Dezesseis

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A despedida foi agridoce. Certamente, Kagome não sentiria falta dos hóspedes, em especial as fêmeas, com suas palavras venenosas e olhares jacosos. Por outro lado, ela sentiria falta de por as arrogantes youkais em seu devido lugar, ensinando-as que seu alto status não as tornavam melhor que ninguém. Em especial, ela tinha um desconforto crescente com o significado por trás daquela despedida.

Seu reiki, estava sob controle, ela podia senti-lo como um rio de águas calmas sob a pele. Quase dois meses depois, seus treinos com o lord youkai, mostrava-se de fato frutíferos, o que significava que ele havia cumprido com sua palavra e vendo os quatro yokais desaparecerem para além dos muros, ela sabia que também havia cumprido com a sua. Nada mais os prendia, sua presença ali não carregava significado ou necessidade.

A essa altura, Kagome, já havia aceitado que diferente da pequena casinha de madeira, onde passou os últimos anos, aqui, nessa imensa estrutura, ela quase se sentia em casa, não que ela fosse materialista ao algo semelhante, afinal o que fazia de um lugar seu lar, não era o chão em que pisava ou o teto sob o qual dormia, era as pessoas, aqueles que compartilhavam seu dia, momentos, palavras e sentimentos. Em certo ponto, enquanto se descobria e se refazia, ela se apegou, ela amou ao seu modo cada um daqueles que ajudaram naquele caminho. Ela não tinha pressa para partir, por isso, a miko reuniu toda a coragem que podia e marchou rumo a energia que a atria. Antes, ela pesou os pros e contras, não seria tão desastroso perguntar, quer sua resposta fosse negativa ou não, ela lidaria com as consequências.

Há um tempo, a miko já não estranhava a atração que seu poder tinha pelo dele, tornou-se natural e de certa maneira, reconfortante, assim como, constrangedor. Em realidade, muitos dos seus encontros tornaram-se mais incômodos. Antes havia todo um peso a se entender e deixar ir, agora que sua mente já não era tomada por pensamentos remetentes ao hanyo, ela estava super consciente.

Sesshoumaru tinha tornando-se mais agressivo, não no sentido violento da palavra. Ela já havia aprendido que ele não era um falador, seu temperamento era bastante divergente ao do meio-irmão, ele era dado mais a ação concreta que palavras supositorias. Ele esteve mais perto, ela fingiu não notar, mas dada ao número em constante crescimento de vezes era difícil deixar passar. Ele a tocava sempre que podia, fosse um toque de mão ao passar um objeto, fosse uma parada súbita - que muitas vezes pareciam proposital - a fazendo trombar nele. Ela estava começado a se por perturbada, de várias formas e se não fosse as promessas mantidas por ela e para ela, a miko já teria fugido, quando o signicado por detrás daquela mudança, ficava cada vez mais difícil de ser negado.

Não importava que ela tivesse tido toda uma sobrecarga de sentimentos recentemente, aqueles sempre seriam complicados de lidar. A diferença entre o antes e o agora, era a possibilidade de os encarar corretamente, sem subterfúgios.

Ela suspirou, parando em frente a família porta do escritório do inu-youkai. Oh, ela estava nervosa, bastante, para ser mais precisa. Ela já estava ali, então, Kagome enfrentou fosse o que fosse o crescente ser que a tomava, ainda sem nome e pertubadoramente em expansão. Antes que pudesse soar seu toque, entretanto, a porta foi aberta e ela se deparou com tons de ouro, a única janela para se entender o que aquele a sua frente sentia ou pensava.

- S-sshoumaru...- Ela gaguejou um pouco sem jeito, o simples pensamento dele a deixava nervosa, a presença dele, por outro lado, tornava tudo maior e ela ainda estava incerta quando a considerar bom ou ruim.

- Kagome.- Caramba! Ela estava pronta para fugir ou para sua completo desespero, derreter diante dele. O jeito que ele usou seu nome, carregava tanta familiaridade e algo mais cru e quente que fez seus dedos dos pés dobrarem e suas bochechas corarem.

Enquanto a olhava, ela não pode manter o contanto, mas era quase que como um toque, esquentou sua pele e fez coisas estranhas desabrocharem nela. Kagome sentia vontade de se dar um tapa, ela não era nenhuma adolescente cheia de hormônios e pensamentos românticos, contudo, ela também não era assim tão ingênua, era difícil de negar a atração. Ela era uma mulher, ela podia reconhecer, a quentura, a sensibilidade, o nervosismo, a fome e bem, Sesshomaru era difícil de se ignorar, quando ele não era um inimigo ou estava tentando matar seus companheiros (se ela fosse sincera, mesmo nesses momentos), ele era devastadoramente atraente. E ela precisava parar, se sentir atraída, desejar, não era perigoso, ela ainda podia ser racional, pois aqueles eram sentimentos passageiros, contudo, o perigo morava na possibilidade de que eles se tornassem outra coisa e ela não tinha certeza de que queria isso. Agora ela estava bem, mas ainda era muito cru, mesmo com sua recém descoberta força, Kagome tinha suas falhas e ela definitivamente não estava pronta para se aventurar em sentimentos tempestuoso tão rápido, ela não tinha vergonha em admitir que estava temerosa.

