9° Tour, Lucas?

40 6 7
                                    

Foi do nada.

Eu estava de fone olhando pela janela quando ouvi o grito da Laura e uma pancada em seguida, meu pai bateu num coqueiro. Detalhe, com um carro que nem nosso era.

-O que aconteceu? - Renatão perguntou acordando assustado.

-O que aconteceu Renato? Você dormiu no volante. QUE INFERNO. - mamãe gritou dando um tapa no porta-luvas.

Confesso que dona Carol não é flor que se cheire, mas nunca vi ela tão puta quanto naquele momento. Olhei pro lado e Laura estava esfregando a cabeça, provavelmente deve ter batido no encosto da frente.

-Cê tá legal? - perguntei virando o rosto dela pra ver sua cabeça.

-Sei lá, acho que tô. - respondeu meio lerda. - O que a gente faz agora, pai?

-A gente vai pra casa né, não tem como dormir aqui. Pelo visto nem vou conseguir dormir hoje. - reclamou dando partida no carro enquanto minha mãe bufava virando a cabeça.

No caminho pra casa ninguém disse nada. Minha mãe tava irritada com meu pai, ele com medo dela, eu em choque e Laura lerda depois de ter batido a cabeça. Quem sabe agora volta os parafusos pro lugar.

Não demorou muito até que chegássemos, e a casa era realmente linda como meu pai tinha dito. No Brasil a gente não teria casas desse tipo, mas pro padrão americano uma casa creme com pedras e uma garagem coberta ao lado era sensacional. Além disso tinha um jardim na frente, com uma árvore grande e uns arbustos, dois andares e era bem grande.

Um clássico estadunidense.

Descemos do carro e cada um foi levando sua mala pra dentro. Mesmo que ainda estivesse assustado com o acidente, não pude deixar de reparar na vizinhança, as casas eram parecidas e tinham algumas crianças de bicicleta na rua, era bem familiar, mas eu queria saber das gatas.

Meu pai abriu a porta da frente e de cara já tinha uma escada enorme com pé direito duplo, que ia do primeiro andar até o teto. Do lado esquerdo tinha a sala de jantar, do lado direito a sala e as duas davam pra cozinha, nos fundos. Os detalhes não eram lá do meu gosto, por mim estaria tudo com uns grafites e tal.

Fui direto pro meu quarto sem falar muita coisa, eu precisava de um banho e uma cama pra ontem.

Entrei no quarto, abri a mala e peguei uma calça de moletom e uma cueca, era tudo que eu precisava pra dormir. Como era meu quarto? Nem reparei. Meu pai com certeza colocou ursinho de pelúcia na decoração, então esse fim de semana já vou mudar o cômodo inteiro.

Quando acendi a luz do banheiro deu até cegueira, era inteiramente branco. Sacudi a cabeça e foquei no que realmente era importante, o chuveiro. Entrei no box e deixei a água o mais quente possível, do jeito que eu gosto, relaxando meu corpo o suficiente pra dormir até 13h da tarde.

Depois de escovar os dentes, voltei pro quarto e me joguei na cama, amanhã esse país só ia me ver acordado na hora do almoço.

-

*Campainha tocando*

Abri um olho pegando o celular do meu lado. FUCKING OITO DA MANHÃ, PUTA MERDA.

Desci a escada puto de ser acordado essa hora e sem ninguém da minha família pra atender esse sem noção.

-Oi. - uma voz suave disse enquanto eu abria a porta. Era uma garota.

-Ah, oi. - respondi tentando arrumar meu cabelo.

-Eu moro ali na frente, vocês chegaram ontem e minha mãe preparou uns bolinhos de boas vindas, só vim trazer mesmo.

Holy ShitOnde histórias criam vida. Descubra agora