6° Jardim, Fernanda?

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Acordei sem ter ideia de onde estava, não me lembro de quase nada da noite passada. Puta merda, o que rolou?

Peguei meu celular e o brilho acentuou a dor de cabeça que eu já tava sentindo, mas consegui ver duas chamadas do meu pai.

-Fala coroa.

-Fernanda, onde você se meteu ontem?

-Foi mal, eu falei pra vovó que ia sair. Não que faça muita diferença né, você nunca tá em casa. - respondi levantando da cama e saindo do quarto.

-Escuta Nanda, sua vó já te falou da mudança, então se você pudesse colaborar eu ia agradecer muito. Quando a gente for pra Califórnia as coisas vão ser muito diferentes ok?

-Tá né, não tenho muita escolha mesmo.

-Então, vamos no fim de semana, preciso que comece a se organizar.

-QUE? - perguntei olhando em volta, ufa, tava no quarto de hóspedes de casa. -Como assim no fim de semana? E a escola?

-O doutor Renato já está providenciando a papelada de transferência, sua e das meninas.

-Para de chamar ele de doutor cara, ele não é médico não. - brinquei mordendo uma maçã. - Perai, das meninas? A Camila também vai?

-Ai Fernanda, facilita pra mim, eu não sei de muita coisa. Só se organiza essa semana, preciso trabalhar. Beijo.

-Falou pai.

Desliguei o telefone e vovó não estava em casa. Deve ter ido no sacolão comprar fruta como ela faz toda manhã. DROGA, O COLÉGIO. Peguei minha escova de dentes, um pente e meu uniforme, jogando tudo na mochila. Já tava meia hora atrasada pra aula. Merda, merda, merda.

Desci o elevador às pressas e corri pela rua desviando das pessoas até o ponto de ônibus.

-NANDA!

Olhei pra trás e vi Laura no carro com seus pais e seu irmão, obrigada Deus.

-Nossa, vocês nem imaginam como me salvaram. - respondi abrindo a porta do carro.

Entrei e sentei ao lado da best dando um beijo em sua bochecha.

-Como cê tá? Lembra de alguma coisa? - Laura perguntou rindo.

-Nadinha de nada. - cochichei. - Mas me conta, o que aconteceu?

-Então, a polícia chegou e basicamente mandou todo mundo embora, mas você já tava ruim né Nanda? Então depois disso a gente foi pra casa e te deixei no seu apê.

-Como é que eu fui parar no quarto de hóspedes?

-Como assim maluca? - gargalhou. - Você não achou seu quarto?

-Eu não lembro garota. - respondi sorrindo. -Só lembro de ter terminado com o Vitor. Foi péssimo.

-Amiga, sinto muito. Vai ficar tudo bem, sério. Provavelmente não agora, mas um dia vai ficar.

-Essa foi a pior merda que você já me falou, Laura. - respondi com cara de desgosto.

Ela virou os olhos e sorriu. Seus pais estavam no banco da frente falando sobre a mudança e as passagens aéreas enquanto Lucas estava do seu lado com fones de ouvido. Gatinho, mas sem noção.

Chegamos no colégio e fui ao banheiro me trocar e dar uma mínima cara de dignidade na minha pessoa. Saí e fui direto pra quadra já que a primeira aula era de educação física.

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