bonsai

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boa leitura!
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Seokjin não se deu por conta, mas na manhã seguinte, ele não estava nervoso para ir ao trabalho. 

Estava empolgado. 

Não era como se estivesse saltitando pelos cantos, cantarolando músicas românticas com um sorriso idiota no rosto… Mas ele estava sim com um sorriso insistente nos lábios, e quando a hora de acordar chegara, quase saltara da cama. 

Seus pensamentos se dividiam entre acontecimentos da tarde anterior; Namjoon cuidando das flores, as mãos lidando com a terra. A conversa com o jardineiro, o jeito com que ele falava das plantinhas. Os olhos dele, seu sorriso... É, talvez não estivesse tão dividido assim, considerando que todos os pensamentos podiam ser resumidos em um único substantivo próprio: Namjoon. 

Por mais que parte de si tentasse insistir em sua insegurança, a outra parte era sorrisos, flores e momentos que não saíam de sua mente, e isso falava por si só. Uma mudança silenciosa havia acontecido com ele, como se efeito de um gás que entrara pela fresta da porta de seu quarto enquanto dormia. Acordara achando que estava tudo em seu estado normal, mas em seu interior, havia uma pequena (ou nem tanto) diferença.

E foi entre flores e sorrisos que Seokjin queimou seu café da manhã. Sentiu o cheiro antes de tudo, e ao olhar para baixo, não havia mais um omelete na frigideira, e sim algo tão queimado que ele mal conseguia identificar. Pegou o utensílio pelo cabo e colocou-o na pia, abrindo a torneira e enfim lembrando-se de desligar o fogão. 

O barulho de toda a movimentação fez com que RK e RJ, que tomavam um sol na janela, se aproximassem para olhar com curiosidade o que o dono fazia. Se gatos pudessem falar, eles diriam saber exatamente o que estava acontecendo com Seokjin. 

🌼

Na escola, Seokjin continuou esbarrando em Namjoon por acaso, e os sorrisos que direcionavam um ao outro continuavam sendo nervosos, porém agora, havia uma característica a mais: uma sutil, incompreendida, que praticamente passava despercebida, mas ainda sim, genuína, alegria. E Seokjin seguia atento a presença do jardineiro, mas não para evitá-lo, e sim porque queria vê-lo. 

Esperava ter uma chance para conversar com ele, mas nas vezes em que o encontrou, ou ele próprio estava atarefado demais, ou Namjoon estava cercado de pessoas. Foi o caso de quando se encontraram nos corredores, Jin ia apressadamente até a sala do segundo ano, e de quando se viram na sala dos professores no horário de intervalo dos funcionários. 

Seokjin poderia muito bem simplesmente procura-lo no jardim, onde sabia que ele estaria (e estaria sozinho), mas se recusava. Além disso, também fingia que não queria falar com o jardineiro, e quando não conseguiu mais fingir isso, o fez em relação aos motivos para querer falar com ele. É que simplesmente descobrira, por acaso, que Namjoon era uma pessoa… Agradável. Não tinha nada a ver com as rosas, com seus olhares, os sorrisos e a conversa do outro dia. Nada. Queria ir até o jardim apenas porque gostava do lugar. Sem relação alguma com o jardineiro. 

E foi dessa maneira que terminou o expediente envolto em frustração completa. Mas é claro que disse para si mesmo que só estava cansado, e seu desânimo se devia apenas a isso. 

Dirigiu até em casa, e esse foi provavelmente o único momento em que conseguiu se concentrar em algo externo a si. Para seu próprio bem, forçou-se a manter sua mente na estrada. Ao chegar, largou suas coisas na sala e foi para o banho. Iria jantar com Hoseok e Yoongi naquela noite, então tentou melhorar seu humor para, pelo menos, não estragar o clima para os amigos. 

Seokjin desejou que a água organizasse o caos e toda a negação que ele era, e mesmo com os pensamentos organizados, não os queria, podiam ir embora ralo abaixo. Mas não foram. 

Flor do diaOnde histórias criam vida. Descubra agora