golpeando uma árvore.- Estou aqui para fugir de meus deveres, e meio que me "distrair" um pouco.
- Hum, parece com um amigo meu. - Diz em um tom de voz baixo, que Felipe não pôde deixar de escutar, rapidamente a imagem do rapaz que ele estava "ajudando" veio em mente.
- Luta comigo? - Perguntou o rapaz, Tarik quase engoliu em seco, sem entender muito, inclinou levemente sua cabeça para o lado. Felipe jogou a espada que levava consigo na direção de Tarik, ficou surpreso quando de repente Tarik a pegou antes da mesma cair ao chão. Tarik parecia estar mais surpreso que o outro.
- Eu não sei... - Disse o outro que mal sabia segurar aquela espada.
- Apenas... Se defenda com ela. - Respondeu-lhe simplesmente, enquanto arrancava um galho de uma árvore. Tarik pareceu assentir, Felipe começou a atacá-lo com aquele galho, sem Tarik usar a espada, o rapaz conseguia desviar de todos os possíveis golpes, fazendo o moreno duvidar sobre Tarik realmente não saber lutar. Os reflexos de Tarik estavam realmente bons. Agora seria a vez de Tarik, o moreno atacou Felipe, um pouco receoso, logo aquela espada antes de entrar no abdômen de Felipe, foi parada pelo galho que o rapaz segurava. O Felipe então pôde sorrir e sem demora dar um rápido chute na espada que Tarik segurava, a fazendo cair sobre o solo, logo pegando-a.
- Tem certeza que não sabe lutar, Tarik? - O rapaz arqueou a sobrancelha.
- Sim! - Disse o rapaz, não sabia que seus reflexos eram tão bons assim, suas sobrancelhas ainda estavam arqueadas, estava realmente surpreso. - De qualquer forma... Foi bom conhece-lo! Tenho que ir... Agora! - Ele tomou a cesta em mãos, e saiu rapidamente, acenando com a outra mão. Felipe apenas respondeu acenando com a destra.

O Inimigo Da Coroa - MitwOnde histórias criam vida. Descubra agora