CHAPTER FIVE

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21 de dezembro

Fico pensando em como eu e minha mãe já estaríamos loucas com as compras em um dia desses. Meu pai estaria encarregue de montar a árvore de natal, pois éramos atrasados. Meu cachorro Max estaria correndo para lá e para cá. Engraçado que até um cachorro amava o natal, mas éramos uma família feliz e eu tenho saudades disso.

Passei a maior parte do tempo trancada no quarto, só pensando no olhar de raiva de Miranda enquanto a vida escapava de seu corpo, foi uma cena aterrorizante de ser ver, nunca pensei ver alguém morrer na minha frente.

Ao ouvir minha barriga roncar, levanto da cama totalmente sem ânimo e cansada para ir até a cozinha.

Cheguei até a cozinha e percebo o silêncio que se instalava, era como se eu tivesse sozinha. Abro a geladeira e tiro o suco de laranja, viro para o balcão e sirvo em um copo. Passei um minuto encarando o copo em minhas mãos, com um milhão de pensamentos me torturando.

Sinto duas mãos rodarem a minha cintura, me arrepiei, não esperando que meu corpo reagisse assim ao seu toque, me afastei dele rapidamente.

— O que você quer? — Pergunto com o maior ódio que sentia por ele.

— Ainda me parece irritada — Diz ele. Reviro os olhos.

— Você matou alguém, Bill.

— Miranda? Está longe de ser a minha primeira vítima — Diz com um sorriso fazendo meu estômago revirar.

Bill é pior do que eu pensava.

— Mas eu não quis matar ela, Ellie, lembra que foi você que decidiu isso.

— Pare de falar isso — Grito puxando levemente meus cabelos e começando a chorar — Você sabe que a culpa não foi minha, me obrigou a escolher. Você é um merda, Bill

Soquei seu rosto e me arrependi no mesmo instante. O sorriso em seu rosto se desfaz e seu semblante muda para raiva. Sinto sua mão enroscar em meus cabelos e os puxar para trás.

— Estou vendo que está com sede de saber como eu castigo — Aproximou seu rosto ao meu, me cheirando, como um cachorro farejando.

Bill passou sua mão ao meu lado para pegar algo, e pelo barulho da fricção de ferro com ferro, percebi que era uma faca. Tremi, implorando com o olhar pela minha vida.

— Quer ouvir uma história, Ellie? — Pergunta, mas eu não respondo — Senta aí.

Apontou para uma cadeira, fui me sentar sem contestar.

— Era uma vez, um garoto de 8 anos de idade que apresentava comportamentos estranhos para a sua idade, que em um dia foi flagrado pelo seu pai a matar seu próprio gato. Esse garoto foi levado à análises e foi diagnosticado com distúrbio mental e transtorno de bipolaridade, todos acharam que uma dose forte de medicamento resolveria o problema, mas tudo só foi piorando. Em um certo dia, quando esse mesmo garoto tinha já 20 anos de idade, ele viu uma garota, a mais linda que ele já havia conhecido e a única que ele não teve vontade de matar, ele jurou que aquela garota ficaria com ele, poderia até fazer o impossível.

—Bill...

— A garota mudou de cidade e o garoto ficou despedaçado, foi aí que o caos começou. O garoto começou a ver a morte de pessoas como uma fonte de consolar seu coração quebrado. Mas, agora com 29 anos, o garoto voltou a encontrar sua amada e prometeu a si mesmo não deixá-la escapar nunca mais e matar todos que tentarem machucar sua amada.

— Está falando de você mesmo, Bill — Digo assustada.

— Sim, Ellie. Eu prometi tornar você minha, só minha. — Diz tocando meu rosto.

— Não encosta em mim — Falo entre dentes. Ele afasta de mim e eu agradeço mentalmente — Eu quero ver Alan.

— Não precisa. Ele está bem, por enquanto.

— O que quer dizer com "por enquanto"?

— Quer dizer que se você fizer merda, Ellie, toda consequência caíra sobre ele.

À cada minuto eu me perguntava se era possível Bill me surpreender mais. Como um psicopata assim estava solto pelas ruas?

...

Acordo no meio da noite, totalmente desnorteada, levanto da cama e olho ao redor. Segui ao banheiro e fiz minhas higienes rapidamente.

Saí do quarto, evitando fazer o mínimo de barulho possível. Caminhava pelo longo corredor e paro em frente à uma porta que era o escritório de Bill. Abri lentamente e agradeço mentalmente por ele não estar, entrei em passos de gato e fechei a porta.

Segui até às gavetas e começando a abrir todas desesperadamente, até achar o meu celular. Sorri em meio ao desespero, desbloqueei e marquei logo o número da polícia. Roía as unhas impacientemente enquanto esperava atenderem a ligação.

— Ellie — Meu coração falhou ao ouvir a voz de Bill — Desliga.

Ergui o olhar com os olhos cheios de lágrimas após encerrar a ligação.

— Não — Digo ao ver Bill se aproximar.

Com toda a sua força me arrastou para fora do escritório e escada abaixo. Tentava me debater, mas não conseguia ir contra toda sua força.

— Bill, por favor.

Estávamos novamente indo para aquele quarto onde estava Ryan e seus amigos. O cheiro era o pior de todos, fazia meu estômago revirar. Bill abriu a porta e dou um grito com a cena. Ryan e os outros dois estavam na mesma posição, sentados e acorrentados, mas não pertenciam mais ao mundo dos vivos.

— Bill, não me deixe aqui, eu faço o que você quiser, mas por favor, não faça isso comigo.

— Tenha uma boa noite, Ellie — Diz me empurrando para dentro do quarto e trancando a porta.

Fui até a porta, começando a bater o mais alto que pude, gritando pelo seu nome, mas nenhum sinal de que Bill voltaria para me tirar daqui. Encostei minha testa na porta e comecei a chorar.

— Ellie — Ouço uma voz fraca soando em uma parte pouco iluminada do quarto — E-Elli...

— Alan? — Corri até ele — Meu Deus, você está bem?

— N-não. — Alan começou a tossir sangue. Me desesperei.

Levantei novamente e fui bater na porta.

— Bill. Alan está morrendo, precisa levar ele ao hospital — Digo, mas não obtenho resposta — Por favor, Bill.

— Não adianta, Ellie — Alan diz novamente e vou até seu lado — Eu não tenho mais muito tempo.

— Não, Alan, você tem que resistir — Minhas lágrimas caiam sem controle, como uma cachoeira — Fica comigo.

— Esse homem não tem sentimentos, não se deixe enganar. Continue lutando pela sua liberdade, nem que tenha que matar ele — Voltou a tossir sangue — Por favor, diga à Maria que eu amo muito ela.

Seu rosto virou levemente para o lado. Abracei mais forte seu corpo e chorando. Queria acreditar que era mentira, que não passasse de um sonho e a qualquer momento eu iria acordar.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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𝗽𝘀𝘆𝗰𝗵𝗼 ! bill skarsgårdOnde histórias criam vida. Descubra agora