Agora ela estava em conflito, ela desejava ficar, ao mesmo tempo, sabia que para manter o controle, ela precisava se afastar.

- O que você deseja Kagome?- A voz dele a despertou de seus devaneios e a mergulhou mais na quentura sedosa.

Ela estava tão ferrada.

Uma série de maldições se desenrolou em sua mente, pois seu coração disparou. Aquela pergunta deveria soar normal e esperada, pois ela foi até ele, qualquer outro estaria interessado em saber o porquê de sua vinda, mas novamente, ele mudava e lhe surpreendia, pois aquela pergunta pareceu carregar mais do que simples curiosidade e ela, não pode deixar de notar o quão profundamente aquele sem nome já estava enraizado nela.

Kagome não sabia dizer quando começou, ela não notou e por mais que tentasse, não havia uma determinação. Ela podia dizer quando se deu conta dele, foi ao vê Sesshoumaru esperando por ela noites antes, quando ele a tomou em seus braços e a levou para os céus. Porém, naquele momento, já estava lá, as raízes já estavam se estendendo e ganhando seu lugar. Agora, quando ela sentiu seu toque, quando os dedos ele envolveram seu queixo e ergueu sua face, em uma exigência silenciosa para que ela deixasse de evitá -lo e seus olhos deslizaram pelo queixo, pelas marcas, pelos lábios, até se afogarem em dourados, foi tarde demais, pois o broto floresceu e se ela tentasse arrancar, ela sabia o quanto iria machucar e ela só podia esperar que não fosse ele a faze-lo.

- Eu desejo ficar.- Suas palavras é mais uma respiração que de fato som.

Certa vez ela pensou que estar com InuYasha era como ondas a desbotar na areia da praia, era belo por ser fugaz, ele vinha, acariciava suave sem nunca ser o suficiente, lhe fazendo apreciar e desejar, mas estava destinado a partir. Quando os lábios de Sesshoumaru subitamente desceram para os seus, ela se sentiu surpresa e então, ele a envolveu, seu braço a puxou, tomando sua cintura e a preendendo contra o peito, enquanto que o toque em seu queixo deslizou em uma carícia suave por sua face e se emaranhou em seus fios negros e os olhos dela fecharam e ela não pode deixar de pensar que Sesshoumaru era como o oceano. Está com ele era como se afogar, ela se perdeu nele, não importou o fôlego que se extinguia, tudo que ela conseguiu pensar era em como seus lábios delizavam nos dela. Quando foi demais e ele a deixou respirar, seus olhos se abriram meio bebados, ela o fitou e ele não a afastou. Kagome não conseguiu deixar de pensar, ela não se importava em se afogar, pois ali com ele, lendo as emoções expostas no mar de ouro, ela viu que ele também era a soma de promessas profundas, mistérios deslumbrantes e horizontes sem fim.

- Fique.- Foi sua única palavra e ela não pode deixar de sorrir.

Kagome estava certa, Sesshoumaru não era um ser de palavras, mas de ações. Se um dia ela precisasse, entretanto, ela sabia onde encontrar suas respostas, estava lá, no olhar dele, bastava saber onde buscar e ela já havia aprendido e certamente continuaria a aprender. Aquela simples palavra, era um pedido e uma promessa e agora, já não importava muito seus devaneios de "cedo demais", afinal, era tarde demais, ela já havia se pedido, quando seus lábios voltaram aos dela, ela se afogou, mas principalmente, ela ardeu e brilhou e ele havia visto os dois, mesmo assim, ele não a afastou ou a deixou ir.

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Notas da autora:

Quero agradecer a todos que acompanharam a história até aqui, esse é de fato o capítulo final. Porém, haverá um epílogo, ele sera um conjunto de drapples de acontecimentos que vieram depois.

Meu objetivo com a história era descrever o crescimento da Kah, não apenas como guerreira, mas principalmente como pessoa, mulher. Mostrar seu sofrimento decorrente de uma relação pouco saudável e o quanto é importante saber deixar ir, se redescobrir e amar a se mesma, independente de suas falhas. Por fim, quis passar o recomeço, que apesar do temor de tudo se repetir, é um outro passo importe, não desistir porque deu errado um vez, a vida continua e com ela sempre virá acontecimentos bons e ruins, que temer o ruim, só a impedirá de experimentar os bons.

Bem, eu não sou a melhor com explicações, mas era isso. Espero que tenham gostado, novamente, obrigada e até uma próxima. 😍❤

Travessia - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora