Decepção

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Eis aqui um sentimento que em sua essência ocorre muito mais por culpa nossa do que por culpa daqueles que nos cercam.


Este sentimento nos afeta porque temos por natureza a infeliz mania de esperar das pessoas aquilo que elas não tem para nos dar, queremos ter das pessoas aquilo que em nossa opinião merecemos, porém nos esquecemos que existe uma grande distância entre aquilo que pensamos merecer, e aquilo que realmente fizemos por merecer.
Se não esperamos muito das pessoas, nos decepcionamos menos com cada uma delas, afinal cada um de nós tem suas limitações, e a partir do momento que respeitamos cada uma delas passamos a ser muito mais felizes. Não é fácil agradar aos outros, Jesus não agradou e ainda não agrada a todos, e nem por isso deixou de ser feliz, nem por isso deixou de Amar.


Temos que entender que somos humanos, e que em nossa essência somos falhos, porém em constante busca pela perfeição, pelo menos assim deveria ser.


Sei que sofremos muito quando olhamos para alguém e somos obrigados a dizer: Como você me decepcionou.


Porém esquecemos que neste trajeto de vida, causamos este mesmo sentimento em muitas pessoas.


Contudo quando somos nós a causar a decepção mil e uma desculpas aparecem, a culpa nunca é nossa, quase sempre nós defendemos tentando empurrar para o outro a culpa pelo ocorrido, tentando aliviar desta forma o fardo que nos compete carregar.


É fácil olhar para o outro e falar que de alguma forma ele o decepcionou, porém não temos esta mesma capacidade para assumirmos nossas falhas e reconhecer que também decepcionamos muitas pessoas em busca de nossa suposta


Felicidade.
Cada um de nós tem sua história, tem sua página no livro da vida.
Tudo no mundo tem seu tempo, seu espaço,


e devemos respeitar estas regras se quisermos realmente ser felizes, pois se qualquer uma delas for esquecida ou desrespeitada fatalmente iremos nos decepcionar com alguém, com algo ou com nós mesmos.
Temos que aprender a esperar que as coisas aconteçam cada uma ao seu tempo, para assim podermos ser felizes sem decepção alguma, pois elas não acontecem mais cedo e menos ainda mais tarde.


Exigimos demais das pessoas e das situações que a vida nos impõe, mas nos esquecemos de que estas situações só ocorreram por escolha nossa, pois nada e absolutamente nada nessa vida acontece sem que nossas escolhas nos tenham levado aos resultados que colhemos.


Esta é a essência da vida, colhemos única e exclusivamente aquilo que plantamos, isto significa que os principais culpados por nossa decepção somos nós mesmos.


Perceber isto é fácil, Jesus, por exemplo, não esperava mais do que as pessoas podiam oferecer, e por isso, mesmo passando por todo seu calvário não se decepcionou com ninguém, e sua tranquilidade com esta situação era absoluta.


Somente alguém que sabe realmente controlar


cada um dos seus sentimentos é capaz de ser humilhado, agredido, chicoteado, flagelado, ter uma coroa de espinhos cravada em sua cabeça, ser pregado vivo em uma cruz, e ainda assim pronunciar a frase mais impactante na história


da humanidade: Pai perdoa, eles não sabem o que fazem.
Somente alguém com tamanha grandeza de espírito é capaz de falar algo assim depois de passar por tudo o que passou.


Ele não se decepcionou com ninguém exatamente porque sabia o que cada um podia dar, Ele conhecia o limite de cada um, e principalmente Ele sabia que foram suas próprias escolhas que o levaram ao fim que todos conhecemos tão bem.


Nunca culpe alguém de ter o decepcionado, primeiro pergunte a si mesmo se você não exigiu demais desta pessoa, se você não fez com que ela ultrapassasse seus limites.


Situações também podem nos causar decepção, porém neste caso o processo é inverso, pois se nos decepcionamos com algo e não alguém, é porque acabamos por exigir demais de nós mesmos.


Temos por obrigação que descobrir e acima de tudo respeitar nossos próprios limites, pois só assim poderemos entender, respeitar, e sofrermos menos quando entendermos


o limite do próximo.
Quando não entendemos nossas próprias limitações, acabamos por fazer coisas de que mais tarde iremos nos arrepender, ou que farão com que as pessoas se decepcionem conosco. Ter este autoconhecimento é primordial para que tudo flua com serenidade, sem tropeços ou enganos.


Quando exigimos demais de nós mesmos acabamos por nos entristecer com situações que nem seriam tão trágicas, mas que por nossa própria culpa acabam por se tornar um fardo difícil a se carregar.


Peguemos um exemplo simples, porém clássico; peguemos o fato de muitos jovens estudarem o ano inteiro em cursinhos, em escolas públicas ou particulares, continuarem estes estudos em suas casas, alguns ainda não felizes fazem aulas particulares de reforço, tudo com o objetivo de passar no tão sonhado vestibular.
Sem saber muitos destes jovens não entendem


que estão eles mesmos se condenando ao fracasso.
Sim, eles mesmos serão os culpados pelo fato de talvez não conseguirem passar, pois a cada vez que exigiam mais do que seu limite permitia, afastavam mais o sonho de passar, esta meta ficava mais distante.
O que precisa ser entendido e principalmente compreendido, é que os limites são infinitamente variáveis, cada um em sua individualidade deve saber até a onde pode e deve ir.


Aquilo que para alguns pode ser difícil de resolver, para mim pode ser feito de olhos fechados, e que algumas coisas que eu tenho dificuldade de realizar para outros pode ser apenas um passatempo a ser feito.


Temos que parar de fazer comparações do tipo: Nossa tal pessoa deve ser burra, pois já faz 2 horas que tá fazendo um teste que levei 45 minutos.
Aquele fulano deve ser lesado da cabeça, pois já expliquei 5 vezes a mesma tarefa e parece que ele ainda não entendeu.


Talvez ele não venha a entender nunca, afinal você pode ter delegado uma função a alguém que não tinha a capacidade de resolvê-la, e que, portanto o erro foi seu e não dele, já que ele está indo até aonde seu limite o permite, foi você que exigiu demais de uma pessoa que não podia, foi você que errou ao pedir que ela fosse além de seus limites.


Temos que compreender que todos somos diferentes, e que, portanto, nossos limites são diferentes, se entendermos isso pararemos de sofrer por decepções que nós mesmos criamos.

Aprendendo a Controlar SentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora